O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) irá à França na próxima semana e conversará com o presidente francês, Emmanuel Macron, sobre o acordo entre Mercosul e União Europeia e sobre a lei antidesmatamento. As tratativas sobre esses temas foram confirmadas pelo Ministério de Relações Exteriores (MRE) nesta sexta-feira (30).
Com a França sendo um país que já se opôs ao fechamento do acordo entre os blocos, o MRE vê o contexto político e de guerra tarifária entre os Estados Unidos e a China como positivo para o andamento das negociações.
Ao mesmo tempo, o Senado aprovou, na semana passada, um projeto de lei que flexibiliza o licenciamento ambiental. Se sancionada como foi chancelada pela Casa, a matéria pode dificultar as negociações do acordo entre Mercosul e União Europeia, de acordo com a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.
A lei antidesmatamento, por sua vez, que vai entrar em vigor no final deste ano, restringe as importações de sete commodities e seus derivados produzidos em locais desmatados a partir de 2021. Essa norma da União Europeia preocupa o setor do agronegócio brasileiro e foi, inclusive, uma das motivações de uma lei aprovada pelo Congresso e sancionada por Lula, este ano, que permite ao governo brasileiro aplicar a reciprocidade após medidas protecionistas adotadas de forma unilateral por outros países.
As conversas entre Brasil e França acontecem também após a Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA) e a senadora Tereza Cristina (PP-MS), esta semana, pedirem à Comissão Europeia uma investigação formal contra o Carrefour e outras três varejistas francesas pela suspensão da compra de carne do Brasil em novembro do ano passado.
Em coletiva de imprensa para a divulgação de como será a viagem do presidente, os embaixadores não deram mais detalhes sobre quais pontos seriam abordados por Lula em relação a esses temas. O órgão também não divulgou qual será a comitiva que o acompanhará.
Além dos encontros com Macron, Lula participará entre os dias 4 e 9 de junho da 3ª Conferência das Nações Unidas para os Oceanos, na cidade francesa de Nice, e de uma cerimônia de certificação do Brasil como um país livre de febre aftosa sem vacinação.