A Força Aérea de Israel realizou, nas últimas 24 horas, uma das mais intensas ofensivas desde o rompimento da trégua em março, resultando na morte de pelo menos 146 palestinos em Gaza. A informação foi confirmada neste sábado (17) por autoridades de saúde locais, que também relataram centenas de feridos e uma situação crítica nos hospitais da região.
De acordo com Marwan Al-Sultan, diretor do Hospital Indonésio, no norte de Gaza, até meia-noite de sexta-feira (16), foram contabilizados 58 corpos, além de diversas vítimas ainda soterradas sob escombros. “A situação dentro do hospital é catastrófica”, ele declarou.
Ao todo, 459 pessoas ficaram feridas nos bombardeios israelenses mais recentes, que fazem parte da nova fase da “Operação Carroças de Gideão” — ação militar destinada a enfraquecer o grupo terrorista Hamas e recuperar reféns sequestrados no ataque de 7 de outubro de 2023, que vitimou cerca de 1.200 israelenses e resultou na captura de 250 pessoas.
Segundo o exército israelense, os ataques fazem parte de um esforço para ampliar o controle operacional sobre áreas da Faixa de Gaza. Militares relataram o deslocamento gradual de tropas para sinalizar que a campanha terrestre pode ser expandida nas próximas semanas.
Uma fonte da Defesa israelense já havia antecipado que a fase atual da operação só começaria após a visita do ex-presidente norte-americano Donald Trump ao Oriente Médio, encerrada na sexta-feira (16), sem avanços visíveis nas negociações por um novo cessar-fogo.
Bloqueio e crise humanitária
Organizações das Nações Unidas voltaram a alertar para uma crise de fome iminente em Gaza. Há 76 dias, segundo especialistas da ONU, a entrada de ajuda humanitária foi bloqueada por Israel, o que vem agravando o colapso do sistema de saúde local, já extremamente debilitado após 19 meses de confrontos.
Na última sexta-feira, Trump reconheceu a gravidade da situação e ressaltou a necessidade de acelerar o envio de ajuda. Uma fundação apoiada pelos EUA se prepara para iniciar a distribuição de suprimentos até o final de maio, utilizando empresas privadas de segurança e logística. No entanto, a ONU recusou parceria com a entidade, alegando que ela não seria neutra ou independente.
Alvo estratégico: Hamas
Em 5 de maio, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu anunciou que Israel prepara uma ofensiva “intensiva e expandida”, e seu gabinete de segurança aprovou medidas que podem envolver inclusive o controle direto de toda a Faixa de Gaza e da distribuição de ajuda.
Na sexta-feira (16), o exército israelense orientou os civis de Gaza a se deslocarem para o sul, após ataques pesados nas regiões de Beit Lahia e no campo de refugiados de Jabalia. Contudo, moradores relataram que tanques israelenses já estariam avançando na direção de Khan Younis, no sul do território.
Desde o início da guerra, mais de 53 mil pessoas teriam morrido, segundo as autoridades de saúde de Gaza. Praticamente 2 milhões de habitantes foram deslocados, enquanto líderes palestinos, incluindo o Hamas e a autoridade de Mahmoud Abbas, afirmam que não aceitarão qualquer tentativa de expulsar a população de suas terras de origem.