O Produto Interno Bruto (PIB) per capita avançou 1,3% no primeiro trimestre de 2025, ante o trimestre anterior, calcula a pesquisadora sênior de Economia Aplicada do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre) e coordenadora do Boletim Macro Ibre, Silvia Matos.
O resultado considera a expansão de 1,4% do PIB no período, descontada do crescimento da população, e estima o PIB per capita em R$ 55.965. Pelas suas estimativas, o PIB per capita deve crescer 1,5% no ano. O número considera a projeção de alta de 1,9% do PIB como um todo, descontado o crescimento da população.
O cálculo leva em conta um aumento de 0,1% da população por trimestre, diante da atual transição demográfica. No ano, o crescimento da população está em 0,395%. O cenário incorpora as mais recentes projeções de população do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para o período de 2000 a 2070, divulgadas no ano passado, com ritmo mais lento de expansão populacional que o estimado anteriormente.
“O PIB per capita cresce 1,3% na margem, mas este ritmo não se sustenta no ano”, afirma a economista.
Com crescimento mais lento da população, a tendência do PIB per capita no curto prazo é aumentar, quando há aumento do PIB, porque a mesma riqueza é dividida por menos gente. A médio e longo prazo, no entanto, isso significa que haverá menos gente em idade para trabalhar e contribuir para a economia do país.
Ao comentar o PIB no primeiro trimestre, Silvia Matos chamou atenção para a influência da agropecuária no resultado e seu impacto em outros segmentos da economia, como indústria e serviços.
A agropecuária cresceu 12,2% no primeiro trimestre, ante o quarto trimestre, muito acima do aumento de 1,4% do PIB. “Este resultado do PIB é explicado pela forte recuperação da agro neste ano, devido a uma excelente safra de soja. Mas há outras atividades do PIB que são relacionadas ao setor denominado agronegócio”, afirmou.
Na sua avaliação, apesar do crescimento forte observado no primeiro trimestre, o PIB aponta sinais de “moderação da atividade”. “Os serviços são 70% do valor adicionado da economia e mostraram crescimento mais baixo no quarto trimestre do ano passado e neste primeiro trimestre do ano também”, disse.
Na série com ajuste sazonal, o ritmo de expansão trimestral dos serviços caiu de 1,7% no primeiro trimestre de 2024 para 0,8% no segundo e no terceiro trimestre, 0,2% no quarto trimestre de 2024 e 0,3% no primeiro trimestre de 2025.
Pela ótica da demanda, Matos argumenta que a alta do investimento se deve quase integralmente à compra de uma plataforma de petróleo chinesa. “Então o investimento no ano será bom, mas muito concentrado nas atividades relacionadas às commodities, como petróleo e agro, à infraestrutura, e ao programa Minha Casa Minha Vida”, afirmou.
Sua projeção para a expansão do PIB em 2025 segue em 1,9%, mas tem viés de alta. “O mercado de trabalho tem surpreendido positivamente no segundo trimestre. Medidas do governo para impulsionar o PIB devem fazer efeito, como o novo crédito consignado”, disse ela, que reconheceu, no entanto, um cenário externo “ainda muito incerto”.