Ibovespa volta a superar os 137 mil pontos com ajuda de Petrobras e bancos

O rebaixamento das ações brasileiras de compra para neutro pela primeira vez em três anos pela equipe do Bank of America (BofA) ajudou a limitar um pouco da alta. Os analistas justificaram a decisão devido à perda de tração nos gatilhos domésticos e a uma visão cautelosa sobre as principais companhias ligadas a commodities do índice, como aquelas relacionadas a petróleo e minério de ferro.

Para o BofA, os indicadores técnicos também estão menos favoráveis do que há alguns meses. Hoje, 67% das ações do índice operam acima da média móvel de 200 dias, o maior patamar desde agosto de 2024, enquanto no índice MSCI América Latina este número chega a 80%, o nível mais alto desde janeiro do mesmo ano.

Assim, os profissionais do banco apontam que o indicador de apetite por risco (“risk-love”) mostra leituras próximas da euforia, o que é um sinal de alerta para uma tendência de baixa.

O mau humor instaurado em Wall Street perto do fim do pregão também ajudou a reduzir parte da alta no fim da sessão. Segundo o jornal “The Wall Street Journal”, Pequim está impondo um limite de seis meses às licenças de exportação de terras raras para montadoras e fabricantes dos EUA, o que frustrou investidores.

O aumento das tensões entre os Estados Unidos e o Irã também intensificou a aversão a risco, mas provocou uma alta forte nos preços do petróleo que teve reflexo direto nas ações da Petrobras: as PN da petroleira subiram 3,33%, ao passo que as ON da estatal tiveram ganhos de 2,93%.

Ações de bancos também se destacaram entre as maiores valorizações. As units do Santander subiram 4,65% e lideraram os ganhos do Ibovespa na sessão. Analistas do UBS BB elevaram a recomendação dos papéis de neutro para compra, aumentando também o preço-alvo de R$ 30 para R$ 38.

Durante a sessão, a notícia de que a federação composta pelo União e pelo Progressistas (PP) fechará questão contra a Medida Provisória (MP), que deve ser apresentada em breve pelo governo com alternativas ao aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), alimentou um aumento das incertezas.

Em meio a uma série de ruídos em torno da MP, operadores destacam que o mercado tem apresentado um comportamento bastante volátil. O gestor de renda variável da Oby Capital, Inácio Ponchet, destaca que a bolsa brasileira está operando com uma dinâmica diferente de seis meses ou um ano atrás, em que a pauta fiscal tinha maior influência no preço dos ativos.

“A dinâmica de ‘trade’ mudou, não só na bolsa, mas no câmbio. Por exemplo, ontem era uma sessão potencialmente ruim. O câmbio estava R$ 5,58 e podia ir a R$ 5,70, mas não aconteceu”, afirma o gestor. “Mesmo com uma completa falta de novidade positiva fiscal local, o mercado está com uma dinâmica diferente. Eu acho que isso também tira um pouco da confiança do investidor pessimista, porque o que parecia que iria fazer preço pelo lado ruim, não está fazendo”, avalia.

Para ele, um somatório de fatores pode explicar essa mudança, como o fluxo de capital estrangeiro para a bolsa brasileira, a migração de dinheiro dentro do próprio índice, com a deslistagem da ação ordinária da JBS, por exemplo, além da proximidade do ciclo eleitoral.

Em meio às incertezas sobre os rumos do ajuste fiscal, os investidores recalibraram as apostas para a próxima decisão do Copom, com a aposta de uma alta de 0,25 ponto voltando a ser majoritária. Ontem, o mercado parecia dividido entre uma alta de 0,25 ponto e a manutenção dos juros, segundo o mercado de opções digitais.

Entre as maiores quedas do pregão, Metalúrgica Gerdau PN cedeu 3,92% e Gerdau PN perdeu 3,68%, ambos os papéis ampliaram as perdas da sessão anterior.