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quarta-feira, maio 14, 2025

Gelo da Antártida guarda ar de até cinco milhões de anos atrás

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Um grupo de cientistas encontrou na Antártida um núcleo de gelo com bolhas de ar que podem ter mais de cinco milhões de anos. Assim como um inseto preso no âmbar, esses núcleos funcionam como cápsulas do tempo, preservando amostras da atmosfera do passado, como gases, poeira, cinzas de vulcões e fuligem de incêndios florestais.

Em poucas palavras:

  • Cientistas acharam gelo antártico com bolhas de ar de até cinco milhões de anos;
  • As bolhas preservam o clima antigo e ajudam a prever mudanças futuras;
  • O objetivo é investigar o Plioceno, época em que o planeta era mais quente e o dióxido de carbono mais elevado;
  • Camadas indicam que o gelo resistiu ao derretimento mesmo em épocas quentes;
  • A equipe planeja novas coletas para entender melhor o clima e os avanços glaciais.

Ao estudar as bolhas de ar, os cientistas conseguem entender como era o clima da Terra em diferentes épocas. Também é possível prever como o clima pode se comportar no futuro. Por isso, encontrar gelo antigo é tão importante. Até pouco tempo, a amostra mais velha recuperada na Antártida tinha cerca de 800 mil anos. Era muito útil, mas ainda não cobria o período que os pesquisadores queriam investigar.

Faixas claras e escuras se alternam como anéis de árvores neste núcleo de gelo. Vários pares de luvas são necessários para manusear o material. Crédito: Erich Osterberg via NOAA

O objetivo dos cientistas é estudar o período chamado Plioceno, que ocorreu entre 5,3 e 2,6 milhões de anos atrás. Nessa época, as temperaturas da Terra e os níveis de dióxido de carbono eram mais altos do que os de hoje. Entender como o planeta se comportava nessa época pode ajudar a compreender melhor o aquecimento global atual.

A equipe decidiu procurar gelo antigo fora das áreas tradicionais de perfuração, onde o gelo é mais espesso. Eles foram até o Vale Ong, nas Montanhas Transantárticas, e retiraram um núcleo de gelo com quase 10 metros de comprimento. A amostra era rica em detritos e poderia conter registros de milhões de anos atrás.

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Como os cientistas descobriram a idade do gelo na Antártida

Para saber a idade do gelo, os cientistas usaram uma técnica chamada datação por nuclídeos cosmogênicos. De acordo com o Serviço Geológico dos EUA (USGS), esses nuclídeos são átomos produzidos pela interação de raios cósmicos com materiais da superfície da Terra. Quanto mais nuclídeos acumulados, mais tempo aquele material ficou exposto próximo à superfície.

Segundo um comunicado, a análise revelou duas camadas principais de gelo. A primeira, mais superficial, tem cerca de 2,95 milhões de anos. A segunda, localizada abaixo, é ainda mais antiga: entre 4,3 e 5,1 milhões de anos. Isso confirma que o núcleo preserva períodos importantes do Plioceno, incluindo possíveis momentos de avanço das geleiras.

Perfuração para retirada de um núcleo de gelo da Antártida. Crédito: Pises Tungittipokai – Shutterstock

Essas descobertas sugerem que, mesmo durante períodos quentes do passado, partes do gelo da Antártida não chegaram a derreter completamente. Isso pode indicar que a camada de gelo era mais resistente do que se pensava. A equipe também encontrou sinais de que houve pelo menos dois avanços glaciais no Vale Ong nesse período.

Embora os dados ainda sejam preliminares, os cientistas acreditam que a amostra representa uma das mais antigas já estudadas. Eles planejam coletar mais núcleos e aprofundar a análise para entender melhor o comportamento do gelo e do clima há milhões de anos. 

[Fonte Original]

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