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quarta-feira, maio 7, 2025

Crítica | Void Rivals – Vol. 3 – Plano Crítico

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  • spoilers. Leiam, aqui, todas as críticas do Universo Energon.

Void Rivals ainda é, em essência, uma publicação mensal que pode ser lida de maneira independente do restante do Universo Energon, composto dos títulos Transformers e G.I. Joe (este último antecedido de quatro minisséries), mas isso somente se o leitor aceitar com tranquilidade o uso de personagens de fora da mitologia especificamente criada para essa história por Robert Kirkman, notadamente alguns dos enormes robôs que se transformam, via de regra, em veículos variados. No entanto, diria que o futuro próximo de quem só acompanha essa HQ parece-me ameaçado ou, no mínimo, começará a ficar consideravelmente incompleto, algo que ficou ainda mais evidente neste terceiro arco que cria a convergência completa (ou nem tanto) entre as propriedades clássicas da Hasbro e a invenção de Kirkman, resultando em uma história um tanto quanto inchada e tumultuada.

Os dois personagens novos e centrais, a zertoniana Solila e o agorriano Darak, curiosamente, têm linhas narrativas – momentaneamente separadas – muito interessantes que, sozinhas, poderiam muito bem segurar um arco narrativo inteiro, mas cuja fluidez e objetividade são consideravelmente atrapalhados pelos enxertos de Kirkman. Solila, ajudada pelo falante Handroid de Darak, inicia uma jornada pelo interior do Anel Sagrado para tentar achar Zerta Trion e saber mais sobre a origem de tudo. É um caminho solitário, escuro e não muito perigoso, sendo sincero, que abre oportunidade para que Lorenzo de Felici crie visuais muito interessantes para ocupar os espaços negativos e dar escopo à missão da determinada jovem que, como esperado, efetivamente encontra a cybetroniana ao final que não só lhe conta a origem do Anel Sagrado, basicamente um segundo Cybertron criado por ela para manter o gigantesco Goliant, uma arma criada pelos Quintessons, devidamente preso e longe do planeta natal de Zerta Trion, como deixa bem claro que a missão de Solila, agora, é promover a reunificação das duas metades do anel de maneira a aproveitar o momento em que a gigantesca criatura está mais fraca, para eliminá-la de vez. Isso leva, então, ao upgrade de Solila, que ganha os poderes da moribunda Zerta Trion e passa a ser “uma só” com o anel, digamos assim.

Darak, por sua vez, retorna ao seu pai, o Ministro Dulin e começa uma série de negociações com ele não só para trazê-lo para o seu lado, uma tarefa próxima do impossível, como também para ter a oportunidade de ajudar na unificação do anel, algo que o leva até mesmo a interceptar uma nave vindo na direção do planeta que ele descobre ser mais um Transformer, desta vez Hot Rod que há muito tempo procura Springer. O jogo político misturado com as escrituras sagradas que Dulin obedece ao pé da letra e que parecem indicar que a união das duas metades do anel trará a ruína, em contraste com o que Zerta Trion ensinou à Solila, claro, é muito interessante e mostra os perigos de uma teocracria, algo que, curiosamente, do lado dos zertonianos, vemos acontecer em reverso, com o Premiê Zalilak abrindo sua mente para os ensinamentos do culto à que Solila faz parte e que afirma com todas as letras que a unificação é necessária.

Como se pode notar, há material suficiente só nisso para contar uma história fascinante, algo que a presença dos Transformers Hot Rod e Springer, no momento, pouco atrapalha, servindo, apenas, como mínimo desvio narrativo que, se não se justifica plenamente no arco, certamente terá função importante em futuro próximo. O maior problema do terceiro está em todo o seu restante e como esse restante acaba intercalando e esticando as narrativas de Solila e Darak. Entendo perfeitamente a lógica de Kirkman em trazer para a histórias suas versões próprias das mitologias mais “obscuras” de Transformers e G.I. Joe e sei que ele certamente usará cada elemento em arcos futuros, mas tudo  o que ele consegue, aqui, é criar algo que parece mais afeito a fan service do que realmente algo que pareça organicamente inserido no arco mais amplo. Vemos Pythona e sua guarda, em busca de Cybertron, sendo capturados por Skuxxoid, os Quintessons descobrindo a existência do Anel Sagrado e Proximus com seu jovem ajudante Ultunn ganhando tardiamente uma espécie de preenchimento do vazio causado pela ausência de Zalilak, mas o que vemos são fragmentos, inserções aqui e ali de historietas que muito mais atravancam a leitura do que realmente trazem elementos que parecem ir além de serem autossuficientes.

Tenho perfeita consciência de que Robert Kirkman está jogando um jogo de longo prazo, mas talvez seja exatamente por isso que, para mim, sua vontade de criar convergência entre mitologias tão rapidamente parece afobado, como se os leitores de Void Rivals fossem abandonar a publicação se mais elementos do que já era conhecido não forem trazidos para a construção original dele. Com isso, o roteirista dilui o ponto central de sua história, fazendo-o perder a força e o foco. Tomara que ele perceba que menos é mais antes que seja tarde para Solila e Darak.

Void Rivals – Vol. 3 (EUA – 2024/25)
Contendo: Void Rivals #13 a 18
Roteiro: Robert Kirkman
Arte: Lorenzo de Felici
Cores: Patricio Delpeche
Letras: Rus Wooton
Editoria: Ben Abernathy
Editora original: Skybound (Image Comics)
Data original de publicação: 23 de outubro, 27 de novembro, 26 de dezembro de 2024; 22 de janeiro, 12 de março, 30 de abril de 2025
Páginas: 183



[Fonte Original]

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