Fundado em 29 de julho de 1925 por Irineu Marinho, O GLOBO chega em 2025 ao centenário — a ser completado daqui a exatos cem dias — com sua trajetória festejada de diversas formas. Ao longo dos próximos meses, livros, exposições, debates, documentário, reportagens e cadernos especiais vão lembrar ao leitor como O GLOBO, em sua constante busca pela inovação, se tornou o maior jornal do Brasil e ajudou a entender o país e o mundo. Da economia à cultura, da política aos esportes, da ciência às transformações na vida diária, são muitas as histórias contadas no papel e nas plataformas digitais do GLOBO que, indo além do ofício de informar, também criou, abraçou e ajudou a impulsionar diversas iniciativas em prol da sociedade.
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— O GLOBO nasceu comprometido com o leitor, tanto nos grandes temas, quanto nos problemas cotidianos. É esse o legado de Irineu Marinho, nosso fundador, e de Roberto Marinho, seu filho que guiou a empresa por décadas. E é a partir do exemplo deles que vamos aproveitar o centenário para resgatar histórias do passado do Brasil e do mundo e também para debater como será o futuro — diz Alan Gripp, diretor de redação do GLOBO.
Semente do maior grupo de comunicação e mídia do país, o jornal, inaugurado quando o Rio de Janeiro ainda era a capital federal, acompanhou atento o vertiginoso avançar do século XX, prenúncio de um ainda mais frenético século XXI. Em julho, um caderno especial vai mostrar como O GLOBO fez e continua a fazer parte dessa história, informando e refletindo sobre os rumos da nação à luz do que Roberto Marinho escreveu em editorial publicado em 29 de julho de 1985: “Ao rememorar a trajetória do GLOBO, reconhecemos que parte da missão está cumprida. Mas o nosso trabalho recomeça a cada dia. E o Brasil com que sonhamos e para o qual este jornal foi fundado ainda não se tornou realidade”.
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Até lá, reportagens diversas vão lembrar ao leitor como fatos marcantes no país e no mundo, em todas as áreas — de planos econômicos a shows memoráveis — foram cobertos pelo jornal, pautaram debates, e se desdobraram até hoje. Como a vida é feita igualmente de pequenas histórias, também vamos mergulhar no vasto acervo do GLOBO para resgatar casos que temperaram o cotidiano com humor, delicadeza, curiosidade ou lágrimas de emoção.
A memória também guia dois livros em torno do centenário, ambos com lançamento previsto para o início de julho pela Globo Livros. “Um século de histórias — O Brasil e o mundo pelos olhos do maior jornal do país”, com curadoria da jornalista e colunista Míriam Leitão, reúne 11 textos que apresentam um panorama dos últimos cem anos contados por autores que fizeram e fazem parte da história do jornal. Além de Míriam, Ancelmo Gois, Agostinho Vieira, Arthur Dapieve, Ascânio Seleme, Cora Rónai, Flávia Oliveira, Lauro Jardim, Merval Pereira, Pedro Doria e Toninho Nascimento ajudam a mostrar como a trajetória do GLOBO se entrelaça à trajetória do país em áreas e momentos diversos.
— O mais interessante do livro é que conseguimos fazer o que é o espírito de um jornal. Jornal é uma obra coletiva, em que muitos textos se juntam para contar o dia. Em que não há ensaio. Fizemos isso no livro — conta Míriam. — Cada um dos autores se debruçou sobre um século do GLOBO por um ângulo. Quando juntamos as peças, surgiu a unidade e também a diversidade. O livro é resultado desse múltiplo olhar. Acho que os leitores vão gostar e sair da leitura com muita informação.

A segunda obra apresentará ao público uma seleta de crônicas de grandes nomes que passaram pelo jornal, como Nelson Rodrigues, Elsie Lessa, João Ubaldo Ribeiro, Fernanda Young, Rubem Braga, Antonio Maria, Artur Xexéo e Cacá Diegues.
Idealizadora do projeto, Maria Amélia Mello, nome respeitado no mercado editorial, reuniu cem textos de estilos e temas diversos que mostram, segundo ela, como O GLOBO é “testemunha e contemporâneo da crônica moderna, a partir dos anos 1930, que conhecemos hoje”.
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— Líricos, cômicos, irreverentes, comoventes, reflexivos, tristes ou reveladores, estão todos afiados — diz Maria Amélia, que contou com a parceria da historiadora e pesquisadora Cláudia Mesquita na seleção dos textos e organização do volume. — Em seu conjunto, eles nos oferecem a percepção sensível das mudanças ocorridas em cem anos, aqui e no mundo.
Outros projetos vão marcar o centésimo aniversário do GLOBO. Entre os dias 10 de julho e 10 de agosto será apresentada, na Casa Roberto Marinho, instituto cultural criado em 2018, a exposição “Um século de inovação”. Composta por fotografias, vídeos e objetos, a mostra — que no dia 21 de agosto seguirá, em outro formato, para o Salão Negro do Senado, em Brasília — repassa a trajetória centenária lembrando iniciativas que pautaram a relação do jornal com os leitores, com a cidade, com o país. Desde a campanha pela construção do Maracanã à criação, em 1972, do Projeto Aquarius, que leva música clássica e popular para as multidões. Aliás, um Aquarius especial, em julho, também integrará a programação festiva.

Julho ainda será o mês de lançamento da série documental “Um século de GLOBO”, criada pelo jornalista Pedro Bial, também responsável pela direção geral. A produção (da TV Globo, do Globoplay e do GLOBO), que será exibida em quatro capítulos na TV aberta e ficará disponível na plataforma de streaming, reconstitui a história do jornal desde sua fundação, em 1925, até os dias de hoje. Unindo minuciosa pesquisa à alta tecnologia, a equipe reconstruiu, inclusive, três redações de épocas distintas. Os cenários emocionaram os jornalistas que passaram por elas e deram seu depoimento à equipe de Bial.

Além da cuidadosa reconstituição, o documentário traz também elementos de dramaturgia, com atores vivendo personagens, como o próprio Roberto Marinho, para recontar episódios importantes da trajetória do GLOBO. O jornalista e empresário, que criou um conglomerado de comunicação englobando rádios, TVs, editoras e liderou o jornal até sua morte, em 2003, é vivido em duas fases distintas. Mais jovem, é interpretado por Eduardo Sterblitch; mais velho, ganha a face de Tony Ramos.
O ator, porém, mostra a pele de Roberto Marinho antes mesmo da estreia do documentário. No fim de semana, apareceu na novela “Garota do momento” visitando uma emissora, em 1958, em busca de inspiração para a futura TV Globo. Na segunda-feira, dia 28, ele participa do show que marca os 60 anos da TV Globo, lembrando os caminhos que o levaram à construção do maior centro de produção de conteúdo televisivo da América Latina, o Projac, hoje conhecido como Estúdios Globo.