Existem diversos fenômenos no espaço que são extremamente agressivos aos seres humanos. Felizmente, na maioria das vezes, a Terra absorve esses impactos e protege a população. Mas nem todos os planetas têm essa mesma proteção. Um estudo sugere que o clima espacial pode afetar diretamente alguns exoplanetas, mudando completamente o destino desses mundos.
De acordo com um artigo publicado no servidor de pré-impressão arXiv, alguns exoplanetas são mais vulneráveis à radiação ultravioleta extrema (EUV) e aos raios X provocados pelo clima espacial. Os autores destacam que esses corpos celestes orbitam estrelas jovens propensas a erupções estelares e podem sofrer esses efeitos com mais intensidade.
A maioria dos estudos com temas parecidos utiliza modelos de coluna única, uma técnica que analisa apenas uma parte vertical da atmosfera de exoplanetas. Eles focam em características como umidade, energia e temperatura em uma região específica.
O novo estudo adotou modelos em 3D, capazes de simular toda a atmosfera de um corpo celeste; um método que oferece uma visão mais completa e realista. Neste caso, os pesquisadores se concentraram em analisar os efeitos das erupções estelares e das partículas energéticas.
“Eventos de clima espacial em ambientes planetários, originados por emissões transitórias da estrela hospedeira, incluindo erupções estelares, ejeções de massa coronal e eventos de prótons estelares, podem influenciar substancialmente o clima e a evolução atmosférica de um exoplaneta”, os cientistas descrevem na introdução do estudo.
Clima espacial em exoplaneta
Os efeitos desses fenômenos foram observados em simulações de planetas semelhantes ao TRAPPIST-1e, um exoplaneta que orbita uma estrela anã ultrafria a aproximadamente 39 anos-luz da Terra. Trata-se de um planeta rochoso, parecido com a Terra, mas com massa e gravidade menores.
A ciência estuda o TRAPPIST-1e desde 2017, quando ele foi descoberto. Nos últimos anos, os pesquisadores tentam descobrir se o planeta tem atmosfera e se pode ter água líquida na superfície, já que ele está na zona habitável da sua estrela.
Nomeada TRAPPIST-1, esse tipo de estrela pode gerar supererupções causadas por efeitos da magnetosfera e da cromosfera. Após analisarem as simulações, os autores perceberam que clima espaciais semelhantes podem afetar a atmosfera de exoplanetas próximos ao longo do tempo.
O impacto é tão intenso que pode provocar a perda de água e hidrogênio, gerando anomalias climáticas, aumento das temperaturas e alterações significativas na dinâmica atmosférica do planeta.

“Nossos resultados sugerem que sucessivos eventos eruptivos energéticos de estrelas jovens podem ser fatores decisivos na determinação da dinâmica atmosférica de seus planetas”, o artigo acrescenta.
Os resultados não trazem evidências diretas, e sim simulações do que poderia ocorrer com um planeta exposto a essas condições. É importante destacar que o estudo será publicado na revista científica da American Astronomical Society, mas ainda não passou por revisão por pares.
Estrelas jovens podem lançar radiação tão intensa que alteram completamente o clima de mundos próximos; mas o planeta que chamamos de “casa” faz o que muitos não conseguem. Quer saber mais? Entenda como o clima espacial afeta a Terra. Até a próxima!