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sábado, junho 7, 2025

São Paulo x Buenos Aires: veja qual cidade tem os preços mais altos

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Brasileiro reclama que a inflação mensal dos alimentos no país está galopante. Inclusive a alta dos preços desse importante setor costuma derrubar a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), como se viu na pesquisa Quaest do início de abril (56% de desaprovação). Lembrando que a inflação acumulada em 12 meses até abril ficou em 5,53% (IPCA) e a dos alimentos – que tem um peso de 42% no Índice Nacional de Preços ao Consumidor -, na mesma base de comparação, fechou em 7,68%, segundo o Dieese.

Na vizinha Argentina, a inflação anual acumulada até abril, de acordo com o Instituto Nacional de Estatística y Censo (Indec, o “IBGE argentino), fechou em 47,3%, e a dos alimentos e bebidas, em 43,7%. Já a cesta básica, no mesmo período, subiu 34,6% e teve alta mensal de 1,3% em março.

Em São Paulo, segundo aferição do Dieese, a cesta básica apresentou em março alta mensal de 2,35% e de 8,30% no acumulado do ano até março.

No Brasil, “os preços da alimentação vêm subindo acima da média da inflação dos demais produtos e, com isso, têm pressionado o índice geral de preços”, explica a economista Patrícia Costa, supervisora da pesquisa da cesta básica do Dieese. Segundo ela, “entre os alimentos pesquisados pelo IPCA alguns subiram, outros caíram, e, por isso, o impacto é atenuado. Mas, na cesta básica, como são menos produtos pesquisados, esse impacto dos preços fica mais explícito, as altas são muito mais sentidas”.

A economista explica que a pressão de certos alimentos na cesta básica, como o café e a carne, tem influência de vários fatores, por exemplo, “a redução da oferta com as entressafras, o volume exportado de alguns produtos que são commodities e o clima”, que influencia na produção.

A cesta básica paulistana medida pelo Dieese (com 13 itens) ficou em março em R$ 909,25, a mais cara do Brasil. A cesta básica do Dieese é calculada tendo em vista abastecer por um mês uma família de quatro pessoas.

Já a cesta básica de alimentos na capital da Argentina fechou março com o valor equivalente de R$ 2.498 (pela cotação de 14 de maio), com 30 itens. A cesta argentina tem itens como doce de batata doce, maionese, vinho e, claro, erva-mate e também equivale ao consumo, em um mês, de uma família de quatro pessoas.

Levando-se em conta os mesmos 13 itens da cesta de São Paulo, a cesta alimentar em Buenos Aires ficaria em R$ 971, cerca de 10% mais cara que a paulistana.

Uma outra comparação que cabe nessa disputa para saber quem sai ganhando (ou perdendo, dependendo do ponto de vista) no custo de vida é o valor do salário mínimo. No Brasil, ele vale R$ 1.518 e, na Argentina, o equivalente a R$ 1.519 (em abril, segundo a secretaria de Trabalho, Emprego e Seguridade Social da Argentina). Considerando que a cesta básica na Argentina é mais cara, o argentino, nesse quesito, sai perdendo.

De acordo com Patrícia Costa, levando-se em conta o custo da cesta básica, o salário mínimo necessário para uma família de quatro pessoas em São Paulo sobreviver deveria ser de R$ 7.398,94. “Geralmente, como temos um salário mínimo nacional, o que fazemos é um cálculo único para o Brasil, mas levando em consideração a cesta de maior custo [no caso, a de São Paulo]”, diz a economista.

Para o argentino Dante Moreno, economista e analista da EPyCA Consultores, considerando a cesta básica e o alto custo de vida em Buenos Aires – incrementado ainda mais com a política econômica do presidente Javier Milei, que desencadeou aumentos significativos em áreas como habitação, transporte, serviços básicos e alimentação -, a situação se complica porque os salários estão praticamente estáveis desde a posse do liberal de extrema direita.

“Segundo o Observatório de Emprego e Dinâmica Empresarial (OEDE) do Ministério do Trabalho, em dezembro de 2024, um trabalhador formal do sistema privado em Buenos Aires recebia um salário médio de 2.483.627 de pesos, enquanto o salário mínimo foi fixado em 296.832 pesos em abril – ou seja, 11,95% do salário médio dos trabalhadores privados registrados”, diz. O economista afirma que o salário mínimo deveria ser de 1.490.175 de pesos (R$ 7.478), considerando o valor da cesta básica e o custo de vida na capital.

“O problema central é que os salários estão muito abaixo da inflação e isso afeta a demanda geral por bens e serviços. Portanto, a menos que haja uma recuperação salarial significativa, a situação atual continuará como está.”

Muito além dos dados oficiais dos gabinetes dos institutos, estão os números reais das ruas. Por exemplo, o quilo de peito de frango (filé) na capital argentina custa o equivalente a R$ 60, sendo que, em São Paulo, o produto custa, no máximo R$ 29,90. Um rolo de papel higiênico folha dupla custa R$ 4,97 em Buenos Aires, contra R$ 2,47 na capital paulista.

Moreno explica que além da inflação em pesos, a Argentina enfrenta também uma inflação em dólares. “O controle cambial fez da Argentina um país caro em dólares”, diz o economista argentino e por isso o filé de peito de frango é muito mais caro em Buenos Aires do que em São Paulo. Segundo ainda ele, em relação à diferença que há entre a inflação do instituto e a das ruas, a real, se deve ao fato de que “é necessário revisar a estrutura dos componentes que compõem as medições oficiais e aplicar um fator de ponderação atualizado. A coleta e a verificação de dados deveriam ser reconfiguradas levando-se em conta os centros de comércio locais, como o mercado chinês, os restaurantes e lojas de bairro”.

O site Numbeo, que compara o custo de vida entre várias cidades do mundo, aponta que viver em Buenos Aires é mais caro que em São Paulo. O indicador de custo de vida para a cidade é de 43,59, e o paulistano, 33,48, com o agravante de que o indicador da renda é mais alto em São Paulo (14,66) do que em Buenos Aires (14,15).

Segundo o site, uma refeição em um restaurante mediano (nem econômico nem caro) de Buenos Aires custa cerca de R$ 340 para duas pessoas, enquanto em São Paulo essas mesmas duas pessoas desembolsariam R$ 230.

O apreciador de futebol – que pode ser encarado como um alimento para a alma, principalmente no continente sul-americano – que quiser ver um clássico, como uma partida entre Boca Juniors e River Plate, terá que desembolsar, no mínimo R$ 4 mil pelo ingresso. Esse é o valor cobrado de torcedor visitante para arquibancada, no site do River Plate, três dias antes do jogo. Para o fanático que semanas antes já está comprando a entrada para o jogo, o preço cai bem: R$ 760, o ingresso mais barato.

Em comparação, o ingresso mais caro (visitante) para assistir a uma partida do Campeonato Brasileiro de 2025 em camarote na Arena Allianz, do Palmeiras, custa cerca de R$ 450, com direito a comida e bebida. Já para ver um jogo da Libertadores, cujos ingressos são mais caros, o tíquete mais alto é de R$ 800, também em camarote. O ingresso mais barato para visitante na arquibancada da Arena Palmeiras custa cerca de R$ 150.

Ou seja, no Brasil também é mais barato alimentar a alma.

[Fonte Original]

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