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O porto de Itaqui, no Maranhão, destacou-se entre os principais terminais portuários do Brasil na exportação de soja em 2024, com aumento nos volumes embarcados apesar de uma queda no geral do país por conta da seca que reduziu a safra no ano passado, de acordo com dados do anuário Agrologístico da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
O estudo, divulgado nesta quinta-feira, mostra a consolidação da importância dos portos do chamado Arco Norte na exportação brasileira de grãos, que ajudaram nos últimos anos a aliviar a logística do Sul e Sudeste.
Os embarques de soja por Itaqui somaram 13,94 milhões de toneladas, aumento de 1 milhão de toneladas na comparação com 2023, quando o Brasil colheu um volume recorde. Com este desempenho, o porto maranhense passou a ser o segundo maior em volume da oleaginosa em 2024, atrás apenas de Santos.
O avanço de Itaqui — onde está instalado o Terminal de Grãos do Maranhão (Tegram), operado por tradings como Amaggi e Louis Dreyfus, além da operadora independente CLI — também é beneficiado pela crescente importação de fertilizantes pelo local, com o “frete retorno” reduzindo custos praticados na exportação de grãos, notou a Conab.
Já a exportação de soja por Santos, o principal porto do Brasil, caiu de 30,56 milhões de toneladas em 2023 para 27,96 milhões de toneladas no ano passado. Os embarques da oleaginosa via Paranaguá (PR) também recuaram para 13,7 milhões de toneladas. Em Barcarena (PA), importante canal do Arco Norte, as movimentações do produto recuaram cerca de 600 mil toneladas de um ano para o outro, a 9,7 milhões de toneladas, segundo dados do anuário.
As exportações acumuladas de soja brasileira em 2024 atingiram a marca de 98,81 milhões de toneladas, representando um decréscimo de 3% em comparação com 2023, quando superaram 100 milhões de toneladas pela primeira vez — espera-se que este recorde seja superado em 2025.
No caso do milho, todos os portos importantes registraram queda em 2024 na comparação com o ano anterior, com as exportações do cereal do Brasil somando 39,8 milhões de toneladas, redução de 28,8% em relação ao visto em 2023 principalmente pelos problemas climáticos na temporada passada.
Os embarques pelo porto de Santos caíram para 16,7 milhões de toneladas de milho, versus 21,35 milhões em 2023, enquanto houve uma redução de 3 milhões de toneladas em Itaqui, para pouco mais de 4 milhões de toneladas.
Essa queda, tanto em Santos quanto em Itaqui, aconteceu apesar de esses portos terem recebido cargas que se direcionariam à Barcarena, cujos embarques foram limitados pela seca na região Norte que dificultou a navegabilidade de algumas hidrovias importantes, notou a Conab.
Barcarena foi o segundo principal porto para o milho, com 7,86 milhões de toneladas.
Pelo Arco Norte em geral, a fatia de exportação de soja do Brasil passou de 31,7% em 2020 para 34,8% em 2024, enquanto o milho manteve sua participação ao redor de 46%, segundo a Conab.
“Essa expansão demonstra uma tendência de desconcentração do escoamento, antes muito dependente dos portos do Sul e Sudeste”, disse a Conab, que destacou também que o avanço do Arco Norte se deve a investimentos em infraestrutura, com o modal ferroviário em expansão e as hidrovias cada vez mais utilizadas na região Amazônica, além da proximidade com as novas fronteiras agrícolas, como o “Matopiba” (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia).
No caso do farelo de soja, a concentração de embarques ainda está em Santos e Paranaguá, com 46,1% e 28,2%, respectivamente, de um volume recorde de 23,13 milhões de toneladas exportado pelo Brasil em 2024.
Fertilizantes
A localização e as condições de infraestrutura nos portos do Arco Norte e, particularmente, em Itaqui, contribuem para que o fluxo de importações de fertilizantes se intensifique naquela direção, disse a Conab.
No período de 2020 a 2024 foi alcançado um crescimento nas importações de fertilizantes pelo Arco Norte de 86,9%, contra 5,8% observado em Paranaguá — o maior porto de entrada do insumo no país, individualmente.
A Conab citou que o frete de retorno reduz os custos praticados na exportação.
“No caso de Itaqui, cabe salientar que a finalização da pera ferroviária construída na Ferrovia Norte Sul, pela VLI, dinamizou o processo logístico regional, permitindo o embarque de grãos para exportação e o desembarque de fertilizantes, por esse importante modal de transporte”, relatou a Conab.