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domingo, maio 11, 2025

Robert Francis Prevost: um novo Leão para uma nova revolução

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Por Ben-Hur Correia e Pedro Pongelupe*

Em 1891, diante das profundas transformações da Revolução Industrial, a Igreja Católica ousou responder. O Papa Leão XIII publicou a encíclica Rerum Novarum, marco inaugural da Doutrina Social da Igreja. Naquele documento, ele reconhecia as “coisas novas” — rerum novarum, em latim — que emergiam com as máquinas, as fábricas e o novo papel do trabalho. Foi uma resposta ética e espiritual a uma revolução que redesenhava as bases da convivência humana.

Hoje, mais de um século depois, um novo Leão ocupa o trono de Pedro. O Papa Leão XIV não esconde a razão da escolha de seu nome. Segundo o jornal La Tribuna, que ouviu o cardeal Ladislav Nemet, o Papa declarou aos cardeais logo após a eleição: “Estamos no meio de uma nova revolução — uma revolução digital”.

A afirmação é tão simbólica quanto estratégica. Se a Revolução Industrial exigiu da Igreja uma nova visão sobre justiça social, a Revolução Digital — protagonizada pela inteligência artificial, automação, algoritmos e plataformas globais — exige um novo discernimento moral. A inteligência artificial (IA) molda mercados, substitui empregos, influencia eleições, redefine conceitos como liberdade, verdade e até identidade.

O Papa Francisco, atento a esses sinais, já havia iniciado essa conversa com a publicação do documento Antiqua et Nova, que propõe um olhar espiritual e filosófico sobre a convivência entre a inteligência natural e a artificial. Ao denunciar os riscos da “ditadura tecnológica” e defender princípios universais de responsabilidade e equidade digital, ele preparou o terreno para que a sucessão papal fosse sensível a essa nova era. A escolha de Leão XIV, matemático de formação, é também sinal de continuidade e atualização.

A Igreja está, mais uma vez, diante do desafio de oferecer um norte ético diante do desconhecido. Não se trata apenas de vigiar os excessos da tecnologia, mas de iluminar seu uso com princípios morais. Chegamos, portanto, ao limiar de uma nova Rerum Novarum — não mais sobre o vapor das fábricas, mas sobre os circuitos de silício, as redes neurais e os algoritmos que estruturam a economia dos dados.

*Ben-Hur Correia é jornalista e pesquisador em IA, Pedro Pongelupe é empresário

[Fonte Original]

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