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terça-feira, julho 1, 2025

BC eleva a Selic a 15%, maior patamar desde julho de 2006, e sinaliza parada do ciclo de alta

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O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) fez o sétimo aumento consecutivo na taxa básica de juros, a Selic, e a elevou de 14,75% para 15% ao ano nesta quarta-feira. Além disso, o colegiado sinalizou uma interrupção do ciclo, se confirmado o cenário esperado, e indicou a necessidade de um período “bastante prolongado” de juros altos.

A decisão unânime colocou a Selic no maior patamar desde julho de 2006. Segundo o colegiado, a interrupção no ciclo servirá para examinar os impactos acumulados do ciclo (a Selic passou de 10,50% para 15% ao ano desde setembro de 2024) e as repercussões que ainda serão observadas na economia, já que a política monetária tem efeitos defasados sobre a atividade.

Segundo o Copom, ao examinar esses impactos, será possível “avaliar se o nível corrente da taxa de juros, considerando a sua manutenção por período bastante prolongado, é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta”.

No comunicado da decisão, o colegiado também destacou que “seguirá vigilante” e que os passos futuros da política monetária “poderão ser ajustados”. O Copom destacou que “não hesitará em prosseguir no ciclo de ajuste caso julgue apropriado”.

Antes da reunião, o mercado estava dividido entre uma elevação de 0,25 ponto percentual e a manutenção dos juros no patamar de 14,75% ao ano. Segundo pesquisa feita pelo Valor com 126 instituições, 38% tinham a expectativa da alta e 62% esperavam que colegiado mantivesse a Selic inalterada.

No balanço de riscos para a inflação, o Copom manteve três fatores de alta e três de baixa, e destacou que eles “seguem mais elevados que o usual”.

Entre os riscos de alta, foram mencionadas a desancoragem das expectativas de inflação por período mais prolongado, uma resiliência maior que a projetada na inflação de serviços “em função de um hiato do produto [medida de ociosidade da economia] mais positivo” e “uma conjunção de políticas econômicas externa e interna que tenham impacto inflacionário maior que o esperado, por exemplo, por meio de uma taxa de câmbio persistentemente mais depreciada”.

Já nos riscos de queda da inflação, permaneceram o de desaceleração da atividade econômica local “mais acentuada do que a projetada”, “uma desaceleração global mais pronunciada decorrente do choque de comércio e de um cenário de maior incerteza” e “uma redução nos preços das commodities com efeitos desinflacionários”.

A ata da reunião de maio destacava um debate entre os membros do colegiado sobre o balanços de risco: se estaria levemente assimétrico, mas menos que no encontro anterior, ou se seria possível defini-lo como neutro.

No comunicado desta quarta-feira, que é um documento mais enxuto que a ata, não houve menção ao debate sobre simetria ou assimetria do balanço. A ata desta reunião será divulgada na semana que vem.

Sobre o ambiente externo, o Copom continuou destacando um cenário adverso e “particularmente incerto”, considerando a conjuntura e a política econômica dos Estados Unidos. O comitê destacou as “políticas comercial e fiscal” americanas e seus efeitos. No comunicado anterior, a menção era apenas à política comercial.

A política fiscal do governo Donald Trump tem afetado os mercados nas últimas semanas. Um projeto defendido pelo presidente dos Estados Unidos, que chama o texto de “lei grande e linda”, diminui impostos e pode levar ao aumento do déficit fiscal do país, também pressionando a dívida americana.

Para o Copom, esse cenário tem afetado o comportamento e a volatilidade de ativos e se refletido nas condições financeiras globais. “Tal cenário segue exigindo cautela por parte de países emergentes em ambiente de acirramento da tensão geopolítica” disse no comunicado.

Ao analisar o cenário brasileiro, o texto destacou que ainda há “algum dinamismo” no conjunto de indicadores de atividade e mercado de trabalho, mas ressaltou que se observa “certa moderação no crescimento”. No comunicado anterior, havia uma menção uma “incipiente moderação no crescimento”. O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) de abril mostrou crescimento de 0,16% em relação ao mês anterior, algo visto por especialistas como uma desaceleração.

O comunicado afirmou que o Copom continua acompanhando “com atenção” aos desenvolvimentos da política fiscal e seus impactos na política monetária e nos ativos financeiros. De acordo com o colegiado, o cenário ainda é marcado por expectativas desancoradas, projeções de inflação elevadas, resiliência na atividade e pressões no mercado de trabalho.

A mediana das projeções para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para 2025 caiu de 5,44% para 5,25% na última semana, de acordo com o relatório Focus. Para 2026 e 2027, a mediana permaneceu em 4,50% e 4%, respectivamente. A meta de inflação é de 3% com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual.

O Copom também atualizou suas projeções para o cenário de referência da inflação. O IPCA para 2025 passou de 4,8% na reunião de maio para 4,9% na desta semana e, para 2026, foi mantida em 3,6%.

“Para assegurar a convergência da inflação à meta em ambiente de expectativas desancoradas, exige-se uma política monetária em patamar significativamente contracionista por período bastante prolongado”, disse no comunicado.

[Fonte Original]

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