A divulgação do relatório de empregos dos Estados Unidos (“payroll”) de maio pode aumentar a volatilidade dos mercados nesta sexta-feira, especialmente após dados ao longo da semana reforçarem a percepção de uma fraqueza adicional no mercado de trabalho americano. Enquanto nos EUA o foco está na possibilidade de novos cortes de juros, no Brasil a aposta majoritária já aponta para uma alta de 0,25 ponto percentual da Selic. É neste ambiente que os agentes aguardam a reunião entre governo e Congresso para discutir medidas fiscais para substituir a elevação do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) no domingo.
A discussão nas redes sociais entre o presidente dos EUA, Donald Trump, e o empresário Elon Musk, da Tesla, azedou o humor dos agentes financeiros na sessão de ontem. As ações da companhia do CEO da fabricante de carros elétricos afundaram 14,26%, após o líder republicano sugerir que iria encerrar estímulos do governo que beneficiam a empresa. A tensão ofuscou o otimismo gerado pela conversa positiva entre Trump e o presidente da China, Xi Jinping, sobre comércio. Apesar da queda nas bolsas de Nova York na véspera, os contratos futuros dos principais índices operavam em alta por volta das 8h desta sexta-feira.
A sessão desta quinta-feira também foi negativa para o Ibovespa, que recuou 0,56%, aos 136.236 pontos, em meio à reprecificação das apostas para Selic. A queda mais expressiva de ações de bancos e a piora das bolsas americanas também pesaram sobre o índice. A chance de que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central aumente em 0,25% a Selic na próxima reunião gerou uma reprecificação em toda a estrutura a termo da curva de juros. Simultaneamente, ganhou força a visão entre agentes financeiros de que o ciclo de corte das taxas poderá ser adiado.
Já o efeito sobre o câmbio permitiu que o dólar à vista caísse 1,05%, a R$ 5,5855, menor patamar desde 14 de outubro do ano passado. A divisa americana perdeu força de forma generalizada, enquanto moedas ligadas à economia chinesa e as commodities sustentaram maior fôlego na sessão.
O movimento ocorre em meio ao imbróglio envolvendo o aumento do IOF. Segundo o colunista Lauro Jardim, de O Globo, o Ministério da Fazenda está otimista com o encontro de domingo, que reunirá o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, e o presidente da Câmara, Hugo Motta, para debater medidas que sustentem as contas públicas.
Entre as propostas incluem manter a elevação do IOF ao menos até dezembro e aumentar as taxações sobre as bets, de 12% do faturamento bruto para 18%. Ainda de acordo com o colunista, o otimismo da Fazenda com as negociações é bem maior do que a dos congressistas.