Publicado em 1872, o romance Til, de José de Alencar, retrata o cotidiano de uma fazenda no interior de São Paulo durante o século XIX, inserindo-se na fase chamada de regionalista do autor, segundo a história crítica literária. Ao longo de suas 200 páginas, nós leitores acompanhamos a protagonista, Berta, conhecida como Til, uma heroína romântica que simboliza a bondade e o sacrifício, refletindo os arquétipos da sociedade brasileira daquela época. O romance apresenta uma clara divisão social, com aristocratas, grandes latifundiários e escravocratas de um lado, e escravos e pessoas humildes do campo do outro, evidenciando a ausência de uma classe média tanto nas áreas rurais quanto nas cidades. Til, filha bastarda do fazendeiro Luis Galvão, vive após a morte da mãe sob os cuidados de Sinhá Tudinha e seu filho Miguel. Sua beleza e graça conquistam o carinho de todos ao seu redor, incluindo aqueles marginalizados pela sociedade. Ao longo da narrativa, Berta exerce uma influência significativa sobre as outras personagens, consolidando seu papel central na estrutura do enredo e refletindo as complexidades das relações sociais e afetivas do contexto em que está inserida.
Esse é um dos romances onde o autor se distancia da modernidade que começava aos poucos a avançar no contexto fluminense, para delinear a sua ideia de Brasil, mesmo que em muitos casos, como O Gaúcho, Alencar sequer tenha visitado os territórios mencionados, apropriando-se de relatos e documentos da época para composição dos cenários e costumes de seus personagens, algo criticado posteriormente pelos empenhados no projeto modernista das primeiras décadas do século XX. A ação de Til, ambientada na Fazenda das Palmas, em Campinas, se desenrola a partir de 1826 e é dividida em duas partes. Na primeira metade, somos apresentados a Berta, a heroína romântica que, apesar de suas boas intenções, utiliza sua influência e bondade para manipular as outras personagens. Essa seção estabelece as tramas e as dinâmicas entre os personagens, destacando as contradições no comportamento de Berta.
Na segunda parte do romance, as tramas se desenrolam e revelações importantes surgem, trazendo um significado mais profundo e subjetivo aos cenários. É nesse contexto que Berta descobre a verdade sobre a morte de sua mãe e as consequências disso. O desfecho é surpreendente, com Berta escolhendo abrir mão de sua própria felicidade em benefício das outras personagens. Narrado em terceira pessoa por um narrador onisciente neutro, que revela os pensamentos e planos dos personagens sem interferências, apresentando a narrativa a partir de sua perspectiva única, o enredo nos expõe diante da protagonista Berta, como já mencionado, conhecida como Til, é uma heroína romântica que simboliza a bondade e o sacrifício, refletindo os arquétipos da sociedade brasileira daquela época. Em sua escrita, o autor apresenta uma evidente divisão social, com aristocratas, grandes latifundiários e escravocratas de um lado, e escravos e pessoas humildes do campo do outro, evidenciando a ausência de uma classe média tanto nas áreas rurais quanto nas cidades.
Til, filha bastarda do fazendeiro Luis Galvão, vive após a morte da mãe sob os cuidados de nhá Tudinha e seu filho Miguel. Sua beleza e graça conquistam o carinho de todos ao seu redor, incluindo aqueles marginalizados pela sociedade. Ao longo da narrativa, Berta exerce uma influência significativa sobre as outras personagens, consolidando seu papel central na estrutura do enredo e refletindo as complexidades das relações sociais e afetivas do contexto em que está inserida. Com esse e outros romances de sua vasta produção literária, o projeto de Alencar ressoou gerações posteriores de escritores. Salvaguardadas as devidas proporções, a sua abordagem do nacionalismo, da representação do Brasil e das complexidades de sua sociedade deixou marcas profundas na literatura brasileira, levando a uma continuação do debate sobre a identidade nacional até os dias atuais. Sua escrita, deflagradora do pensamento de sua época, foi crucial para o desenvolvimento de uma literatura que não só refletia a realidade brasileira do século XIX, mas também ajudou a moldar a identidade nacional que se buscava construir naquele momento histórico. Tudo foi repensando pelos modernistas posteriormente e, hoje, até mesmo os integrantes da Semana de 22 estão sendo reavaliados. Isso é parte do organismo vivo que a literatura representa, sempre transformadora. E, mesmo com seus equívocos, Alencar entregou uma contribuição espetacular para a radiografia de nossa história cultura, social e política.
Til (Brasil, 1872)
Autor: José de Alencar
Editora: Ática – Série Princípios
Páginas: 199