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sábado, maio 24, 2025

Que fim levou a Oi, uma das maiores operadoras de telefonia do país?

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Durante muitos anos, o Brasil teve um quarteto de empresas de telecomunicação que competiam em vários mercados e tinham grande presença em todos eles. São as operadoras Tim, Vivo, Claro e Oi, que disputavam terreno em segmentos como internet banda larga, telefonia fixa ou móvel e televisão por assinatura.

Desses nomes, um deles teve uma trajetória mais turbulenta na última década: a Oi. Após um início muito promissor e várias promessas ousadas de funcionamento, a Oi passou por problemas financeiros e administrativos que quase a levaram ao processo de falência mais de uma vez — algo que deixa consequências até hoje.

Mesmo sem ter mais o mesmo tamanho e importância no mercado, a Oi segue como um nome relevante em algumas áreas e é bastante lembrada pelo consumidor. Pensando nisso, o TecMundo reúne abaixo algumas curiosidades e informações sobre a história dessa operadora para descobrir, afinal, por onde anda essa companhia.

A origem do grupo Oi

O início das atividades da Oi como empresa é parecido com o de várias marcas brasileiras dessa mesma área. A companhia foi fundada em 1998, ano da privatização da telefonia no Brasil. O processo tirou os poderes únicos e formalizou o desmembramento da então estatal Telebrás em vários braços regionais, que na telefonia fixa incluíam nomes como:

  • a Telesp, comprada pelo grupo espanhol Telefônica, atual dono da Vivo;
  • a Tele Centro Sul, uma união de várias companhias estaduais, como a Telepar e a Telegoiás, controlada por um consórcio chamado Timepart;
  • a Tele Norte Leste, que concentrava 16 operadoras estaduais (incluindo a Telerj, do Rio de Janeiro) e inicialmente tinha controle majoritário da Andrade Gutierrez;
  • e a Embratel, que já atuava sob esse nome como empresa pública, mas foi vendida para um grupo de investidores).

Segundo maior grupo da lista em valor de mercado, a Tele Norte Leste muda de nome em 1999 para Telemar e passa a ter até mesmo o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no quadro de acionistas. Já em 2001, o grupo de 16 operadoras é consolidado em uma única empresa, que expande para o setor de internet banda larga com a marca Velox e serviços de call center com a subsidiária Contax.

A empresa nasceu como a divisão de telefonia móvel da Telemar. (Imagem: Reprodução/Oi)

O nome Oi nasce oficialmente em março de 2002 apenas como a divisão de telefonia móvel da Telemar, após vencer um leilão de frequências da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Porém, o sucesso dessa divisão foi tamanho que, cinco anos depois, ela unifica a marca Oi para todos os serviços — telefonia fixa, móvel e banda larga — e abandona o nome antigo.

A expansão continua com a aquisição da Brasil Telecom (antiga Tele Centro Sul) em 2008 e, meses depois, da popular provedora BrTurbo. Isso permitiu que a Oi finalmente tivesse atuação em todo o território nacional. Dois anos depois, ela faz ainda uma “aliança industrial” com a Portugal Telecom, que resulta na compra de uma participação na operadora europeia.

Telefone Orelhão da Oi
Os orelhões da Oi para telefonia pública também marcaram época. (Imagem: José Cruz/Agência Brasil)

A empresa ainda apostou alto em marketing, com várias propagandas de sucesso na televisão. É o caso da campanha “Quem ama, bloqueia”, que anunciava a venda apenas de celulares desbloqueados (ou seja, sem vínculo obrigatório com o plano de uma operadora) nas lojas da companhia.

Ela também teve presença constante em torneios esportivos, incluindo a Copa do Mundo de 2014 no Brasil, onde ela também atuou no fornecimento da infraestrutura de telecomunicações.

A crise da Oi

A trajetória da operadora Oi tem uma mudança brusca em 2016. No início do ano, a situação não parecia ruim: ela lança uma nova identidade visual e lança o Oi Total, um pacote de assinatura de todos os serviços oferecidos pela companhia. Além disso, ela era líder em telefonia fixa, com 70 milhões de clientes.

Mas boa parte do público foi pega de surpresa em junho do mesmo ano, quando a Oi entra com um pedido até então recorde de recuperação judicial para evitar falência e renegociar dívidas, que já estavam em R$ 65 bilhões.

O processo se prolongou por anos, envolveu a reestruturação da base de acionistas e a organização da Oi em um conselho de administração. Ela também precisou abandonar alguns mercados, vendendo as seguintes divisões:

A negociação histórica do segmento de sinal de celular e internet 3G e 4G foi o processo mais complicado: as rivais tiveram trabalho em convencer órgãos reguladores da aquisição e divisão de clientes, levando mais de um ano entre o anúncio e a autorização final da compra.

Ainda assim, a situação não se resolveu: em 2023, meses após a conclusão do primeiro processo, a Oi pede uma segunda recuperação judicial, agora com R$ 44 bilhões registrados em dívidas e menos ativos para serem negociados — após encerrar a plataforma de streaming e TV Oi Play, ela passou apenas a apostar no Oi Fibra, que é o serviço de internet banda larga por fibra ótica.

O que aconteceu com a Oi?

Chamada até de “supertele” no auge, hoje a atuação da Oi é bem diferente do que ela oferecia aos clientes no seu período mais frutífero e mal se parece com a companhia original. No fim de 2024, ela fez uma nova mudança na estrutura e deixa de ser uma empresa com concessão pública de telefonia fixa. O período era delicado, com a empresa correndo risco de passar por uma intervenção federal caso não conseguisse manter os serviços.

Em outras palavras, ela deixa de ter a obrigação de fornecer planos de telefonia no território nacional — exceto onde ela é a única provedora privada, em acordo válido até o final de 2028. Além disso, ela se comprometeu a realizar investimentos para garantir a conectividade de escolas, além da implantação de cabos submarinos e data centers.

Essas ações serão executadas pela V.tal, criada a partir dos ativos da Oi controlados pela BTG Pactual e que fornece infraestrutura para outras empresas. Além dessa proximidade, a própria operadora vendeu a unidade de banda larga via fibra e TV por assinatura para a V. tal em 2025. Com essa troca de gestão e sem perder os 4 milhões de clientes, a Oi Fibra passa a se chamar Nio.

Atualmente, além de buscar recursos por meios judiciais e tentar aliviar a segunda recuperação judicial, a maior parte da receita da empresa é da Oi Soluções. Essa é uma divisão de negócios voltada para soluções no mercado corporativo e governamental, com um catálogo de serviços como computação em nuvem, segurança digital, Big Data e Internet das Coisas.

O site da Oi Soluções
O atual site da companhia foca na área corporativa e na saída da internet banda larga. (Imagem: Reprodução/Oi)

Apesar do início promissor, assim como as demais herdeiras da Telebras, a Oi encarou uma séries de problemas de gestão, que incluíram muitas trocas na presidência e discordâncias com os acionistas. Decisões hoje vistas como equivocadas, como aquisições caras demais e que não se pagaram, ajudaram a piorar as contas de uma empresa que também via a cada ano o aumento da concorrência em mercados muito disputados.

 

[Fonte Original]

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