O presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, voltou a reforçar que não há pressa para o banco central americano reduzir os juros. Ele destacou que ainda há muita incerteza, mas apesar das distorções nos dados, como no Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre, a economia americana segue resiliente.
Nesta quarta-feira, o banco central americano manteve a taxa de juros dos Estados Unidos entre 4,25% e 4,50%, movimento que era amplamente esperado pelo mercado e que marca a terceira manutenção seguida de juros no atual intervalo.
“A economia está resiliente e em boa forma”, ele afirmou. Para Powell, o atual ritmo da política monetária é apropriado para lidar com a incerteza no cenário econômico. “Estamos em uma posição um pouco restritiva, então achamos que é apropriado para esperar e ver. Não precisamos ter pressa.”
Powell ressaltou que ainda há muita incerteza sobre as tarifas, em que nível irão se estabilizar e quais serão os impactos na economia. “Os riscos ainda não se materializaram, ainda não estão nos dados, então a coisa certa para fazermos é esperar por maior clareza”, ele afirmou.
Powell disse que o banco central americano não irá fazer cortes de juros “preventivos”, porque não se sabe qual será a resposta adequada até que se veja mais dados. As declarações foram dadas em coletiva de imprensa após o banco central americano manter a taxa de juros dos Estados Unidos entre 4,25% e 4,50%, movimento que era amplamente esperado pelo mercado e que marca a terceira manutenção seguida de juros no atual intervalo.
“Podemos olhar para os cortes de 2019 como sendo preventivos. Naquela ocasião, a economia estava enfraquecendo e a inflação estava em 1,6%. Então, esse era um cenário em que era possível agir de forma preventiva”, ele afirmou. Agora, no entanto, o cenário é diferente. “Temos uma inflação que está acima da meta e temos uma expectativa que, dependendo do que acontecer, verá pressões inflacionárias adicionais. Também há previsões de enfraquecimento da economia”, disse Powell.
Powell disse que os pedidos de Donald Trump para que o banco central americano diminua as taxas de juros não afeta o seu trabalho.
“Sempre faremos a mesma coisa, que é usar nossas ferramentas para promover o máximo emprego e a estabilidade de preços em benefício do povo americano. Sempre vamos considerar apenas os dados econômicos, as perspectivas, o balanço de riscos — e só isso. É tudo o que vamos levar em conta. Portanto, isso realmente não afeta nem o nosso trabalho nem a forma como o realizamos”, ele disse, ao ser questionado por uma repórter sobre as críticas de Trump ao trabalho do banco central.
Powell também foi questionado sobre o porquê de ainda não ter se reunido com o atual presidente em seu terceiro mandato e respondeu que isso não cabia a ele. “Eu nunca pedi uma reunião com nenhum presidente e nunca pedirei”, afirmou. “Sempre foi o contrário. Eu não acho que cabe a um presidente do Fed buscar uma reunião com o presidente dos EUA.”
Já ao ser perguntado se ele permaneceria no conselho do Fed mesmo após o fim de seu mandato como presidente da autoridade monetária, ele afirmou que não iria comentar.
O Fed enfrentará uma situação difícil, caso os riscos de maior desemprego e aceleração na inflação se concretizem, mas as duas metas do mandato duplo de promover o pleno emprego e estabilidade de preços não estão em tensão, disse Powell.
“Podemos nos encontrar no cenário desafiador em que nossas metas de mandato duplo estejam em tensão”, disse. Se isso ocorresse, o Fed poderia considerar o quão distante a economia está de cada meta e qual é o tempo esperado para retornar aos seus objetivos, afirmou ele. “Por enquanto, estamos bem posicionados para esperar por maior clareza antes de considerar quaisquer ajustes em nossa postura política.”
Powell disse que “não estamos nessa situação” de tensão entre as metas do mandato duplo, e talvez nunca estejamos, mas é preciso manter isso em mente agora. Ele afirmou que os membros do Fed avaliariam todas as métricas do mercado de trabalho, para ter uma ideia se as condições estão realmente piorando ou não, e ao mesmo tempo avaliariam o outro lado do mandato. “Poderíamos estar em posição de ter que equilibrar essas duas coisas, o que é, claro, um julgamento de equilíbrio muito difícil que teríamos que fazer.”
Questionado sobre qual taxa de desemprego poderia levar o banco central a reduzir as taxas de juros, Powell disse que não poderia dar um número específico. “Se víssemos uma deterioração significativa no mercado de trabalho, é claro que essa seria uma das nossas duas variáveis e buscaríamos apoiá-la”, disse Powell. Ele reiterou que tratam-se de especulações e que nada é certo. “Teremos apenas que esperar para ver como as coisas vão se desenrolar.”