O dólar à vista exibiu desvalorização frente ao real nesta sexta-feira, em um movimento alinhado com o observado no exterior. Hoje, a moeda americana perdeu espaço em quase todos os 33 mercados mais líquidos acompanhados pelo Valor, o que pode ter sido resultado de uma menor percepção de risco, seja pelas negociações dos Estados Unidos com China e México, seja porque os dados de emprego mais fortes nos EUA afastam do radar a preocupação com uma recessão da economia americana.
Encerradas as negociações, o dólar à vista registrou queda de 0,41%, cotado a R$ 5,6538, depois de ter encostado na mínima de R$ 5,6260 e batido na máxima de R$ 5,6747. No acumulado da semana, a moeda americana registrou desvalorização de 0,58%. Já o euro comercial recuou hoje 0,60%, a R$ 6,3912, caindo 1,10% na semana. Perto das 17h15, no exterior, o índice DXY, que mede a força do dólar contra uma cesta de seis moedas de mercados desenvolvidos, caía 0,23%, aos 100,014 pontos.
Desde a abertura das negociações desta sexta-feira, o dólar seguiu mais fraco frente ao real. Após a divulgação do payroll de abril, houve uma ampliação na dinâmica, semelhante ao que ocorreu na maioria dos mercados no exterior. O HSBC lembra, em nota, que diante da ampla liquidação de ativos e do dólar americano, não está claro o que vai ocorrer com o desempenho das moedas latino-americanas no prazo mais longo. “Por um lado, o câmbio latino-americano se beneficiou como um simples subproduto da desvalorização do dólar americano. No entanto, caso os EUA entrem em recessão nos próximos meses, isso não seria positivo para as moedas da região”, diz o banco.
Segundo o banco, durante as últimas três recessões americanas (desde 2000), as moedas latino-americanas sofreram e, em geral, tiveram um desempenho pior do que as moedas asiáticas.
“Enquanto isso, na região latino-americana, o peso mexicano e o real tendem a apresentar o pior desempenho durante as recessões americanas (com exceção do peso mexicano em 2001). Uma recessão global mais ampla seria prejudicial para as economias latino-americanas, especialmente se o epicentro da crise forem os EUA.”
No caso das tarifas, o banco lembra que o adiamento das taxas recíprocas dos EUA é menos negativo, e para o Brasil pode haver alguns pontos positivos em meio ao pessimismo tarifário. “O Brasil tem potencial para se beneficiar do aumento das exportações para a China em meio à crescente disputa comercial entre o país asiático e EUA, semelhante ao que ocorreu em 2017”, afirma o HSBC. “Acreditamos que isso deve ocorrer novamente e vemos as exportações de commodities para a China crescendo mais acentuadamente, melhorando uma perspectiva já positiva para os volumes de produção de commodities do Brasil (especialmente soja, proteína e petróleo bruto).”
No fim do ano, o banco espera que o dólar chegue ao nível de R$ 5,80, com o mercado se concentrando em uma negociações baseadas nas eleições, “o que pode ajudar o real a se fortalecer se o mercado precificar uma possível mudança para o centro”.