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quinta-feira, junho 19, 2025

BC Eleva Selic para 15% Ao Ano e Sinaliza Fim do Ciclo de Alta de Juros

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Fachada Banco Central do Brasil – Imagem: Ueslei Marcelino/Reuters

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Assim como o Federal Reserve mais cedo, a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central brasileiro não pegou o mercado de surpresa — apesar do mercado ter ficado dividido sobre o eventual desfecho. A autarquia elevou a Selic em 0,25 ponto percentual, levando a taxa de juros a 15% ao ano, em decisão unânime. 

No comunicado, o BC salienta que o ambiente externo continua incerto devido aos efeitos da política econômica dos Estados Unidos e ao acirramento das tensões geopolíticas, o que pede maior cautela por parte dos países emergentes. Por aqui, o colegiado chama a atenção para as expectativas de inflação de 2025 e 2026 que seguem acima da meta. Apesar de indicar que o ajuste anunciado hoje pode ser o fim do ciclo do aperto monetário, os diretores apontam que “para assegurar a convergência da inflação à meta em ambiente de expectativas desancoradas, exige-se uma política monetária em patamar significativamente contracionista por período bastante prolongado.”

Para Natalie Victal, economista-chefe da SulAmérica Investimentos, a menção ao período “bastante prolongado” para sinalizar a estratégia à frente tenta inibir a previsão de antecipação de cortes. “No todo, achei uma alta um pouco dovish – a mercado – pois já sinalizou a pausa, e mostrou um pouco mais de convicção na desaceleração da atividade”, aponta a economista. 

Esta é a primeira vez desde 2006 que a taxa básica de juros chega ao patamar dos 15%. Em  julho daquele ano, o Copom reduziu a Selic de 15,25% para 14,75%.

Pressões elevadas

Na última pesquisa Focus, divulgada na segunda-feira (16), as expectativas de inflação para 2025 e 2026 estavam na casa dos 5,2% e 4,5%, respectivamente. Para o Copom, a projeção de alta nos preços está em 3,6% no horizonte relevante de política monetária.

Para o BC, tanto as pressões de alta quanto de baixa nos preços seguem mais elevadas do que o usual. 

Dentre os riscos de alta estão a desancoragem das expectativas, resiliência na inflação de serviços (que já persiste há mais de um ano), e “uma conjunção de políticas econômicas externa e interna que tenham impacto inflacionário maior que o esperado, por exemplo, por meio de uma taxa de câmbio persistentemente mais depreciada”. 

Entre os riscos de baixa estão uma eventual desaceleração da economia mais acentuada do que o projetado, queda nos preços das commodities e uma queda no ritmo de crescimento global derivado do choque comercial gerado pela guerra tarifária. 

“Em se confirmando o cenário esperado, o Comitê antecipa uma interrupção no ciclo de alta de juros para examinar os impactos acumulados do ajuste já realizado, ainda por serem observados, e então avaliar se o nível corrente da taxa de juros, considerando a sua manutenção por período bastante prolongado, é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta”, aponta o comunicado. 

Para Daniel Cunha, estrategista-chefe da BGC Liquidez, a decisão do BC foi acertada e acompanhada de uma comunicação que reforça a visão de uma autoridade monetária comprometida com o cumprimento de seu mandato. “No geral, isso deve aumentar a confiança nos ativos brasileiros, particularmente no real, e apoiar um achatamento da curva”, explica. 

Na visão de Leonardo Costa, economista do ASA, a decisão e o tom do comunicado podem ser considerados mais duros. A casa aposta na manutenção da Selic em 15% ao ano até dezembro, quando deve se ter início um novo ciclo de corte. 

“Algum grau de flexibilização monetária parece provável no ano que vem. No entanto, isso dependerá fortemente de como evoluirá a economia global e, sobretudo, das perspectivas para a política econômica doméstica em 2027 — que seguem incertas, dado o calendário eleitoral”, pondera Caio Megale, economista-chefe da XP.



[Fonte Original]

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