Jason Guthrie, chefe de produto da gestora de ativos WisdomTree, diz estar otimista apesar da notável falta de hype que normalmente acompanha um mercado em alta de criptomoedas.
Não houve um “caso de uso realmente especulativo que normalmente impulsiona esses ciclos de mercado”, como as ofertas iniciais de moedas (ICOs), tokens não fungíveis (NFTs) ou empréstimos em DeFi, disse Guthrie ao Cointelegraph durante o evento Consensus.
“Dessa vez, continuamos vendo a classe de ativos acumulando valor, continuamos vendo as empresas construídas com essa tecnologia crescerem em receita, base de clientes e inovação — tudo isso sem se apoiarem em um desses casos de uso que, francamente, são menos úteis,” afirmou.
O boom das ICOs começou em 2017 com cerca de US$ 4,9 bilhões arrecadados. Em 2018, esse valor saltou para US$ 33,4 bilhões. Já em 2019, caiu para pouco mais de US$ 370 milhões e nunca mais voltou aos patamares anteriores.
Os NFTs também tiveram seu momento, com um pico de popularidade em 2020 que continuou até atingir o auge em 2022, com volume de negociações chegando a US$ 57,2 bilhões e o número de vendas no mercado atingindo 121,7 milhões. Desde então, o mercado esfriou.
“Acho que o fato de ainda estarmos saudáveis sem depender de um desses impulsos é um sinal muito, muito positivo,” disse Guthrie.
Mercado mais maduro neste ciclo, apesar do hype das memecoins
A capitalização total do mercado cripto atingiu um novo recorde histórico de US$ 3,71 trilhões em 9 de dezembro do ano passado, com muitas criptomoedas registrando ganhos significativos de preço, segundo a CoinMarketCap.
Neste ciclo, também houve uma tendência crescente de empresas, como a varejista de videogames GameStop Corporation, e países, com a Ucrânia sendo possivelmente a mais recente, adotando criptoativos para reservas e tesourarias.
“Acho que isso está começando a parecer um mercado mais maduro, que realmente está se consolidando em termos de proposta de valor e casos de uso,” afirmou Guthrie.
“Eu sei que houve um pouco de movimento com memecoins, especialmente em torno da Solana, mas não parece nem de perto tão prevalente quanto os hypes anteriores,” acrescentou.
Houve um surto de atividade em memecoins após o lançamento da memecoin do presidente dos EUA Donald Trump em 18 de janeiro, quando a plataforma Pump.fun registrou um recorde de US$ 3,3 bilhões em volume semanal de negociação.
No entanto, o entusiasmo pelas memecoins caiu após uma série de lançamentos malsucedidos e golpes do tipo “rug pull” que afastaram os investidores, como o caso do Libra (LIBRA).
No fim das contas, Guthrie acredita que ainda há “muita inovação por vir” e que ainda estamos nos “primeiros dias,” mas o mercado está mais maduro e apresenta maior sustentabilidade em comparação com ciclos anteriores.
Reportagem adicional de Sam Bourgi.