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O Bank of America (BofA) rebaixou a recomendação das ações brasileiras de “overweight” (acima da média do mercado) para “marketweight” (neutra) pela primeira vez em três anos. Os analistas liderados por David Beker justificam a decisão devido à perda de tração nos gatilhos domésticos e a uma visão cautelosa sobre as principais commodities do índice, como o petróleo e o minério de ferro.
Entre os riscos para os ativos domésticos, o banco destaca os ruído políticos, a deterioração fiscal e as frustrações com o ritmo de avanço da agenda de reformas.
Apesar do desempenho superior da América Latina em 2025, com retorno total de 25% no acumulado do ano e potencial de continuidade, o BofA avalia que os indicadores técnicos estão menos favoráveis do que há alguns meses. Hoje, 67% das ações do Ibovespa operam acima da média móvel de 200 dias, o maior patamar desde agosto de 2024, enquanto no índice MSCI América Latina este número chega a 80%, o nível mais alto desde janeiro do mesmo ano.
Assim, os analistas apontam que o indicador de apetite por risco (“risk-love”) do BofA mostra leituras próximas da euforia, o que é um sinal de alerta para uma tendência de baixa. “Nas últimas semanas, o foco dos investidores mudou das tensões comerciais (que já atingiram o pico) para questões domésticas, como o cenário fiscal no Brasil, e atividade econômica, remessas e reformas no México”, escrevem em relatório.
O banco diz, porém, que segue mais “dovish” (suave) do que à média do mercado em relação aos juros de curto prazo, prevendo a Selic em 11,25% ao fim de 2026, enquanto os demais agentes financeiros precificam em 12,9%. Mesmo assim, o BofA reitera que a baixa visibilidade sobre as taxas de longo prazo e os lucros esperados para 2026, combinada com preocupações fiscais e as eleições do próximo ano, limitam o potencial dos ativos.
Por outro lado, o banco afirma que muitas empresas estão ajustando seus balanços, e sinais positivos já foram evidenciados no primeiro trimestre.
O BofA mantém sua preferência às ações locais em vez de setores ligados a commodities pesadas, embora os papéis domésticos tenham se valorizado ao longo do ano. No portfólio, o banco retirou Localiza (RENT3) e Assaí (ASAI3), por falta de gatilhos após o rali recente; reduziu a recomendação de Petrobras (PETR4) para neutra e manteve Vale (VALE3) com posição abaixo da média do mercado. Além disso, adicionou Hypera (Hype3) por sua avaliação atrativa e geração de caixa.