A economia brasileira reacelerou no primeiro trimestre do ano e cresceu 1,4%, depois da estabilidade no fim do ano (0,1%). Apesar dos juros muito elevados, o destaque para o Produto Interno Bruto (PIB) veio dos investimentos, pelo lado da demanda, com avanço de 3,1% agora e de exuberantes 9,1% em relação ao mesmo período do ano passado. Na oferta, como era esperado, a agropecuária cresceu 12,2%. O desempenho geral veio marginalmente abaixo da mediana das expectativas das consultorias pesquisadas pelo Valor, de 1,5%, mas acima do que sugeriria uma taxa de juros alta e ainda em elevação naquele período. Com juros entre os três maiores do mundo, o Brasil teve a quinta melhor performance no início do ano de 48 países, à frente até da China (1,2%). A oposição entre política monetária contracionista e estímulos do governo, agora mais voltados ao crédito, explica a contradição e sugere que a desaceleração prevista para o segundo semestre pode ocorrer com menos intensidade do que se a política econômica estivesse alinhada com a monetária. Essa situação não facilita a tarefa do Banco Central (BC) e ratifica a direção por ele dada de manter juros altos por tempo prolongado.