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O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), disparou críticas ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante cerimônia no Palácio dos Bandeirantes, nesta quarta-feira (4). Cotado para concorrer à Presidência na eleição de 2026, Tarcísio não citou nominalmente Lula, mas afirmou que o governo federal está “na direção errada” ao “gastar muito” e apresentou como um exemplo de responsabilidade os cortes feitos por sua gestão no Estado.
“A gente aqui está fazendo o dever de casa. Olha o exemplo que está vindo de lá: governo gastando muito, inflação sobe, taxa de juros sobe, país desacelera, arrecadação cai. E aí qual exercício que tem que ser feito: economizar despesa, cortar custo. E o que estão fazendo: ‘Não, vamos aumentar imposto'”, disse Tarcísio, diante de mais de 300 prefeitos, além de deputados estaduais e federais, secretários e aliados, reunidos na sede do governo paulista.
O governador acrescentou que o aumento de determinados impostos “destrói a poupança, a produtividade, a capacidade do empreendedor brasileiro de produzir” e questionou se está certo “penalizar quem produz, quando alguém está deixando de fazer o seu dever de casa”.
Tarcísio, que é aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), disse ainda que o Brasil “hoje tem gasto pandêmico, sem pandemia”, em alusão à expansão de gastos que foi necessária para enfrentar a crise da covid-19, durante o governo passado. Economistas têm criticado a gestão petista pelo alto nível de endividamento do país. O Fundo Monetário Internacional (FMI) estimou que a dívida pública bruta do Brasil vai chegar a 92% do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano.
“Já pararam para pensar nisso? A gente [Brasil] gasta mais do que gastava na pandemia, sem pandemia. Faz sentido isso? Quem paga a conta é quem mais precisa, o cidadão. E aqui [em São Paulo] a gente está indo na direção oposta, porque aqui a gente está na direção certa. Lá, estão na direção errada“, afirmou Tarcísio, defendendo a necessidade de ajuste de contas.
Sobre o Estado, ele citou medidas adotadas no programa “São Paulo na Direção Certa”, como reforma administrativa, metas de cortes de custeio para secretarias e revisão de benefícios tributários. Segundo Tarcísio, o enxugamento orçamentário foi o que permitiu o anúncio, durante o evento, da destinação de quase R$ 930 milhões para investimentos em saúde nos municípios. Ele disse que “existe um receituário que precisa ser cumprido” para a formação de poupança.
Após a sequência de críticas ao “momento difícil” do país e comparações entre as duas gestões, Tarcísio disse: “E o que é pior: a gente agora volta a ver corrupção, o que é o mais triste”. Ele não indicou a que aspecto do governo Lula se referia. Apesar do discurso de tom nacional, o governador tem evitado comentar publicamente as especulações sobre candidatura presidencial, reafirmando que apoia Bolsonaro — hoje inelegível — e que tentará a reeleição no Estado.
Também na cerimônia, o presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, André do Prado (PL), afirmou que os caixas das prefeituras estão sobrecarregados por queda de arrecadação. O aliado de Tarcísio criticou “essa gastança toda que o país está vivendo” e disse que o quadro prejudica a transferência de recursos aos municípios. “Nós, em São Paulo, diferentemente do governo federal, não ficamos de braços cruzados, só reclamando”, afirmou Prado.
O deputado federal Mauricio Neves (PP-SP) também adotou tom crítico à gestão Lula e defendeu as políticas de Tarcísio como uma referência. “Em Brasília, estamos num governo que gasta muito e entrega pouco. Aqui em São Paulo, a gente gasta pouco e entrega muito”, disse, sob aplausos, o presidente estadual do PP.