23.5 C
Brasília
sábado, junho 14, 2025

Guerra nuclear à vista? Qual o tamanho do arsenal de cada lado no conflito Israel-Irã

- Advertisement -spot_imgspot_img
- Advertisement -spot_imgspot_img

O novo ataque israelense às instalações nucleares iranianas reacendeu o temor de uma escalada militar sem precedentes no Oriente Médio. Mas afinal, entre Irã e Israel, quem tem o maior arsenal e quais são as capacidades militares de cada lado no cenário atual?

Comparativo de forças: Israel x Irã

Israel e Irã figuram entre as principais potências militares do Oriente Médio, mas com estratégias, arsenais e níveis tecnológicos bastante distintos. Israel se destaca por sua superioridade tecnológica, arsenal nuclear pronto, forças armadas modernas e defesa aérea testada. O país também possui apoio estratégico dos EUA, a maior potência militar do mundo. Por sua vez, o Irã conta com maior contingente humano, milhares de mísseis e foguetes, força paramilitar ativa e aliados terroristas regionais, mas com limitações em tecnologia e poder de destruição nuclear imediato.

Poder aéreo

Israel lidera no quesito tecnologia: são cerca de 611 aeronaves, incluindo 45 caças F-35I, 174 F-16 e mais de 60 F-15, além de helicópteros de ataque e centenas de drones de combate de última geração. O Irã opera cerca de 551 aeronaves, com cerca de 186 caças, em sua maioria modelos antigos e menos eficazes em um cenário de guerra moderna.

Arsenal nuclear e mísseis

Aqui está o grande diferencial: Israel é considerada a única potência nuclear do Oriente Médio, com estimativas de 90 a 400 ogivas nucleares prontas para uso imediato. O país possui cerca de 90 mísseis balísticos Jericho II, com alcance de até 1.500 km, e um número não confirmado do moderno Jericho III, com alcance de até 6.500 km. Ambos os mísseis são capazes de transportar ogivas nucleares. Essas armas podem ser lançadas por terra, ar ou mar, graças também aos caças F-15, F-16, F-35 e submarinos Dolphin. O arsenal israelense inclui ainda mísseis de cruzeiro de alta precisão, drones altamente tecnológicos e vasta frota de bombas guiadas.

O Irã não possui ogivas nucleares confirmadas, mas já acumulou cerca de 400 kg de urânio enriquecido a 60%, suficiente para fabricar até nove bombas nucleares caso avance para a militarização — possibilidade que motivou o ataque israelense desta sexta-feira. No arsenal convencional, Teerã aposta em mais de 3 mil mísseis balísticos de diferentes alcances (como Shahab-3, Sejjil, Khorramshahr e Qiam, alguns com alcance de até 2.000 km), além de 1.517 lançadores múltiplos de foguetes, milhares de foguetes convencionais e drones de ataque (Shahed, Mohajer), que já provaram capacidade de atingir alvos em Israel, inclusive em ataques realizados no ano passado e em retaliação aos ataques de sexta.

Tanques, blindados e artilharia

No solo, segundo informações do ranking feito pelo site da Global Fire Power deste ano, Israel dispõe de 1.300 a 1.370 tanques Merkava, reconhecidos pela modernidade e proteção, além de mais de 35 mil veículos blindados. Já o Irã mantém 1.713 tanques – muitos deles antigos – e cerca de 65 mil veículos blindados, número que inclui veículos leves e de transporte. Em artilharia, o Irã aposta no volume: são 392 peças de artilharia autopropulsada, 2.070 artilharias rebocadas e 1.517 lançadores múltiplos de foguetes, capazes de saturar defesas, mas com precisão limitada. Israel opera 352 artilharias autopropulsadas, 171 rebocadas e 183 lançadores múltiplos de foguetes, priorizando tecnologia, integração de sistemas e precisão no campo de batalha.

Efetivo humano

O Irã conta com cerca de 610 mil militares ativos e 350 mil reservistas, além de um grande número de paramilitares ligados à Guarda Revolucionária. Israel, por sua vez, possui cerca de 170 mil militares ativos, mas uma força de reservistas altamente treinada e mobilizável rapidamente, somando até 445 mil soldados em caso de emergência.

Poder naval

A marinha israelense conta com 65 navios de guerra, incluindo cinco submarinos Dolphin com capacidade de lançar mísseis estratégicos. O Irã tem cerca de 100 embarcações, entre elas 19 submarinos, a maioria de pequeno porte e focados na defesa de seu litoral.

Defesa antimísseis e inteligência

Israel é referência mundial em defesa aérea, com sistemas como o famoso Domo de Ferro, o Arrow e o David’s Sling, capazes de interceptar mísseis balísticos e foguetes em pleno voo. O sistema se mostrou efetivo durante os ataques com mísseis balísticos feitos pelo Irã no ano passado e agora. A inteligência israelense, liderada pelo Mossad, é reconhecida por operações clandestinas e guerra cibernética avançada. Por sua vez, o Irã também investiu em defesa antimísseis, adquirindo sistemas russos S-300 e desenvolvendo seus próprios, como o Bavar-373, mas ainda fica atrás na integração e efetividade desses meios, tendo sofrido ainda baixas em sistema de defesa e resposta aérea durante os ataques israelenses ocorridos nesta sexta.

Aliados

Em caso de confronto mais intenso, é improvável que o conflito fique restrito apenas a Israel e Irã. Os Estados Unidos, tradicionais aliados de Israel, mantêm bases, sistemas antimísseis e tropas na região, além de fornecer tecnologia militar avançada. Ainda que o governo americano tenha sinalizado cautela neste recente ataque, dificilmente Washington ficará inerte diante de uma ameaça existencial a Israel.

“Os Estados Unidos e outros aliados de Israel veem hoje, quase que de forma unânime, o ataque (ocorrido nesta sexta) como necessário, como uma ação de autodefesa (de Israel), especialmente a partir do momento em que a Agência Internacional de Energia Atômica afirmou abertamente que o Irã estaria muito próximo de produzir nove ogivas nucleares prontas para lançamento. Diante disso, qualquer nação no lugar de Israel – inclusive França e Estados Unidos – consideraria essa ofensiva uma necessidade de autodefesa”, disse em entrevista à Gazeta do Povo o analista Igor Lucena, economista, especialista em relações internacionais e CEO da Amero Consulting.

Do lado iraniano, o Hezbollah é o principal aliado. Segundo relatórios de agências internacionais, os terroristas, mesmo enfraquecidos, ainda possuem 150 mil foguetes e mísseis de vários alcances no Líbano, capazes de causar danos significativos a cidades israelenses. O Irã também ainda conta com o apoio de milícias extremistas na Síria, Iraque e Iêmen, que podem abrir novos fronts, saturar defesas e ampliar a crise, embora careçam da precisão e tecnologia ocidentais.

Contudo, para Lucena, os aliados do Irã atualmente têm pouca capacidade de reação.

“Israel já destruiu boa parte das estruturas militares do Hezbollah, dos Houthis e do Hamas em ataques recentes. Essas promilícias, hoje, pouco poderão contribuir em um eventual confronto com os iranianos”, afirma o analista. Ele destaca ainda que potências como China e Rússia dificilmente se envolveriam diretamente no conflito militar: “A China não demonstraria interesse em intervir, e a Rússia, já tendo perdido quase um milhão de soldados na guerra da Ucrânia, tampouco teria condições de apoiar o Irã, apesar do alinhamento político entre ambos.”

Lucena acrescenta que o isolamento do Irã na região é crescente, já que países como Arábia Saudita, Jordânia e Emirados Árabes Unidos se opõem ao programa nuclear iraniano.

“Talvez apenas o Catar se posicione, de alguma forma, ao lado dos iranianos, mas ainda assim estaria isolado e sem capacidade real de defesa”, ressalta o analista.

O especialista também descarta o risco de um conflito nuclear neste momento.

“Não acredito em risco de uso de armas nucleares, até porque apenas Israel as possui — e não parece disposto a usá-las. A capacidade atual de Israel de impor grandes derrotas e, quem sabe, até uma possível queda do regime dos aiatolás é real, e pode ocorrer sem a necessidade do uso de armas de destruição em massa”, disse Lucena. “Israel possui um arsenal nuclear suficientemente poderoso para dizimar o Irã do mapa, mas, obviamente, isso não vai acontecer. Nenhum país que utilizasse armamento nuclear hoje seria visto como uma nação prudente e perderia grande parte do seu apoio internacional”, enfatizou.

[Fonte Original]

- Advertisement -spot_imgspot_img

Destaques

- Advertisement -spot_img

Últimas Notícias

- Advertisement -spot_img