Ibovespa fecha em leve alta, após sessão volátil à espera de negociações entre EUA e China

O avanço de boa parcela das blue chips ajudou a segurar o índice no campo positivo. As ações PN da Petrobras subiram 0,65%, enquanto as da Vale avançaram 0,40%. O destaque, porém, ficou para as ações PN do Itaú, que avançaram 5,41%, após a divulgação dos números do banco no primeiro trimestre.

Embora o lucro líquido do Itaú tenha vindo em linha com as expectativas, com alta 2,2% em relação ao trimestre anterior ao atingir R$ 11,128 bilhões, a qualidade do resultado surpreendeu, com destaque para as principais métricas operacionais, segundo especialistas.

O analista-chefe de renda variável da Mantaro Capital, Pedro Gonzaga, diz que os números do Itaú mostraram que o banco conseguiu manter a qualidade de sua carteira de crédito, com queda na inadimplência, mesmo em um período de juros elevados.

“Um dos pontos mais comentados foi a clareza nas comparações dos números com trimestres anteriores. Enquanto outros bancos ainda patinam para se adaptar a mudanças nas regras contábeis, o Itaú conseguiu mostrar resultados consistentes e transparentes, evidenciando o bom trabalho da sua área de controladoria”, acrescentou o profissional da Mantaro.

Os balanços da Porto Seguro e da PetroReconcavo também foram bem-recebidos pelo mercado. Não à toa, as ações subiram 5,66% e 5,49%, nessa ordem. MRV e CSN, por outro lado, foram destaques de perdas, em uma reação negativa dos investidores aos números apresentados pelas empresas.

Para os analistas do J.P. Morgan, a MRV registrou resultados fracos e abaixo do esperado no primeiro trimestre, impactados por um prejuízo nas operações americanas da Resia. Já a CSN mostrou resultados dentro do esperado, mas apresentou queda nas margens tanto nas operações de siderurgia quanto de mineração, apontaram os especialistas do Citi. No fim do dia, as ações da construtora cederam 11,22% e as da siderúrgica fecharam com queda de 9,87%.

Já no cenário macro, a percepção de encerramento do ciclo de alta da Selic impulsionou o Ibovespa na véspera e elevou as expectativas em torno da divulgação da inflação brasileira nesta sexta-feira.

Apesar disso, o estrategista-chefe da RB Investimentos, Gustavo Cruz, avalia que os dados do IPCA de abril, que desacelerou para 0,43%, não são suficientes para alimentar expectativas de corte de juros ainda este ano. Ele destaca que o índice de difusão segue elevado, passando de 64% para 66%, o que indica que dois terços dos itens do indicador ainda estão acima do esperado.

“Nos próximos meses, a gente vai ver a inflação ficando entre 5,5% e 6% na comparação de 12 meses. Acho que o IPCA tev zero impacto na curva de juros hoje, mesmo tendo sido um pouquinho abaixo do esperado”, completa.

Para o Bank of America (BofA), o ciclo de alta da Selic chegou ao fim, após o Comitê de Política Monetária (Copom) elevar a taxa Selic em 0,5 ponto percentual, para 14,75%. “Em nossa visão, este foi o último aumento do ciclo, e o comitê deve manter a taxa nesse patamar até dezembro, quando deve iniciar um ciclo de corte”, diz o banco, em relatório.

Mesmo com o rali do Ibovespa no ano, o BofA acredita que os mercados latino-americanos ainda são negociados com desconto em relação às médias históricas. No caso do Brasil, esse desconto é de 11%, desconsiderando o setor de commodities, nos cálculos do banco.