Em meio ao otimismo com as ações brasileiras, a XP elevou novamente a projeção do Ibovespa, de 149 mil para 150 mil pontos ao fim de 2025. Embora o ajuste pareça sutil, a corretora já havia feito uma revisão há cerca de um mês, quando elevou sua estimativa em quatro mil pontos.
A XP reafirma uma visão construtiva para o Ibovespa no médio e longo prazos, apoiada na recente queda das taxas das NTN-Bs (títulos públicos atrelados à inflação) longas, mas aponta ser possível uma correção no curto prazo, após a alta recente das ações.
Entre os motivos para a perspectiva positiva, a equipe liderada pelo estrategista-chefe, Fernando Ferreira, destaca fatores como a demografia, que representa uma oportunidade para o setor de saúde e financeiro, e a força das commodities no país.
Já como fatores potenciais, a XP elenca a possibilidade de reformas estruturais que podem gerar melhorias, assim como as taxas rápidas de adoção à tecnologia, que podem impulsionar a produtividade à medida que a inteligência artificial acelera.
Os analistas reconhecem que, embora o prêmio de risco das ações já não esteja tão elevado, o valuation segue bastante atrativo, com a bolsa sendo negociada a 7,9 vezes o lucro.
No entanto, a casa afirma que a bolsa pode passar por um movimento de correção, ao considerar a alta de 1,5% em reais de maio e a valorização de 23% em dólares no ano. As razões para uma correção do Ibovespa são a queda do prêmio de risco das ações (valor das ações em relação ao juro real das NTN-Bs) para níveis mais baixos desde 2021 e a piora da dinâmica de lucros devido aos papéis ligados a commodities.
O fluxo também é uma preocupação, uma vez que permanece quase exclusivamente dependente dos investidores estrangeiros. Em maio, até o dia 29, os estrangeiros compraram R$ 12,1 bilhões em ações brasileiras, totalizando R$ 22,6 bilhões no acumulado do ano, o início de ano mais forte desde 2022. O indicador de sentimento da XP mudou para “Extremo Otimismo”, indicando que o mercado pode estar sobrecomprado de uma perspectiva técnica, afirma o relatório.
Já do ponto de vista macro, os especialistas citam riscos nos Estados Unidos, assim como a continuidade dos riscos fiscais domésticos.
Nesse contexto, a XP vem adicionando ações cíclicas domésticas aos portfólios desde janeiro. Já neste mês, após o forte rali do mercado, a estratégia passou a incluir uma redução de risco, mantendo o foco em empresas de qualidade e com alavancagem baixa.