Os Estados Unidos autorizaram nesta quarta-feira (11) a evacuação parcial de diplomatas e militares de suas representações no Oriente Médio diante do risco iminente de um ataque israelense contra o Irã. A medida foi confirmada por fontes do governo americano à veículos internacionais, como a agência Reuters e o jornal americano Washington Post, e ocorre após uma avaliação que apontou aumento significativo das ameaças à segurança da região.
Segundo informações, o Departamento de Estado autorizou a saída de funcionários não essenciais da embaixada americana em Bagdá, no Iraque, enquanto o Pentágono permitiu que familiares de militares deixem instalações americanas em diversos países do Oriente Médio. O temor em Washington é que uma ofensiva de Israel leve a uma retaliação iraniana contra alvos dos EUA na região.
A decisão de retirada parcial ocorre no contexto de crescente tensão envolvendo negociações sobre o programa nuclear iraniano. O presidente Donald Trump, que lidera as conversas para tentar limitar o enriquecimento de urânio pelo Irã, demonstrou pessimismo quanto à possibilidade de um acordo imediato.
“Estou menos confiante agora do que estaria há alguns meses. Algo aconteceu com eles (os iranianos), mas estou muito menos confiante de que um acordo será feito”, afirmou Trump em entrevista ao New York Post.
Autoridades de defesa dos EUA explicaram que a movimentação de pessoal visa proteger vidas diante da possibilidade de ataques coordenados.
“Estamos constantemente avaliando a postura adequada de pessoal em todas as nossas embaixadas. Com base em nossa última análise, decidimos reduzir a presença em nossa missão no Iraque”, declarou um representante do Departamento de Estado ao Washington Post, sob condição de anonimato.
O Departamento de Defesa, por sua vez, autorizou a “partida voluntária” de dependentes de militares em bases espalhadas pelo Oriente Médio. De acordo com fontes ouvidas pela Reuters, a decisão tem maior impacto para familiares baseados no Bahrein, mas também envolve instalações no Kuwait, Catar, Iraque e Emirados Árabes Unidos. O Comando Central dos EUA (CENTCOM) está em alerta máximo e coordena ações preventivas junto ao Departamento de Estado e aliados da região.
O clima de incerteza se agravou após informações de inteligência apontarem o risco de Israel agir unilateralmente contra as instalações nucleares do Irã, mesmo sem o aval dos EUA.
“Pensamos que é mais sério do que em qualquer outro momento anterior”, disse um diplomata americano ouvido pelo Washington Post. O Irã, por sua vez, já avisou que “diplomacia — não militarismo — é o único caminho adiante” e alertou que, caso seja alvo de ataques de Israel, responderá atingindo bases americanas na região.
No campo diplomático, Trump tem pressionado o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, a evitar uma escalada militar contra o Irã neste momento. Em uma ligação tensa na segunda-feira (9), Trump afirmou que uma trégua permanente na Faixa de Gaza ajudaria nas negociações nucleares e nas conversas de normalização com a Arábia Saudita. Segundo informações do jornal israelense Times of Israel, Trump teria sido enfático ao dizer a Netanyahu que “um ataque ao Irã está fora de cogitação por enquanto” e que “ameaças de ataque não estão ajudando” nas tratativas com Teerã.