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Nesta segunda-feira (2), assuntos que repercutiram na semana passada voltaram a ganhar destaque no mercado financeiro. O primeiro foi em relação à política comercial americana, após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fazer novas ameaças tarifárias. Na sexta-feira (30), Trump afirmou que a China teria descumprido parte do acordo que prevê reduzir mutuamente as taxas e as restrições comerciais sobre minerais essenciais, e que daria resposta a isso. Ele também declarou que pretende aumentar as tarifas sobre o aço e o alumínio importados de 25% para 50%, elevando a pressão sobre os produtores globais da matéria-prima.
“A retomada do discurso protecionista por parte do governo americano, com ameaças de elevação de tarifas sobre aço e alumínio, reflete uma sessão marcada pela aversão ao risco dos investidores direcionada principalmente aos rendimentos dos títulos do Tesouro americano e à fraqueza do dólar”, disse Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad, em comentário escrito. “A valorização do petróleo, diante das incertezas geopolíticas entre Rússia e Ucrânia, também contribui para o fluxo positivo em direção a mercados emergentes, especialmente o real”, acrescentou.
O segundo assunto foi o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Durante a semana passada, o reajuste do tributo manteve os agentes atentos ao noticiário. O Governo Federal aumentou as alíquotas do IOF no dia 22 de maio, mas desde então recebe críticas duras sobre a medida, especialmente vindas do Congresso. O aumento do imposto tem como objetivo fazer com que o país cumpra a meta fiscal.
Diante desse panorama, o dólar começou a semana em queda de 0,81%, cotado a R$ 5,6740. No ano, a divisa dos EUA acumula perdas de 8,17% ante o real. O Ibovespa também fechou em baixa, caindo 0,18% no dia, ao somar 136.786,65 pontos. Analistas do BB Investimentos, acreditam que o último mês do semestre será marcado por cautela, devido a vários fatores de risco, como as tarifas comerciais e o agravamento do risco fiscal nos Estados Unidos, que não devem aliviar a volatilidade dos mercados.
Único caminho para fechar as contas?
O diretor da assessoria FB Capital, Fernando Bergallo, acredita que a queda do dólar no Brasil nesta segunda só não foi maior por conta das incertezas fiscais. “O Governo dizer que a alta do IOF é a única maneira de fechar as contas foi muito ruim. Há uma desarticulação entre o Palácio do Planalto e o Congresso, o que repercutiu negativamente no mercado”, afirma.
Durante a manhã, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que espera solucionar nesta semana a questão das mudanças no tributo combinadas com medidas estruturais que busquem equacionar a questão fiscal. Segundo ele, os presidentes da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), mostraram disposição em discutir medidas fiscais estruturais, e não apenas soluções paliativas para as contas públicas.
Destaques
– B3 ON caiu 1,72%, com dados de maio mostrando leve queda no volume médio diário dos negócios com ações ante abril. O Santander excluiu a ação de sua carteira de dividendos para junho, citando entre as razões o potencial de alta limitado à frente após forte valorização desde o começo do ano.
– GERDAU PN avançou 5,05%, após Trump afirmar que irá aumentar, a partir do próximo dia 4, as tarifas sobre as importações de aço de 25% para 50%, o que pode beneficiar a empresa dada a sua exposição ao mercado americano.
– ITAÚ UNIBANCO PN cedeu 0,71%, em dia mais negativo para bancos, com BANCO DO BRASIL ON perdendo 0,6% e SANTANDER BRASIL UNIT recuando 0,74%. BRADESCO PN subiu 0,25%, com o UBS BB reiterando compra e elevando o preço-alvo dos papéis de R$ 18,00 para R$ 21,00.
– BRASKEM PNA recuou 4,36%, com agentes financeiros aguardando o desfecho de negociações envolvendo a aquisição do controle da petroquímica, após oferta feita no mês passado pelo empresário Nelson Tanure.
– MAGAZINE LUIZA ON valorizou-se 3,47%, tendo como pano de fundo relatório de analistas do UBS BB, que elevaram previsões para o lucro da varejista e aumentaram o preço-alvo dos papéis para R$ 11,00, embora tenham mantido a recomendação neutra.
– PETROBRAS PN avançou 0,58%, na esteira da alta do petróleo no mercado internacional, onde o barril de Brent fechou com acréscimo de 2,95%. A estatal anunciou nesta segunda-feira um corte no preço da gasolina pela primeira vez em mais de um ano e meio.
– VALE ON subiu 0,88%, em dia sem a referência dos mercados na China, fechados por feriado. A mineradora antecipou para essa segunda-feira a publicação de relatório financeiro com estratégias de descarbonização.