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O primeiro teste comparativo de dois medicamentos de sucesso para perda de peso mostrou que o Mounjaro (tirzepatida), da farmacêutica Eli Lilly, é mais eficaz que o seu concorrente Wegovy (semaglutida), da Novo Nordisk.
Os dois remédios levaram a uma perda de peso substancial, mas a redução de 20% com o Mounjaro, após 72 semanas de tratamento, superou os 14% do Wegovy, de acordo com os resultados do estudo.
Os pesquisadores que lideraram a comparação afirmaram que ambos os medicamentos tiveram um papel no tratamento da obesidade, mas o Mounjaro pode ajudar mais aqueles que precisam perder uma quantidade maior de peso.
Tanto Mounjaro quanto Wegovy “enganam” o cérebro e dão uma sensação de saciedade.
Assim, o paciente come menos e, em vez disso, queima a gordura armazenada no corpo.
Mas diferenças sutis em como eles funcionam explicam a diferença na eficácia.
Wegovy ou Mounjaro?
O Wegovy imita um hormônio liberado pelo corpo após as refeições para ativar um sinalizador químico da saciedade no cérebro.
Já o Mounjaro ativa duas dessas substâncias que atuam no sistema nervoso.
A nova pesquisa, que foi financiada pela Eli Lilly (a fabricante do Mounjaro) envolveu 750 pessoas obesas, com peso médio de 113 kg.
Elas foram selecionadas para tomar a maior dose que pudessem tolerar de um dos dois medicamentos.
Os resultados, apresentados no Congresso Europeu sobre Obesidade, que acontece em Málaga, na Espanha, e publicados no periódico no New England Journal of Medicine, mostraram:
- 32% das pessoas perderam um quarto do seu peso corporal com Mounjaro. Com o Wegovy, essa taxa foi de16%;
- Aqueles que tomaram Mounjaro reduziram em média 18 cm de cintura, ante 13 cm do grupo que fez tratamento com Wegovy;
- Aqueles que usaram Mounjaro apresentaram melhores níveis de pressão arterial, açúcar no sangue e colesterol;
- Os dois grupos tiveram níveis semelhantes de efeitos colaterais;
- As mulheres perderam mais peso que os homens.
O médico Louis Aronne, que conduziu o estudo no Centro de Controle de Peso da Weill Cornell Medicine, em Nova York, nos EUA, concluiu que “a maioria das pessoas com obesidade se sairá bem com a semaglutida (Wegovy)”.
“Aqueles com níveis mais altos de obesidade podem, em última análise, se sair melhor com a tirzepatida (Mounjaro)”, comparou ele.

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Medicamentos disponíveis do Brasil
Tanto o Wegovy quanto o Mounjaro estão aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e podem ser prescritos pelos médicos no tratamento da obesidade.
A tirzepatida, aliás, chegou efetivamente às farmácias brasileiras no início de maio, apesar de já estar liberada desde outubro de 2023.
Por enquanto, esses fármacos não estão disponíveis da rede pública, embora já existam discussões preliminares sobre a eventual incorporação delas no Sistema Único de Saúde (SUS).
Quem precisa fazer o tratamento, portanto, precisa pagar do próprio bolso um valor que supera os R$ 1,2 mil por mês.
Vale lembrar que, como a obesidade é uma doença crônica, esses remédios precisam ser tomados de modo contínuo, sem interrupção.
Desde abril, a Anvisa também mudou as regras sobre a prescrição das chamadas “canetas emagrecedoras”: a partir de agora, as receitas médicas precisarão ser retiradas nas farmácias.
O objetivo é aumentar o controle do uso dessas substâncias e, segundo a agência, “proteger a saúde coletiva do consumo irracional” dessas medicações.
Mais novidades para o futuro?
Uma enorme quantidade de pesquisas sobre medicamentos para perda de peso ainda está em andamento.
Diferentes grupos de pesquisa testam doses mais altas desses remédios e novas formas de fazer o tratamento, como por meio de comprimidos orais.
Há também a possibilidade de outros princípios ativos ainda mais potentes chegarem ao mercado nos próximos anos.
Isso significa que o vencedor final das terapias contra a obesidade ainda não foi determinado.
O professor Naveed Sattar, da Universidade de Glasgow, na Escócia, afirma que a quantidade de pesquisas em andamento significa que podemos estar nos aproximando do ponto em que “a prevenção da obesidade também poderá ser possível”.
No entanto, segundo ele, “seria muito melhor” tornar a sociedade mais saudável para evitar que mais pessoas desenvolvam a obesidade.