O Congresso elevou o tom contra as alternativas à alta do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) apresentadas pelo governo, aumentando a expectativa de volatilidade nos mercados locais nesta quinta-feira. União Brasil e PP, que comandam quatro ministérios, anunciaram ontem que terão atuação unificada contra as propostas caso não sejam incluídos cortes de gastos. No cenário externo, as novas tarifas que devem ser anunciadas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, nas próximas duas semanas, aumentam a pressão sobre o dólar no mercado internacional, que opera em forte queda.
Por volta das 8h, o DXY, que mede a força do dólar contra uma cesta de seis moedas de países desenvolvidos, cedia 0,73%, a 97,92 pontos. O futuro do S&P 500 caía 0,47%, do Nasdaq perdia 0,41% e do Dow Jones contraía 0,64%. Já o retorno dos Treasuries de dez anos recuava de 4.427% para 4.383%.
A medida provisória publicada ontem inclui o fim da isenção de Imposto de Renda (IR) sobre títulos como LCI, LCA, CRI, CRA e debêntures incentivadas, além do aumento da taxação sobre as apostas esportivas. A MP também propõe elevar a alíquota de tributação dos juros sobre capital próprio (JCP) de 15% para 20%. Embora o pacote de ajustes fiscais tenha sido apresentado às lideranças do Congresso no domingo, o clima é de incerteza quanto à aprovação das medidas.
Nesse contexto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) telefonou ontem para senadores e deputados influentes, incluindo o presidente da Câmara, Hugo Motta, para alcançar um mínimo de consenso para aprovação da MP, segundo informou o colunista de O Globo, Lauro Jardim.
A dificuldade de aprovação das medidas, somada à ausência de ajustes considerados estruturais, pode pesar sobre os mercados domésticos, que esperam os dados do varejo restrito. Segundo a mediana das projeções coletadas pelo VALOR DATA, o índice deve ter recuado 0,7% em abril, na série com ajuste sazonal.
Na agenda externa, o índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) de maio e o relatório semanal de pedidos de seguro-desemprego devem ser observados pelos investidores, em um momento em que Trump elevou novamente as tensões tarifárias. Ontem, o presidente americano disse que vai enviar cartas a parceiros comerciais nas próximas uma ou duas semanas criando tarifas unilaterais.
Diante da postura de Trump , que continua pressionando o dólar, grandes bancos americanos, como Goldman Sachs, Bank of America e J.P. Morgan, mantêm posições vendidas na moeda, ou seja, apostam em sua desvalorização.