Jamie Dimon alerta para risco de estagflação nos EUA e diz que Fed está fazendo a coisa certa

As autoridades do Fed mantiveram as taxas de juros estáveis ​​este ano em meio a um cenário econômico sólido e à incerteza sobre mudanças nas políticas governamentais — como tarifas — e seu potencial impacto na economia. Os formuladores de políticas disseram que veem um risco maior de enfrentar tanto inflação quanto desemprego.

No início deste mês, os EUA e a China concordaram em reduzir drasticamente as tarifas por 90 dias para fechar um novo acordo, no que promete ser uma rodada difícil de negociações entre Washington e Pequim. As tarifas do presidente americano, Donald Trump, sobre a China provavelmente permanecerão em um nível que deverá restringir severamente as exportações chinesas após a trégua de 90 dias, segundo analistas e investidores.

“Não acho que o governo americano queira deixar a China”, disse Dimon. “Espero que eles tenham uma segunda, terceira ou quarta rodada e que, com sorte, tudo termine bem.”

Os anúncios caóticos de tarifas de Trump e os esforços para reduzir ou fechar agências governamentais alimentaram preocupações sobre comércio, inflação, desemprego e uma potencial recessão. As empresas estão interrompendo sua expansão, incluindo fusões e aquisições lucrativas conduzidas por negociadores de Wall Street, disseram executivos de bancos.

Os comentários de Dimon complementam declarações que ele fez em entrevistas recentes, quando alertou contra a complacência e disse que a recessão continua sendo uma possibilidade, acrescentando que muitos dos efeitos das tarifas ainda não foram vistos. A volatilidade causada pela turbulência continuou a impulsionar os negócios de negociação de ações do J.P. Morgan, que registraram receita recorde no primeiro trimestre.

O J. P. Morgan, o maior banco dos EUA, também lançou seu “Centro de Geopolítica” esta semana, com pesquisas sobre Rússia e Ucrânia, Oriente Médio e rearmamento global.

A unidade “é tanto para nós quanto para educar os clientes”, disse Dimon. “Os clientes nos perguntam o tempo todo: O que devemos fazer com este país? Como vocês encaram o risco?”

O J.P. Morgan, entre outros, indicou que a incerteza em relação às políticas de Trump pode fazer com que os clientes fiquem de fora. Troy Rohrbaugh, coCEO do banco comercial e de investimento do J. P. Morgan, afirmou no início desta semana que suas taxas de banco de investimento poderiam cair em cerca de 15% em comparação com o ano anterior — mais do que os analistas previam.

Dimon afirmou que os EUA precisam “atacar os problemas do déficit” e também entende por que os investidores podem estar cortando ativos em dólar

Nesta manhã, a Câmara dos EUA aprovou o projeto de lei de impostos e gastos de Trump, o que ampliou a cautelo dos investidores.

Os títulos do Tesouro dos EUA estenderam na quarta-feira sua recente liquidação, com os títulos de longo prazo sendo os mais afetados e um leilão de dívida de 20 anos tendo uma recepção relativamente morna. A liquidação, em determinado momento, elevou o rendimento do título de 30 anos em até 13 pontos-base, para quase 5,10%, seu nível mais alto desde 2023.

“Não me preocupo com as flutuações de curto prazo do dólar”, disse Dimon. “Mas entendo que as pessoas possam estar reduzindo seus ativos em dólar.”