O secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, renovou o alerta de que a China é uma “ameaça real e iminente” durante o principal fórum da Ásia para líderes de defesa, militares e diplomatas, o Diálogo Shangri-La, em Singapura no final de semana.
Em seu primeiro discurso no fórum, organizado pelo Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS, em inglês), Hegseth apelou aos países do continente que invistam mais em seu arsenal militar, citando o exemplo de Washington que, pela primeira vez na história, ultrapassará a marca do trilhão em gastos com defesa.
“O presidente Trump está dedicando, pela primeira vez na história, mais de US$ 1 trilhão do orçamento para isso. Um aumento de 13% nos gastos com defesa dos EUA. O Domo Dourado (Golden Dome), nosso novo caça de sexta geração F-47, nosso novo bombardeiro stealth, o B-21, novos submarinos, contratorpedeiros, hipersônicos, drones, tudo o que você imaginar. Tudo faz parte. O melhor equipamento militar do mundo”, anunciou o secretário de Defesa americano, citando os recentes projetos da Casa Branca.
A quantia recorde representa um aumento significativo nos investimentos das Forças Armadas. Neste ano, o Congresso americano aprovou gastos de US$ 892 bilhões com programas de defesa nacional.
Não é a primeira vez que o governo de Donald Trump sinaliza seu plano de elevar drasticamente o orçamento militar nos próximos anos para combater a crescente ameaça de outros países.
Em abril, o presidente americano e o secretário de Defesa já haviam prometido mais investimentos em defesa. Na época, não fico claro se esse valor seria destinado exclusivamente ao Pentágono ou ao orçamento geral da defesa nacional, que inclui todas as agências de segurança do país.
Hegseth enfatizou no final de semana que o presidente Trump lhe deu uma missão clara no Departamento de Defesa: “alcançar a paz por meio da força. Para cumprir essa missão, nossos objetivos primordiais têm sido igualmente claros: restaurar o ethos guerreiro, reconstruir nossas Forças Armadas e restabelecer a dissuasão”.
Desde o retorno de Trump à Casa Branca, a relação contenciosa com a China voltou centro das atenções da política externa americana. O aumento dos gastos com defesa visa enfrentar mais diretamente Pequim em suas ambições militares, como ficou evidente no discurso de Hegseth no final de semana.
Além disso, os novos esforços dedicados ao setor militar de Washington ajudam a revitalizar a base industrial de defesa em um momento histórico marcado por crescentes tensões geopolíticas.
Mas os EUA não estão sozinhos na corrida por mais investimento em segurança nacional. O ano passado registrou um aumento acentuado nos gastos globais com defesa.
Ao todo, segundo a revista Economist, os orçamentos no mundo todo chegaram a US$ 2,7 trilhões em 2024, elevação de 9,4% em relação a 2023 e um salto drástico desde a década de 1980 durante a Guerra Fria.