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sexta-feira, abril 25, 2025

Na África do Sul, as cavernas apontadas como ‘berço da humanidade’ são reabertas à visitação

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Explorar as cavernas de Sterkfontein, reabertas esta semana na África do Sul, é como seguir os passos de ancestrais com mais de um milhão de anos em um sítio arqueológico conhecido como o “berço da humanidade” pela quantidade de fósseis de Australopithecus encontrados ali.

Sentado sobre sacos de areia, Itumeleng Molefe remove a terra com um pincel em busca de pistas ocultas nesse local declarado Patrimônio Mundial da Unesco. Perto dele, os visitantes se encantam com as estalactites de milhões de anos que pendem do teto.

Localizadas a 50 km a noroeste de Joanesburgo, as cavernas foram fechadas há cerca de três anos devido a uma inundação e reabriram na terça-feira (15/4), com uma nova proposta: aproximar os turistas da ação científica.

Estudantes universitários caminham pelas cavernas de Sterkfontein, conhecidas como ‘berço da humanidade’, nos arredores de Johanesburgo, na África do Sul — Foto: Emmanuel Croset / AFP

O complexo está situado dentro do Sítio Patrimônio Mundial Berço da Humanidade, uma rica fonte de objetos e ossadas estudadas por paleontólogos desde sua descoberta.

— Meu objetivo é encontrar ossos importantes aqui — comentou Molefe, de 40 anos.

Sua descoberta mais valiosa desde que se juntou às escavações em 2013 foi o osso da mão de um antigo ser humano. Seu pai integrou a equipe responsável por revelar a descoberta mais famosa da África do Sul nas cavernas: um esqueleto apelidado de Little Foot (“Pé Pequeno”).

O nome deriva do tamanho dos ossos encontrados nos anos 1990, e trata-se do espécime mais completo de um ancestral humano já encontrado, com idade estimada entre 1,5 e 3,7 milhões de anos.

Little Foot pertence a um ramo da família humana chamado Australopithecus (“macaco do sul”), considerado ancestral dos humanos modernos, com uma combinação de características símias e humanas.

— Essa reabertura representa uma evolução importante na forma como compartilhamos a história das origens humanas — afirmou Nithaya Chetty, reitor da Faculdade de Ciências da Universidade de Witwatersrand, que administra as cavernas e o museu vizinho. — Os visitantes agora têm oportunidades únicas de interagir com a ciência e a pesquisa em tempo real.

Antes da pandemia de Covid-19, as cavernas recebiam até cem mil turistas por ano. O fechamento deixou um sentimento de tristeza, contou Dominic Stratford, professor de arqueologia da Universidade de Witwatersrand, ao lembrar dos ônibus cheios de crianças em excursão escolar.

— Todos sentíamos que algo estava faltando — declarou à AFP.

No museu, foi instalada uma exposição temporária de fósseis, onde os visitantes podem ver a “Senhora Ples”, o crânio mais completo de um Australopithecus africanus, encontrado em 1947 na África do Sul. Trevor Butelezi gesticula em direção a uma passagem que leva a um lago subterrâneo enquanto guia visitantes pelos 2,5 km de cavernas.

— É realmente uma cavidade linda. A África é o berço da humanidade, e isso não é pouca coisa — disse o guia turístico de 34 anos, cuja voz ecoa suavemente pelas paredes, parafraseando uma citação do paleontólogo sul-africano Phillip Tobias.

Por ora, quem quiser ver o esqueleto original de Little Foot terá de esperar até o mês do patrimônio, em setembro. O esqueleto, que levou dois meses para ser escavado e montado, só é exibido em ocasiões especiais.

[Fonte Original]

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