O dólar à vista exibiu leve valorização frente ao real nesta terça-feira, em um dia em que moedas ligadas à economia chinesa e aos preços de commodities sofreram pressão maior pela divisa americana. Em outros mercados, no entanto, o comportamento foi diferente, com o dólar depreciando levemente em meio ao mau humor dos agentes com a questão fiscal americana.
Encerradas as negociações, o dólar à vista exibiu valorização de 0,26%, cotado a R$ 5,6692, depois de ter batido a mínima de R$ 5,6424 e encostado na máxima de R$ 5,6831. Já o euro comercial apreciou 0,60%, a R$ 6,3940. No exterior, perto das 17h15, o índice DXY caía 0,38%, aos 100,042 pontos.
O dólar abriu as negociações de hoje em queda frente ao real, mas ao longo da manhã reverteu o sinal. A dinâmica de dólar mais forte se observou mais nos mercados em que moedas são mais sensíveis a preços de commodities e ao crescimento chinês. Entre as divisas com pior desempenho hoje estavam o dólar australiano e o won sul-corerano.
Apesar da queda do real hoje, o banco holandês ING aponta para a melhora de divisas emergentes, em relatório diário sobre moedas.
“Uma nova tendência na última semana é que a maioria das moedas emergentes ao redor do mundo está se valorizando em relação ao dólar”, diz o banco.
“Na Ásia, especula-se que um acordo monetário poderia ser incluído em qualquer acordo comercial com os EUA. Na América Latina, a região parece ter evitado o pior das tarifas americanas, e os rendimentos implícitos estão relativamente altos”, diz o banco. “Se o Federal Reserve começar a cortar as taxas de juros e – mais importante – a volatilidade se estabilizar um pouco mais, começaremos a ouvir falar mais sobre ‘carry trades’ financiados em dólar. Isso pode ser assunto para este verão”, aponta.
Já o HSBC afirma, em nota, que mantém uma perspectiva relativamente positiva para o real, embora o relatório fiscal a ser divulgado na quinta-feira deva ser analisado com atenção, pois o tamanho das despesas deve ser congelado para atingir a meta fiscal primária até o final do ano. “Não há previsão oficial do mercado para esses congelamentos orçamentários, mas acreditamos que um número em torno de R$ 10 bilhões deve ser uma notícia positiva para o real, que voltou a ser pressionado recentemente pelas notícias fiscais.”
Também em relatório, a equipe de research de moedas do Deutsche Bank aponta que o real deve se beneficiar da sua subvalorização e de seu alto carry.
“O real está barato em nossos modelos baseados em trocas comerciais, que somados ao alto carry, como o BC sugeriu sobre manter as taxas altas por muito tempo, deve beneficiar a moeda.”
O banco também aponta que os preços da soja permanecem altos, em contraste com o petróleo, o que cria oportunidade para a posição comprada em real contra o peso colombiano (aposta na valorização do real frente ao peso). “O principal risco vem da frente fiscal, já que o atual governo tem um motivo para anunciar mais gastos – dada a importância disso em ano pré-eleitoral. No entanto, vemos alta resistência a novas iniciativas fiscais mais adversas por parte do Congresso, com base em discussões recentes.”