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sexta-feira, junho 6, 2025

“O Agro Já Faz, Mas Ainda Não Mostra”, Afirma Paula Packer sobre o Brasil na COP30

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Helena Bertolini

Paula Packer, chefe-geral da Embrapa Meio Ambiente, fala sobre expectativas para COP30

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“Temos muita coisa andando em pesquisas na área ambiental em termos de inovação e políticas públicas, mas não mostramos isso o suficiente para sairmos do status de vilão da natureza”, diz a engenheira agrônoma, doutora em química e dona de seis pós-doutorados, Paula Packer, 57 anos. Desde 2022, ela é chefe-geral da Embrapa Meio Ambiente, unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária localizada em Jaguariúna (SP), criada para avaliar e monitorar os impactos da atividade agropecuária na natureza e os avanços em sustentabilidade do setor nos últimos anos.

No Dia Mundial do Meio Ambiente, nesta quinta-feira (5), Paula fala sobre as ações que o agronegócio brasileiro pode fazer para posicionar o país como a potência agrícola e ambiental que quer ser, por meio do impulsionamento do fluxo do mercado de carbono regulado, o desenvolvimento de novas tecnologias verdes e a apresentação soluções já existentes para mitigação de gases de efeito estufa. Para ela, esses temas precisam chegar maduros na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025, a COP 30, marcada para novembro, em Belém do Pará.

“Estamos olhando para a COP, para encontrar uma maneira de apresentar o que já fazemos em soluções ambientais e como podemos fazer mais em curto e médio prazo”, diz Paula. Ela falou com exclusividade para a série Forbes COP30, uma iniciativa que vai ouvir personalidades do Brasil e do exterior nos próximos meses, sobre o evento em novembro.

A agropecuária responde por cerca de 20% das emissões de gases poluentes na atmosfera, segundo dados do Observatório do Clima, mas também é um grande sorvedouro de carbono. E essa é a questão. O setor tem apostado em boas práticas para reduzir esse percentual, como o aumento das áreas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), práticas regenerativas para melhorar a saúde do solo, redução do ciclo produtivo de bovinos para mitigar emissões de metano, recuperação de pastagens, uso de biofertilizantes e investimento em pesquisa.

Paula diz que além de escalar essas práticas, o setor precisa comunicá-las melhor, e esse desafio faz parte do seu trabalho na Embrapa. “Além de entregar pesquisas e inovações para o mercado, dar auxílio para os produtores e ajudar a criar políticas públicas nessa área”, afirma. “Vamos falar sobre elas, especialmente na COP.”

O agronegócio terá um espaço próprio na conferência, chamado Agrizone, na sede da Embrapa Amazônia Oriental, a 1,5 km das zonas azul e verde, onde acontecem as negociações oficiais do evento. Com a iniciativa, a ideia é mostrar como o Brasil se tornou uma peça chave na segurança alimentar global com uma produção sustentável e tecnológica.

“Somos uma instituição que trabalha nessa interface entre agricultura e meio ambiente. Então, vamos ter uma vitrine com diversas tecnologias, como a nossa calculadora de baixo carbono, e um espaço para discussões”, afirma. Segundo Paulo, essa não será uma COP para inglês ver. “Os acordos nas COPs demoram tempo, mas acho que vão ter avanços significativos.”

No mercado de carbono, um dos entraves tem sido a lentidão com que tecnologias e políticas ambientais vêm sendo desenvolvidas no país, embora esse não seja um desafio apenas para o Brasil. “A agricultura ainda não conseguiu se organizar para criar novos indicadores, métricas e protocolos para poder adentrar no mercado de serviços ambientais”. Mas, segundo ela, estamos avançando.

“O Brasil é muito grande. Fazer um protocolo de cálculo para a Alemanha é uma coisa. Para nós, que temos seis biomas e cinco regiões totalmente diferentes, é outra coisa. Mas as discussões estão acontecendo”, diz ela ao se referir ao mercado de carbono.

A regulamentação do mercado de carbono no Brasil foi instituída em dezembro do ano passado, após décadas de debates, e incluiu a criação do Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões (SBCE), que permite a negociação de cotas de emissão (CBEs) e créditos de carbono, para incentivar a redução de emissões de gases de efeito estufa.

“Participei recentemente de uma reunião que discutiu como o agro se coloca nesse serviço ambiental”, afirma. “Não é fácil materializar e estruturar um mercado diverso de carbono.” No Brasil, 95% dos créditos de carbono do Brasil negociados em bolsa são da área florestal, e somente 5% da agricultura.

Vale destacar que a criação de um mercado de carbono regulado – regrado por governos –, no caso do Brasil, também é preciso considerar a tropicalização das métricas de emissões, ou seja, uma adaptação dos cálculos para as condições do solo e clima locais, e a aceitação dessa fórmula por parte dos compradores estrangeiros.

Impulsionado pela COP 30, o Brasil vive um momento decisivo de posicionamento como um importante player agrícola e ambiental. “Estamos em uma fase em que precisamos juntar essas lideranças científicas, parceiros, produtores, e mostrar como o nosso setor produtivo é sustentável”, diz Paula, se preparando para os embates paraenses.



[Fonte Original]

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