A jovem opositora venezuelana Ariadna Pinto, de 20 anos, morreu no último sábado (10), após meses de deterioração física causados por negligência médica e maus-tratos durante o período em que esteve presa sob custódia do regime de Nicolás Maduro. A denúncia foi feita pelo Departamento de Direitos Humanos do partido Vente Venezuela, liderado por María Corina Machado, em comunicado publicado nesta segunda-feira (12).
???? Fallece Ariadna Pinto, joven ex presa política que habría sido secuestrada por el régimen durante el contexto postelectoral, en Tinaquillo, estado Cojedes
Ariadna Pinto, tenía 20 años. Desde muy pequeña sufrió de Diabetes Tipo I. A los 19 años fue diagnosticada además con… pic.twitter.com/pIuNu8Sf2y
— DDHH Vente Venezuela (@VenteDDHH) May 12, 2025
Ariadna foi detida arbitrariamente em 1º de agosto de 2024 na cidade de Tinaquillo, estado Cojedes, após ser denunciada por uma dirigente local da Unidade de Batalha Bolívar-Chávez (UBCH), estrutura política e militar ligada ao chavismo. Segundo o Vente Venezuela, ela foi acusada injustamente de diversos crimes.
Portadora de Diabetes Tipo I desde a infância e diagnosticada com hipertensão arterial aos 19 anos, Ariadna apresentou um quadro de saúde extremamente delicado durante sua prisão ilegal. Conforme a denúncia, sua saúde “começou a deteriorar-se de maneira progressiva” e ela “sofria descompensações, retenção de líquidos e convulsões”.
No dia 12 de agosto, a jovem foi hospitalizada por hiperglicemia. Após breve estabilização, foi devolvida ao centro de reclusão sem tratamento contínuo. Em 1º de setembro, precisou ser internada novamente devido a complicações severas, com quadro considerado crítico. Apenas em 7 de dezembro de 2024, já em condição agravada e após forte pressão da família, ela foi libertada.
Após a soltura, foi encaminhada ao Hospital de San Carlos com grave retenção de líquidos e dificuldades respiratórias. Submetida a sessões de diálise, sua saúde permaneceu instável. Em 27 de abril, voltou a ser internada por uma recaída e permaneceu hospitalizada até seu falecimento, em 10 de maio, por parada respiratória.
“A morte de Ariadna não foi gerada só por complicações médicas, é o resultado de tratos cruéis e desumanos que recebeu durante sua reclusão, somado à falta de atenção médica especializada e à violação de seus direitos por parte do sistema criminal que encabeça Nicolás Maduro”, denunciou o Vente Venezuela.
O partido classificou o caso como um exemplo do impacto devastador sofrido por presos políticos no país. “Ela é o reflexo do dano físico, emocional e psicológico que enfrentam os presos políticos na Venezuela. As consequências são devastadoras.”
A denúncia ocorre em um contexto de repressão agravada após as eleições presidenciais de julho de 2024, amplamente denunciadas como fraudulentas. De acordo com atas eleitorais compiladas pela oposição, o vencedor legítimo teria sido Edmundo González Urrutia, candidato da Plataforma Unitária Democrática (PUD), que reuniu a oposição ao chavismo. González Urrutia está refugiado na Espanha neste momento, após ser alvo de perseguição do regime.
“O mundo não pode permanecer em silêncio”, alertou o partido de María Corina. “Hoje, muitos dos nossos presos que são heróis enfrentam condições graves de saúde e suas vidas estão deteriorando-se progressivamente. Não podemos permitir que isso siga ocorrendo.”
A nota do partido conclui com solidariedade à mãe da jovem, Elizabeth Pinto, e um apelo por justiça: “Seguiremos alçando a voz até que haja justiça e reparação para todas as vítimas.”