A sugestão do ex-presidente Michel Temer (MDB) para que governadores de direita se unam em torno de uma única candidatura à Presidência da República em 2026 provocou forte reação entre aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), especialmente do pastor Silas Malafaia. O embate ganhou força após entrevista de Temer ao programa Canal Livre, da Band, exibida no domingo (11).
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Durante o programa, Temer defendeu a articulação de um nome único na chamada centro-direita como estratégia para enfrentar o provável favoritismo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
— É importante que a chamada centro-direita tenha um programa. Nas conversas que eu tive com os governadores, vejo que eles estão muito dispostos. São cinco governadores; se saírem cinco candidatos, e apenas um do outro lado (Lula), é claro que o candidato do outro lado terá uma vantagem extraordinária — afirmou o emedebista.
A declaração incomodou lideranças bolsonaristas, especialmente pelo fato de Temer não ter mencionado Jair Bolsonaro — atualmente inelegível — nem sua possível substituta nas urnas, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. Para o pastor Silas Malafaia, aliado próximo do ex-presidente, a omissão foi inaceitável.
“Se existe uma articulação para um candidato da direita, caso o vergonhoso impedimento de Bolsonaro persista, o senhor esqueceu do nome mais bem avaliado nas pesquisas: Michelle”, disse Malafaia, em suas redes sociais.
Segundo o pastor, Michelle Bolsonaro reúne apoio de três segmentos fundamentais para a direita: os bolsonaristas fiéis, as mulheres e os evangélicos.
A reação não ficou restrita ao pastor. O ex-secretário-executivo do Ministério das Comunicações e atual assessor de Bolsonaro, Fabio Wajngarten, também se manifestou, classificando como “palhaçada” qualquer tentativa de articulação da direita que exclua o ex-presidente ou seus indicados diretos. “Se continuarem com essa palhaçada, vou manobrar dia e noite por uma chapa pura”, escreveu Wajngarten no X (antigo Twitter).
Michel Temer também falou na entrevista sobre sua própria trajetória política e disse sentir falta de ser presidente. No entanto, descartou totalmente a possibilidade de voltar a disputar cargos eletivos.
— Eu descarto. Passei 32 anos na vida pública, ocupei praticamente todos os cargos na República, inclusive a Presidência do Brasil. Então confesso que não tenho mais disposição para tanto. O que faço, às vezes, é dar alguns palpites. De vez em quando as pessoas me procuram pedindo conselhos, muito delicadamente, na área pública e política. Eu digo que conselho não dou, mas palpite, sim — afirmou.