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terça-feira, junho 17, 2025

Cida Bento e a Urgência de Transformar as Estruturas de Poder

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Divulgação

Cida Bento é fundadora do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades, dedicado à promoção da equidade racial e de gênero

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Apesar dos avanços na agenda de diversidade e inclusão, o topo da pirâmide corporativa e institucional segue sendo predominantemente branco e masculino, especialmente em setores como o financeiro. Essa configuração não é coincidência, mas resultado de um sistema historicamente estruturado para excluir mulheres, negros, indígenas e outros grupos minorizados das decisões que impactam toda a sociedade.

Nesse cenário, a atuação de Cida Bento — ativista, escritora e psicóloga — tem sido fundamental para decifrar os mecanismos que perpetuam essa desigualdade. Seus estudos sobre a interseção entre raça, gênero e psicologia ajudam a entender como o racismo estrutural opera no Brasil e por que a ascensão de lideranças negras ainda enfrenta tantas barreiras.

Um de seus conceitos mais importantes, o “pacto narcísico da branquitude”, evidencia como a manutenção do poder branco ocorre sem a necessidade de um acordo explícito. A crença na meritocracia e o acesso desigual a oportunidades fazem com que esse ciclo se perpetue, garantindo privilégios que passam de geração em geração. Nesse contexto, a branquitude se manifesta como um posicionamento silencioso, mas ativo, na sustentação dessas hierarquias.

Além disso, Cida Bento destaca como a masculinidade branca no poder frequentemente se impõe de forma violenta e autoritária sobre grupos historicamente marginalizados. Isso não apenas dificulta a ascensão de lideranças negras, mas também reforça um modelo de gestão que ignora a pluralidade de perspectivas essenciais para a inovação e o crescimento sustentável dos negócios.

Diante desse cenário, políticas públicas como a Lei de Cotas representam avanços cruciais, ampliando o acesso de jovens negros e periféricos às universidades e, consequentemente, criando novas possibilidades de inserção profissional. No entanto, para que essas conquistas resultem em mudanças reais nas estruturas de poder, é preciso um compromisso coletivo. Empresas e instituições devem ir além da inclusão simbólica, promovendo mudanças reais que garantam voz, protagonismo e respeito a essas novas lideranças.

A atuação de Cida Bento no combate ao racismo estrutural é um chamado à ação. Seu trabalho não apenas expõe as falhas do sistema, mas também propõe soluções concretas, incluindo um olhar atento para a saúde mental da população negra por meio da psicologia antirracista. Suas reflexões são fundamentais para que o mundo dos negócios não apenas discuta diversidade, mas a transforme em um valor estruturante para o futuro das organizações e da sociedade.

*Adriana Barbosa é diretora executiva da PretaHub e fundadora do Festival Feira Preta, maior evento de cultura e empreendedorismo negro da América Latina. Foi reconhecida como a primeira mulher negra entre os Inovadores Sociais do Mundo em 2020 pelo Fórum Econômico Mundial e passou a integrar o time de empreendedores sociais da Rede Schwab.

Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião de Forbes Brasil e de seus editores.



[Fonte Original]

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