Reuters
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A exportação de carne de frango do Brasil, maior exportador mundial, passou a cair 1,5% em maio no acumulado até a quarta semana do mês, após o país registrar seu primeiro caso de gripe aviária em granja comercial, o que resultou em embargos diversos de importantes importadores.
A exportação de “carnes de aves e suas miudezas comestíveis, frescas, refrigeradas e congeladas”, uma categoria formada amplamente por carne de frango, registrou média diária de 19,9 mil toneladas, versus 20,2 mil toneladas ao dia em maio completo do ano passado, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), divulgados nesta segunda-feira.
Os dados acumulados até a terceira semana do mês — que computavam números de exportação registrados antes do foco de gripe aviária no Rio Grande do Sul — apontavam um ligeiro aumento de 0,2% na exportação de carne de frango em maio, na comparação anual.
Os dados da Secex de preço médio de exportação ainda apontam um aumento na comparação anual, embora com um ligeiro declínio ante o visto previamente em maio, com uma média de US$1.808/tonelada.
Ao todo, mais de 40 destinos impuseram algum tipo de embargo à carne do Brasil, sendo total ou parcial.
Segundo relatório do Itaú BBA nesta segunda-feira, as negociações entre o governo brasileiro e os países importadores que bloquearam totalmente as exportações vão ditar a dimensão dos impactos negativos.
“O cenário tende a se agravar se surgirem novos casos, mas mesmo que fique restrito a somente este (do Rio Grande do Sul), acreditamos que as exportações irão ceder pelo menos no próximo mês”, apontou o relatório.
O Brasil sofre embargos totais para sua a carne de frango de importantes importadores, como a China, o principal comprador no ano passado; África do Sul, o quinto importador em 2024; Filipinas, o sexto; União Europeia, o sétimo no ano passado; México, o oitavo; e Iraque, o nono, de acordo com informações do governo e do setor privado.
Na sexta-feira, o ministro de Agricultura, Carlos Fávaro, afirmou que a Coreia do Sul, o décimo principal destino no ano passado, regionalizaria os embargos ao Rio Grande do Sul.
Além desses, outros destinos de menor importância embargaram a carne de frango de todo o país.
Há também um grupo de países importante que suspendeu apenas a carne do Rio Grande do Sul, incluindo Arábia Saudita, quarto principal destino, o que atenua o impacto, já que a indústria pode redirecionar os embarques para Estados não embargados.
Emirados Árabes Unidos e Japão, segundo e terceiro, respectivamente, suspenderam a carne apenas do município de Montenegro, onde foi registrado o foco de gripe aviária em granja comercial.
No domingo, o Ministério da Agricultura descartou sete casos suspeitos de gripe aviária, sendo um em granja comercial em Santa Catarina, que estava sendo investigado.
Outros 12 casos suspeitos são investigados, inclusive um em granja comercial em Tocantins, cujos resultados de exames preliminares já indicaram negativo para gripe aviária. Há investigações em galinhas de subsistência ou em aves silvestres, que não geram embargos.
Na sexta-feira, o ministro Fávaro afirmou que o Brasil está com um sistema “muito ativo de buscas”, sem registros de novos casos, “um forte indício que foco de gripe aviária está contido”.
“O tamanho do impacto nos preços domésticos e, consequentemente, nas margens do setor depende diretamente da extensão do embargo total. Na hipótese de não ocorrerem novos casos, é possível que o país consiga negociar rapidamente a regionalização dos bloqueios, o que suavizaria a queda das exportações”, afirmou o Itaú BBA, acrescentando que não “parece provável que tudo isso seja resolvido em menos de um mês”.
Na última quinta-feira, o país entrou em período decisivo de 28 dias para se autodeclarar livre de gripe aviária, caso nenhum outro caso seja registrado, após um trabalho de desinfecção da granja onde um primeiro caso em criação comercial no país foi detectado.