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quarta-feira, junho 18, 2025

No G7, Lula critica países por gastarem mais com guerra do que com mudanças climáticas e sugere taxar alta renda

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta terça-feira (17) que o aumento das despesas militares em comparação com o baixo investimento no combate às mudanças climáticas mostra que “falta vontade política” dos países ricos para conter o aquecimento global. A crítica foi feita durante a participação de Lula no G7, como é conhecido o grupo que reúne os chefes de Estado das principais potências globais.

O encontro entre as nações do G7 e países convidados aconteceu, hoje, em Kananaskis, no Canadá. Apesar de não pertencer oficialmente ao G7, o Brasil foi convidado a discursar na reunião do grupo por decisão do primeiro-ministro canadense, Mark Carney.

“Os US$ 100 bilhões anuais previstos na COP15 de Copenhague jamais foram atingidos. Em 2024, países ricos reduziram em 7,1% sua Ajuda Oficial ao Desenvolvimento. No ano passado, saímos da COP de Baku com resultados decepcionantes. Por meio do mapa do caminho Baku-Belém, a presidência brasileira da COP30 e o Azerbaijão estão trabalhando para reverter esse quadro. Esperamos que os esforços do governo espanhol obtenham desfecho mais animador na Conferência de Sevilha sobre Financiamento para o Desenvolvimento no final deste mês. As despesas militares aumentaram 9,4% no ano passado. Isso mostra que é vontade política e não dinheiro que está em falta“, argumentou Lula.

A menção de Lula à COP15 se deve ao fato de que, naquela conferência, ficou estabelecido a meta de US$ 100 bilhões anuais em financiamento climático por parte dos países desenvolvidos para os países em desenvolvimento, com o objetivo de ajudar na mitigação e adaptação às mudanças climáticas. A previsão era que esse investimento fosse feito até 2020, o que acabou não acontecendo.

O presidente brasileiro lembrou, em seguida, que “poucos países” atualizaram suas metas ambientais para a realização da 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, a chamada COP30, a ser realizada em Belém (PA), em novembro de 2025.

“É impossível seguir indefinidamente com um modelo de crescimento baseado nos combustíveis fósseis. As Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) são imprescindíveis para forjar novos paradigmas de desenvolvimento. Sem metas ambiciosas não impediremos que o aquecimento global supere um grau e meio. Poucos países estão em dia com essa obrigação”, cobrou Lula.

As NDCs são, na prática, os objetivos climáticos dos países signatários da convenção sobre a mudança do clima. Essas metas representam componente essencial do Acordo de Paris de 2015 para combater a mudança climática.

“O Brasil reduzirá suas emissões entre 59% e 67% até 2035 em todos os setores econômicos, abrangendo todos os gases de efeito estufa. Conto com a participação de todos os presentes na COP30 em pleno coração da Amazônia. Belém será um teste para os líderes globais mostrarem a seriedade de seu compromisso com o futuro das pessoas e do planeta”, emendou o chefe de Estado brasileiro.

Taxação dos super-ricos

Além disso, Lula voltou a defender a taxação dos super-ricos como forma de financiar os “desafios sociais e ambientais do nosso tempo”. “A cooperação tributária internacional é outra frente crucial para reduzir desigualdades. Taxar 2% sobre o patrimônio de indivíduos super-ricos poderia gerar 250 bilhões de dólares ao ano para enfrentar os desafios sociais e ambientais do nosso tempo”, argumentou.

Por fim, o presidente defendeu que o G7 poderia auxiliar os “países endividados” atuando junto ao Banco Mundial e ao Fundo Monetário Internacional (FMI).

“Os membros do G7 detêm mais de 40% do poder de voto no Banco Mundial e no FMI. Tornar essas instituições mais representativas é crucial para aproximá-las das necessidades do Sul Global. Países endividados não dispõem de meios para transformar suas matrizes energéticas. Instrumentos como a troca de dívida por desenvolvimento e a emissão de direitos especiais de saque podem mobilizar recursos valiosos. É urgente desburocratizar o acesso a fundos climáticos e investir em mecanismos inovadores”, concluiu.

Almoço de trabalho para discutir segurança energética entre os chefes de Estado e de governo dos países do G7 e convidados, entre eles o Brasil, e do qual o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, participou, em Kananaskis, Alberta (Canadá) — Foto: Ricardo Stuckert / PR

[Fonte Original]

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