A primeira sessão útil de junho foi marcada pela forte volatilidade do Ibovespa. Depois de abrir em alta, o índice perdeu força ao longo do pregão e fechou em queda de 0,18%, aos 136.787 pontos, oscilando entre os 136.483 pontos e os 138.471 pontos. O avanço das ações de commodities ajudou a conter uma queda maior da principal referência acionária da bolsa.
Do lado local, o sentimento de maior cautela de investidores tem como pano de fundo o “cabo de guerra” travado entre vários setores da sociedade, o Congresso e o governo em torno de eventuais mudanças no aumento do IOF. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse hoje que uma solução para o impasse deve ser conhecida antes da viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) amanhã à noite.
A piora da perspectiva do rating soberano pela Moody’s, de positiva para estável, também pesou sobre o humor dos investidores na sessão.
Já do lado internacional, a decisão do presidente Donald Trump de ampliar tarifas sobre aço e alumínio importados pelos EUA ajudou a elevar os receios do mercado quanto ao desenrolar da política comercial americana. Durante a tarde, porém, a confirmação vinda da Casa Branca de que representantes chineses e americanos devem voltar a se encontrar no fim de semana fez as bolsas de Nova York voltarem a uma só direção, de alta.
Para a XP, a visão para a bolsa brasileira permanece mais construtiva no médio prazo, mas é possível que haja uma correção no curto prazo, ao considerar a valorização de 1,5% em reais em maio e a alta de 23% em dólares do Ibovespa em 2025.
A equipe liderada pelo estrategista-chefe, Fernando Ferreira, avalia que o valuation da bolsa local permanece atrativo em 7,9 vezes o preço sobre o lucro, embora o prêmio de risco das ações não esteja tão atrativo assim. Nesse contexto, a XP elevou o preço-alvo do Ibovespa de 149 mil para 150 mil pontos para o fim de 2025, em meio à nova queda das taxas das NTN-Bs (títulos atrelados à inflação) de longo prazo. A corretora já havia aumentado sua estimativa de 145 mil para 149 mil pontos no início de maio.
O Santander também elevou hoje a projeção para o índice no fim deste ano, de 145 mil para 160 mil pontos. Nos cálculos do banco, o custo de capital pode cair de 16,5% para 15,5% e o crescimento de lucros projetado para as empresas do índice poderia chegar a 9% em 2025.
Para os especialistas do banco, as ações brasileiras podem estar perto de uma nova fase, que busca recompensar a seletividade em detrimento da ampla exposição setorial. “Dado o cenário externo mais favorável (incluindo um dólar mais fraco), daqui em diante, o mercado provavelmente dará cada vez mais peso aos fundamentos ‘bottom-up’, em nossa opinião.”
Em um pregão de avanço nos preços do petróleo, as ações da Petrobras fecharam em alta: as PN subiram 0,58%, enquanto as ON avançaram 0,30%. Os papéis chegaram a abrir com ganhos de mais de 2%, mas perderam fôlego ao longo do dia, especialmente após o anúncio da redução do preço da gasolina, que tende a diminuir a receita da empresa.
Já os papéis da Vale tiveram alta de 0,88%, mesmo sem a referência dos preços do minério de ferro na bolsa de Dalian, que ficou fechada hoje.
Entre as maiores altas, Metalúrgica Gerdau PN avançou 5,14% e Gerdau PN ganhou 5,05%. Como a Gerdau tem operações nos Estados Unidos, a avaliação de analistas do BTG Pactual é que ela é diretamente beneficiada por maiores tarifas de importação sobre o aço no país. Por outro lado, ações da CSN Mineração estiveram entre os maiores recuos, no valor de 2,77%.
Já as ações da São Martinho lideraram as maiores perdas, com queda de 4,82%, em um dia de recuo do dólar frente ao real. O volume financeiro do Ibovespa na sessão foi de R$ 16,2 bilhões e de R$ 20,8 bilhões na B3. Em NY, os principais índices fecharam no positivo: o Nasdaq subiu 0,67%; o S&P 500 avançou 0,41%; e o Dow Jones teve alta de 0,08%.