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terça-feira, maio 13, 2025

EUA e China selam “trégua” na guerra comercial com redução de tarifas e perspectiva de acordo definitivo

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A diminuição de tarifas anunciada por Estados Unidos e China nesta segunda-feira (12) marcou a primeira “trégua” significativa na guerra comercial travada entre as duas maiores economias do mundo. Após meses de escalada tarifária, com taxas punitivas atingindo até 145% para produtos chineses e 125% para mercadorias americanas, os dois países concordaram em reduzir temporariamente essas tarifas para 30% e 10%, respectivamente, por um período de 90 dias, enquanto negociam um acordo mais amplo.

A “trégua”, que deve entrar em vigor nesta quarta-feira (14), foi oficializada após uma rodada de negociações em Genebra, na Suíça, neste final de semana, liderada pelo secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, e pelo representante de Comércio dos EUA, Jamieson Greer, com o vice-premiê do regime comunista chinês, He Lifeng. Segundo Bessent, o consenso foi de que “nenhum dos lados deseja uma separação econômica”. As tarifas agora ficam limitadas a 30% para produtos chineses e 10% para bens americanos, revertendo parte dos aumentos mais recentes.

“Não estamos procurando prejudicar a China”, disse o presidente dos EUA, Donald Trump, ao anunciar a “trégua” tarifária, afirmando ainda que pretende conversar diretamente com o ditador chinês, Xi Jinping, nos próximos dias. O que indica que ambos os países querem chegar a um acordo definitivo o mais breve possível.

Fentanil e terras raras

Na prática, ambos os países cortaram 115% nas tarifas, com os EUA ainda mantendo a tarifa de 20% aplicada em março contra produtos chineses por causa do fentanil. O governo Trump vê essa abordagem como uma forma de pressionar Pequim a combater o tráfico da substância, responsável por diversas mortes no país. Segundo os EUA, a China é o principal fornecedor dos componentes químicos usados na fabricação do fentanil que entra ilegalmente em solo americano.

Além da redução tarifária, a China comprometeu-se a suspender as restrições à exportação de terras raras, materiais essenciais para a produção de eletrônicos e equipamentos industriais americanos. Pequim havia imposto essas restrições em retaliação às tarifas dos EUA, afetando setores estratégicos do país, como o de semicondutores.

Impacto econômico nos dois países

O acordo temporário representa uma mudança importante em relação ao cenário dos últimos meses. Desde que Trump iniciou a aplicação de tarifas no começo deste ano, as taxas sobre produtos chineses começaram em 10%, subiram posteriormente para 20% (taxa do fentanil) e logo em seguida foram progressivamente ampliadas, atingindo 145% em abril. Pequim respondeu com tarifas próprias, chegando a 125% sobre produtos americanos. A disputa afetou diretamente empresas dos EUA, que relataram quedas nas vendas e aumento de custos. Contudo, o governo Trump também viu um aumento expressivo na arrecadação federal com a aplicação das tarifas. Em abril, o Departamento do Tesouro dos Estados Unidos arrecadou US$ 16 bilhões em receitas tarifárias, um salto de 130% em relação ao mês anterior, quando o total arrecadado foi de US$ 7 bilhões, segundo dados divulgados pela Bloomberg nesta segunda-feira.

Na China, os efeitos também foram sentidos. Embora o Produto Interno Bruto (PIB) tenha crescido 5,4% no primeiro trimestre de 2025, superando as expectativas dos analistas, autoridades chinesas alertaram para os desafios que foram impostos pelas tarifas americanas. A Administração Nacional de Estatísticas da China destacou a “complexidade do ambiente externo” e a “baixa demanda interna” como fatores de preocupação. Parte dessas dificuldades ocorreram por causa do aumento das tarifas dos EUA.

As tarifas também afetaram diretamente as exportações chinesas para os Estados Unidos, resultando em uma redução nas encomendas e pressionando setores industriais do país comunista. Pequim enfrentou desafios para redirecionar suas exportações a outros mercados e lidou com a instabilidade nas cadeias globais de suprimentos. O impacto econômico foi um alerta para o regime comunista chinês, que precisou reavaliar suas estratégias comerciais e reforçar medidas para sustentar o crescimento interno.

Acordo final em vista?

A “trégua” anunciada nesta segunda-feira não significa exatamente o fim imediato do confronto comercial. As negociações continuarão, com os EUA buscando garantias de que a China comprará mais produtos americanos e aumentará o acesso das empresas americanas ao seu mercado.

“Queremos que a China abra suas portas para nossos produtos e serviços”, destacou Trump.

Contudo, o avanço anunciado hoje já animou os mercados financeiros. O índice Dow Jones subiu mais de 1.100 pontos após a “trégua” tarifária desta segunda-feira, enquanto o S&P 500 avançou 3%. O petróleo também registrou alta, refletindo o otimismo de que uma redução nas tarifas impulsionará o comércio global e a demanda por energia.

Economistas, no entanto, alertam que o impacto das tarifas já impostas ainda será sentido por mais tempo nos EUA, mesmo após o acordo temporário de redução com a China. Um estudo da Yale’s Budget Lab, o centro de pesquisa de políticas públicas da Universidade de Yale, estimou nesta segunda que os lares americanos enfrentarão um custo adicional médio de US$ 2.237 por ano devido às tarifas de Trump, mesmo após o acordo. O estudo apontou que os preços de roupas, eletrônicos e produtos de couro, como calçados, devem subir até 15%.

Apesar da “trégua”, a posição de Trump permanece firme. O presidente americano afirmou que, caso as negociações não avancem para um acordo final justo, as tarifas poderão ser aumentadas novamente, embora tenha descartado o retorno aos níveis de 145%.

“Se não houver acordo, as tarifas podem subir novamente, mas não chegarão ao nível mais alto”, declarou o presidente.

[Fonte Original]

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