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sexta-feira, abril 25, 2025

Conheça quatro rótulos da espanhola Torres, uma das cinco marcas de vinhos mais admiradas do mundo

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BEntre as cinco marcas de vinhos mais admiradas do mundo, a Familia Torres tem mais de 150 anos de vida. Nascida na Catalunha, a vinícola produz seus rótulos naquela região e também em outras áreas da Espanha. No portfólio, estão vinhos que revelam a alma dos lugares onde são elaborados, seja pela história que contam, seja pela escolha das uvas:

— Como sommelière, diria duas palavras para definir os vinhos da Torres: consistência e elegância. Consistência para poder produzir os vinhos que produzimos há 150 anos, com qualidade, estilo e equilíbrio. Os clientes conseguem detectar essas características quando os bebem, é algo muito único. Para buscar elegância, estamos trabalhando duro na vinha. O trabalho feito hoje é muito específico, com os tempos de colheita e de manejo da vinha, além das técnicas de vinificação — afirma Brenda Sanchez, embaixadora mundial da Torres, em visita ao Brasil.

Branda Sanchez com o vinho Familia Torres Milmanda — Foto: Cláudia Meneses / Agência O Globo

Brenda conta que a Torres é uma vinícola 100% familiar. Miguel Agustín Torres, com quase 84 anos, passou o legado para os filhos, a quinta geração:

— Ele ainda viaja para alguns lugares do mundo, mas são seus filhos, Miguel e Mireia, que estão no comando da vinícola hoje. A história da família, embora digamos que tenha 154 anos, remonta a 1856, pois há evidências históricas de que a produção de vinho já era realizada naquela época. E então, ao longo dos anos, geração após geração, eles transmitiram todo esse conhecimento e herança para se tornarem o que hoje é a vinícola mais admirada e reconhecida do mundo.

A Torres é uma família catalã, que tem origem em Penedés, na região da Catalunha. Penedés é uma denominação de origem de vinhos da Catalunha, ao Sul de Barcelona, com duas fronteiras naturais: o mar e a montanha.

— Isso nos permite plantar e produzir vinhos de alta qualidade que realmente distinguem e surpreendem o mundo hoje. Hoje produzimos não apenas variedades internacionais, pelas quais somos reconhecidos, como o Cabernet Sauvignon, com o nosso vinho emblemático, o Mas La Plana; ou o Milmanda, o melhor Chardonnay da Espanha.

Brenda acrescenta que a Torres tem ainda projetos muito pequenos, com variedades locais, ancestrais ou pré-filoxéricas. É o caso dos vinhedos com as uvas Forcada, Gonfaus e Moneu. A filoxera foi uma praga que destruiu vinhedos na Europa no século XIX.

— Temos ainda vinhedos únicos em Rías Baixas, na Galícia, no Norte do país, com o Pazo das Bruxas, e Pago Del Cielo, na Ribera del Duero. Ao mesmo tempo em que a família manteve todas as suas tradições e se concentrou nessa história familiar para ser passada de geração em geração, também foram as novas gerações, Miquel e Mireia, que ampliaram essa visão, esse panorama, para abrir um pouco mais o horizonte em outras regiões fora da Catalunha.

O Albariño Pazo das Bruxas — Foto: Reprodução @familiatorres1870
O Albariño Pazo das Bruxas — Foto: Reprodução @familiatorres1870

Da Galícia, Brenda apresentou o Albariño (uva conhecida como Alvarinho em Portugal e no Brasil) Pazo das Bruxas, um projeto da quinta geração da Torres:

— Quando os filhos começaram o projeto, disseram: genial, fazemos vinhos muito bem na Catalunha, por que não procuramos vinhos únicos, com variedades icônicas da Galícia? Daí surgiu esse Albariño. O que queremos fazer é expressar essa pureza. É um vinho muito Atlântico. Os vinhedos estão muito perto do mar, com solos salinos e graníticos. Vemos essa pureza, frescura e salinidade na boca. Ele tem muita complexidade no nariz e na boca.

Ela afirma que é um vinho versátil como aperitivo e para acompanhar também diferentes harmonizações com pescados, mariscos e saladas.

O Chardonnay Milmanda — Foto: Reprodução @familiatorres1870
O Chardonnay Milmanda — Foto: Reprodução @familiatorres1870

Já o Milmanda é um Chardonnay da região de Conca de Barberá, uma subdenominação da Catalunha.

— É um vale muito verde, onde antes, no passado, se fazia uma variedade tinta. A Trepat era usada em vinhos que não tinham muita complexidade. Depois, se começou a cultivar mais a Chardonnay, que resulta em vinhos de muita qualidade. O rótulo do Milmanda mostra um castelo, que hoje pertence à Torres. Toda essa área foi descoberta pelos monges. Temos ali um monastério, o Mosteiro de Poblet.

O Milmanda foi elaborado pela primeira vez em meados da década de 1980 como uma homenagem aos monges cistercienses que chegaram à região vindos da Borgonha. Essa região da França é conhecida pelos melhores Chardonnays do mundo:

— É feito com uvas de vinhedos antigos, plantados nos anos 1980. Tem envelhecimento em madeira, é muito equilibrado. Apresenta muita textura, riqueza e elegância.

O Castelo de Milmanda, hoje propriedade da espanhola Torres — Foto: Reprodução do site https://www.torres.es
O Castelo de Milmanda, hoje propriedade da espanhola Torres — Foto: Reprodução do site https://www.torres.es

O tinto Purgatori é elaborado na região de Coster del Segre, também na Catalunha. Brenda explica que se trata de uma denominação de origem muito pequena e relativamente nova em termos em Espanha.

— Ela é nova em comparação com Rioja, por exemplo, uma das mais antigas, de 1925. Também é uma denominação um pouco desconhecida, mas que produz vinhos de alta qualidade. É uma das regiões mais extremas da Catalunha. É uma das mais continentais, com invernos muito rigorosos que podem chegar a -10 graus Celsius e verões muito quentes e muito secos, com temperaturas que chegam a 40 graus. Há muita diferença entre o dia e a noite. O dia e a noite podem ter até 20 ou 25 graus de diferença. Isso torna os vinhos únicos. Os solos são muito calcários, há muita areia, calcário, giz, o que se percebe nos taninos.

O vinho tinto Purgatori, da Torres — Foto: Divulgação / https://www.torres.es/
O vinho tinto Purgatori, da Torres — Foto: Divulgação / https://www.torres.es/

Ela disse que as variedades mais plantadas são as que se adaptaram a esse clima rigoroso: a Cariñena e a Garnacha.

— A Garnacha fornece fruta, frescor, acidez. É muito vibrante, suculenta,com muitas frutas vermelhas e pretas combinadas. Já a Carignan é uma variedade mais rústica, mais robusta, que confere intensidade, corpo, tanino e cor. Juntas, elas fazem essa mistura perfeita, que é o Purgatori. Ele tem 85% de Garnacha e 15% de Cariñena. Buscamos essa fruta, esse perfil mais frutado, mais frescor, mas sem perder essa concentração, essa intensidade que a Cariñena pode proporcionar.

Brenda revela que a história do Purgatori remonta ao século XVIII, com monges cartuxos que vieram na França e se estabeleceram na Catalunha:

— Esses monges procuraram lugares onde pudessem estabelecer sua ordem e que estivessem perto de comida, grãos, animais e água. Foi assim que eles descobriram um pouquinho dessa região. Nós temos as montanhas de Montserrat. Nelas, está o Mosteiro de Montserrat, um lugar único. O acesso se dá por teleférico. Quando você sobe no teleférico, vê a montanha imponente e o mosteiro no meio.

Purgatori é uma propriedade histórica de Les Garrigues, com condições excepcionais para a viticultura — Foto: Divulgação / https://www.torres.es/
Purgatori é uma propriedade histórica de Les Garrigues, com condições excepcionais para a viticultura — Foto: Divulgação / https://www.torres.es/

Em 1770, foi construído um lugar chamado Finca el Desterrado, que em catalão seria Los Desterrados, Finca de los Desterrados.

— O propósito desse lugar era enviar monges que tinham se comportado mal, que tinham que purgar suas tristezas, limpar suas almas, pagar pelo que tinham feito de errado. Eles eram enviados para aquele lugar inóspito. Tinham que trabalhar a terra, colher grãos, azeite e vinho.

Quando a família Torres começou a pesquisar sobre essa propriedade, descobriu a história dos religiosos e do vinho que produziam:

— Eles quiseram saber mais sobre a propriedade, os monges do Mosteiro de Montserrat. E a família Torres quis contar essa história aos monges, prestar homenagem aos religiosos, que foram os primeiros a fazer esse vinho — revela Brenda.

O Purgatori começou a ser produzido pela Torres em 2012 e, segundo Brenda, é uma pequena joia.

— Há uma curiosidade no o rótulo: são anjos segurando um barril. Ao fazer a pesquisa sobre o vinho, foram encontrados registros das quantidades de vinho que os monges enviavam ao mosteiro. Cada vez que eles enviavam os barris, eles tinham quantidades padrão, mas sempre faltava. Um monge que explicou essa história para a Torres disse: “o vinho devia ter sido tão bom que os anjos o levaram para o céu”. Por isso que foi decidido que o rótulo teria esses anjos levando o barril embora.

Brenda conta que o vinho é de uma região um pouco desconhecida:

— É um vinho que tem muita intensidade, muita concentração. É muito redondo, com muita fruta, muita expressão frutada, é um tanino muito sedoso, mas não perde a sua leveza, a sua pureza e a sua acidez. Isso o torna perfeito para combinar e harmonizar com diferentes tipos de carnes, desde carpaccio até alguns tipos de pratos de cozimento longo.

O tinto espanhol Mas La Plana — Foto: Reprodução / @familiatorres1870
O tinto espanhol Mas La Plana — Foto: Reprodução / @familiatorres1870

O Mas La Plana é o vinho mais emblemático da Torres. Brenda diz que ele abriiu portas para a marca no mercado mundial:

— Não é o vinho mais caro da casa, mas é o mais icônico. É 100% Cabernet Sauvignon e está na 19ª safra. Essa história começa oficialmente em 1970, mas na realidade foi em 1960 que Miguel Agustín Torres decidiu plantar as vinhas de Cabernet Sauvignon em Penedés.

Brenda lembra que Miguel havia retornado da França e surpreendera o pais com um pedido para plantar Cabernet Sauvignon.

— O pai perguntou a ele por que plantar Cabernet Sauvignon quando se tinha variedades locais como Cariñena, Garnacha e Tempranillo, que são muito boas. Mas Miguel é um grande visionário e acreditou no potencial na região de Penedés para fazer grandes vinhos sem invejar os vinhos franceses.

O vinhedo Mas La Plana, no coração de Penedès — Foto: Reprodução / @familiatorres1870
O vinhedo Mas La Plana, no coração de Penedès — Foto: Reprodução / @familiatorres1870

Entre 1962 e 1965, as primeiras vinhas de Cabernet Sauvignon foram plantadas em Penedés, um pouco contra o pai, que não ficou feliz com a decisão.

— Em 1970, foi produzida a primeira safra de Mas La Plana, que naquela época era Gran Corona Black Label. Tinha 80-85% de Cabernet Sauvignon e um pouco de Tempranillo.

Em 1979, o Mas La Plana foi apresentado em uma degustação às cegas em Paris, organizada por uma revista, contra os melhores blends de Bordeaux:

— Quem ganhou? O Gran Corona, Black Label, 1970. Foi aí que todo mundo começou a se perguntar onde ficava Penedés e o que era Mas La Plana. Coloque-se em contexto. Década de 1970, Paris, França, os melhores Bordeaux do mundo e um Cabernet Sauvignon, espanhol, catalão, em uma garrafa da Borgonha, e supera todos eles. Os franceses não conseguiam acreditar. Foi nesse ponto que a história de Penedés começou a ser escrita.

Brenda Sanchez explica que a Torres tem 29 hectares com vinhedos de Cabernet Sauvignon, parte deles plantada nos anos 1960, 1970:

— Sempre dizemos que o Mas La Plana não é uma mistura de variedades, mas sim uma mistura de parcelas, porque esses 29 hectares são trabalhados de forma muito diferente. Existem 11 parcelas distribuídas em Penedés de diferentes maneiras, com vinhedos velhos, diferentes exposições. Ele é um Cabernet Sauvignon muito mediterrâneo, expressivo, suave e sedoso. É redondo no paladar, com um toque balsâmico, muita fruta preta, intenso, longo e extremamente gastronômico.

Vinhedo da vinícola catalã Torres — Foto: Divulgação
Vinhedo da vinícola catalã Torres — Foto: Divulgação

Os vinhos da Torres são trazidos para o Brasil pela Berkmann Wine Cellars. Os preços são: Pazo Das Bruxas Albariño – R$ 299,90; Milmanda – R$ 694,90; Purgatori – R$ 464,90; e Mas de Plana – R$ 899,90.

[Fonte Original]

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