- ATENÇÃO: Esta crítica corresponde às três primeiras edições do arco
Como sequência de Star Wars: Episódio VIII – Os Últimos Jedi, e com o desenho concreto de Kylo Ren após A Ascensão de Kylo Ren, já bem definido, aos trancos e barrancos, pelo escritor Charles Soule; Legacy of Vader parece bem acabada e preparada para preparada para funcionar como HQ para algo bem importante: Ben Solo conhecendo o passado real de seu avô, Anakin Skywalker, chegando ao auge de sua maturidade como aprendiz de Palpatine.
A primeira edição evoca perfeitamente o cenário do novo Supremo Líder Kylo Ren, após a morte de Snoke. Kylo Ren está enraivecido, parecendo uma criança perturbada após a humilhação sofrida por Luke Skywalker. Charles Soule não está escrevendo essa HQ apenas por conhecer bem Darth Vader nas primeiras edições escritas da Marvel em 2015, mas por agora ser considerado o roteirista-chave para contar o que o Story Group da Lucasfilm quer, alinhada ao cânone.
Nesse quesito, diferente de A Ascensão de Kylo Ren, que tenta compensar falhas dos filmes, essa HQ busca contar algo novo, mesmo que sirva para justificar por que Ren está tão concentrado em sua missão de conhecer os Sith e libertar Darth Sidious da morte. Além disso, o artista Luke Ross evolui muito o texto de Soule. Ele se encaixa perfeitamente nos flashbacks e memórias de Ren em conflito com o presente mimado do protagonista, diferente do avô, ex-escravo de Tatooine.
Charles Soule começou escrevendo bem, porque pega o gancho do Episódio VIII, e cria um mistério bom de Kylo ir para Tatooine. Porém, tudo na segunda edição é tão “wikipedizado” que soa até galhofeira a maneira como Ren quer apenas apagar o passado e vingar o avô. Depois de Ren encontrar o servo de Vader em Mustafar, Vaneé, acontece uma grande humilhação de Ben Solo reconhecer cada vez mais que não teve uma vida difícil como ele esperava ter tido.
É preciso reconhecer: Charles Soule encontrou uma maneira razoável de fazer Kylo Ren ser coerente: um garoto superprotegido, mimado, que se torna um neonazista por querer negar sua condição de filho de Han Solo, e herdar o legado Skywalker que o nome representa na galáxia. Ele não quer ser um herói por herança, mesmo que seus poderes e treinamento o sejam.
Por isso, na terceira edição eu gosto das elipses narrativas dentro da mente de Ren, sofrendo como um escravo em Tatooine. Ele, tentando pedir ajuda ao avô, remonta sua fraqueza. Não é necessário que de fato nós, leitores, vejamos o legado de Vader ser destruído ou enriquecido porque um apaixonado falou para Rey que o passado tem que ser deixado para trás. Nós, leitores, precisamos entender quão maior Darth Vader é em relação a Kylo Ren que de fato Rey sempre esteve certa: ele nunca será tão poderoso ou tão vilão como seu avô.
Há um processo de amadurecimento do personagem sobre o que é dor de fato durante essas primeiras três edições. Mesmo que a introdução da série Legacy of Vader seja bem mais interessante que o trato didatismo excessivo sobre Vader para leitores de passagem – semelhante ao que houve com Han Solo: Uma História Star Wars – A HQ promete uma narrativa bem desenhada e contada sobre os Prequels de Star Wars para mais e mais fazer os Sequels serem mais aceitáveis; e mais ainda: a volta de Palpatine se tornar aceitável. Como o ator Ian Mcdiarmid disse: “Este homem, horrivelmente machucado, pensou que isso poderia um dia lhe acontecer – daí ter um plano B.”. Assim, os retcons podem virar paradoxos. Espero que Legacy of Vader seja menos um retcon e mais um preenchimento de história, como deve ser.
Star Wars: Legacy of Vader #1 – 3 — (Estados Unidos, 2025)
Roteiro: Charles Soule
Arte: Luke Ross
Letras: VC’s Joe Caramagna
Editora original: Marvel Comics
Data original de publicação: fevereiro a abril de 2025
Páginas: 24, em média