Desde 2022, a indústria de fundos multimercados não apresenta um bom desempenho. A rentabilidade neste período ficou abaixo dos principais indicadores de mercado, como o Certificado de Depósito Interbancário (CDI). Essa categoria também registrou, nos últimos três anos, captação negativa e não conseguiu estancar os saques de recursos que, apenas em 2024, chegaram a R$ 356 bilhões, segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). Várias gestoras, contudo, têm sido capazes de contornar essa situação.
Luis Stuhlberger, CIO e CEO na Verde Asset Management, diz que, antes de tudo, é preciso interpretar os mercados e fazer hedge quando se antevê situações adversas. Essa postura de defesa contra eventuais riscos costuma ser adotada pela gestora em cenários desfavoráveis. Isso explica, segundo o executivo, o destaque do fundo Verde CSHG FIC FIM no Guia Valor de Fundos de Investimento entre os 10 fundos multimercados com a melhor relação risco retorno.
“O fundo opera em sua maior parte em mercados líquidos, renda fixa, câmbio, ações e commodities, no Brasil e no exterior. De alguns anos para cá substituímos uma parte do que era investido em ações, perto de 15% em média do patrimônio líquido, para o mercado de crédito e isso tem-se mostrado uma estratégia bem sucedida”, diz Stuhlberger. Com operações de renda fixa no Brasil e no exterior, tomando juros nos Estados Unidos e na Europa em 2022 e 2023 e no Brasil em 2024, o hedge contra condições macroeconômicas piores vindas do aumento dos juros propiciou ao fundo uma parte significativa de ganho acima do esperado, diz o gestor.
Igualmente entre os 10 multimercados com a melhor relação risco retorno, o fundo Armor Axe FIC FIM, gerido pela Armor Capital, nunca ficou abaixo dos 100% do CDI desde que foi criado, segundo Alfredo Menezes, CEO e CIO da Armor. “Somos muito severos com o risco. Se estamos comprados em um ativo, estamos vendidos também em outro porque isso nos protege”, diz Menezes.
Neste momento de maior volatilidade após as medidas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o fundo tem se posicionado na bolsa brasileira, em Notas do Tesouro Nacional e, principalmente, em moedas. “O grande gerador de ganho do fundo são moedas, especialmente o real, o peso mexicano e o euro. “A expertise da casa são moedas”, afirma Menezes.
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Destaque na categoria Multimercado Baixa Volatilidade, o fundo Galapagos Evolution FIF FIC Mult embute quatro estratégias que rodam independentes, diz Fabio Guarda, sócio e CIO da Galapagos Capital Asset Management. Uma estratégia é composta pelo crédito, outra por renda variável. Uma terceira é a macro discricionária e a quarta, a estratégia sistemática ou quantitativa, identifica as oportunidades de ganho usando algoritmos e modelos matemáticos.
“Nos últimos seis meses acabamos tendo posições bastante pontuais em commodities agrícolas, tanto industriais quanto agrícolas e petróleo. Montamos posições compradas em diversas commodities, com bastante ênfase em ouro. Vendemos bolsa americana e tomamos juros americanos”, conta Guarda. O conjunto desse portfólio, segundo o gestor, reduziu o risco da carteira e registrou um retorno acima do previsto. Hoje, diz Guarda, 25% do patrimônio do fundo está alocado em commodities.
O ItauGold Distribuidores FIC FIM, da Itau Asset, é destaque entre os fundos multimercados com a melhor relação risco retorno. “Estamos 100% posicionados em ouro. É uma estratégia indexada que protege o investidor das perdas em momentos de turbulência. E hoje temos uma turbulência que torna a diversificação de ativos extremamente relevante, principalmente num ambiente onde houve revisões de cenário, diz Renato Eid, superintendente de estratégias indexadas e investimento responsável da Itaú Asset.
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Outro destaque da gestora na mesma categoria dos muntimercados com a melhor relação risco retorno é o fundo Itau Optimus Extreme PVT FIC FIM, que priorizou, ao longo do ano de 2024, os mercados locais, onde tem 60% dos ganhos com renda fixa. Pablo Salgado, gestor da família de fundos Optimus na Itaú Asset, diz que, enquanto boa parte do mercado apostou no corte de juros pelo Banco Central, a gestora fez o caminho inverso. “Sempre fomos otimistas com a economia brasileira, que haveria mais crescimento e que, portanto, não havia muito espaço para o Banco Central cortar juros naquele momento”, diz Salgado. Isso levou o fundo a se posicionar no mercado brasileiro, em particular na renda fixa, em 2024, entregando maiores ganhos com juros.
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Na lista dos mais rentáveis na categoria Alocação Multimercados com melhor relação risco retorno, o fundo Itaú Seleção Multifundos Genesis FIC FIM montou uma carteira de novos produtos que passou a ser gerida por novos gestores e que replicou seu benchamark. “O que a gente fez um pouco mais diferente na carteira foi aumentar a parcela de long short”, diz Marcelo Segalis, superintendente da área de Fund of Funds do Itaú. A estratégia, afirma ele, permite que o fundo ganhe tanto na alta quanto na baixa do mercado. Além dos novos produtos, o fundo trouxe sete novos gestores.