Claudio Bezerra_Embrapa
Acessibilidade
O Banco Genético da Embrapa, localizado na unidade de Recursos Genéticos e Biotecnologia, em Brasília (DF), iniciou a operação de sua própria fábrica de nitrogênio líquido, que produz o insumo a partir do ar atmosférico. De acordo com Juliano Gomes Pádua, curador da coleção de sementes do Banco Genético, a instalação do equipamento representa um avanço na capacidade de resposta da Embrapa diante de situações críticas, como interrupções no transporte ou falta de fornecedores externos. A estrutura também permite reduzir custos operacionais e contribuir para a sustentabilidade do Banco Genético.
“O nitrogênio líquido é um insumo fundamental para a conservação em longo prazo de sêmen, embriões, microrganismos e tecidos vegetais”, afirma o pesquisador.
O equipamento foi adquirido com recursos aprovados no subprojeto da FINEP, voltado à conservação de recursos genéticos animais, vegetais e de microrganismos em condições de longo prazo no Banco Genético da Embrapa. A capacidade é de 12 litros por hora de nitrogênio líquido. A estrutura possui ainda um reservatório com capacidade para 500 litros, que abastece os criotanques de conservação da instituição.
Segundo Samuel Rezende Paiva, coordenador do programa de Recursos Genéticos da Embrapa, o abastecimento é feito de forma semi-automatizada no momento. Estão sendo implementadas melhorias para que o processo se torne totalmente automático, de acordo com a necessidade de cada criotanque. “Procedimentos operacionais estão em edição para que a equipe envolvida — tanto de pesquisa quanto de manutenção — seja devidamente treinada e apta a fazer o abastecimento quando necessário”, explica.
Diversificação das coleções genéticas
Com a instalação da fábrica, a Embrapa busca assegurar condições ideais para a manutenção da viabilidade das amostras conservadas. A estrutura também abre a possibilidade de diversificar os materiais biológicos mantidos em criopreservação, ampliando as coleções de recursos animais, vegetais e microbianos. Atualmente, a maior demanda de nitrogênio líquido vem da área animal, seguida pelos materiais vegetais e pelos microrganismos.
A instalação posiciona a Embrapa entre as instituições públicas com maior capacidade técnica para gestão e conservação de bancos genéticos na América Latina. Nos próximos meses, serão realizados testes para avaliar a autossuficiência do Banco Genético em relação ao nitrogênio líquido, a fim de tomar uma decisão sobre o fornecimento para outros laboratórios da Unidade.
Infraestrutura para segurança alimentar e pesquisa
O Banco Genético da Embrapa conserva recursos genéticos que incluem espécies tradicionais de cultivos, animais e microrganismos de importância para a agropecuária brasileira, além de material genético com potencial ainda inexplorado.
“Com a fábrica de nitrogênio líquido, damos um passo decisivo para garantir a proteção desse patrimônio genético com tecnologia de ponta e eficiência operacional, fortalecendo a imagem da Embrapa como uma das instituições com maior capacidade técnica para gestão e conservação de recursos genéticos em nível mundial”, afirma Juliano Pádua.
Para ele, a nova infraestrutura também abre possibilidades para ampliar parcerias internacionais, reforçando a posição do Brasil como referência em conservação genética para países em desenvolvimento.