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quinta-feira, junho 19, 2025

Quem pode governar o Irã se o regime dos aiatolás cair?

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Na última sexta-feira (13), quando Israel iniciou sua onda de ataques contra instalações militares e nucleares do Irã, o premiê israelense, Benjamin Netanyahu, divulgou um vídeo no qual convocou a população iraniana a derrubar o governo fundamentalista xiita, que comanda o país desde a Revolução Islâmica de 1979.

“O regime não sabe o que lhe aconteceu nem o que lhe acontecerá. Nunca esteve tão fraco. Esta é a sua oportunidade de se levantar e fazer ouvir a sua voz”, afirmou Netanyahu.

Como toda ditadura, o Irã só permite a atuação de políticos subservientes ao regime e cala as vozes realmente discordantes, por meio de execuções, prisões (caso de Narges Mohammadi, Nobel da Paz em 2023) e do exílio – destino de muitos dos “candidatos” a assumir a gestão do país caso a teocracia iraniana realmente chegue ao fim.

Confira os perfis de alguns desses possíveis substitutos:

Reza Pahlavi

Reza Pahlavi é filho do xá Mohammad Reza Pahlavi, o último monarca do Irã, derrubado pelos radicais xiitas em 1979.

O príncipe herdeiro de 64 anos alterna residência entre os Estados Unidos e a França, e desde que os ataques de Israel tiveram início na semana passada, vem reforçando as mensagens pedindo a queda do atual regime iraniano.

“A República Islâmica chegou ao fim e está caindo aos pedaços”, afirmou Pahlavi em um vídeo publicado no X na terça-feira (17).

“Só falta uma revolta total para pôr fim, para sempre, a este pesadelo coletivo”, disse o príncipe herdeiro.

“Não se preocupem com o dia seguinte à queda da República Islâmica. O Irã não entrará em um período de instabilidade ou guerra civil”, garantiu Pahlavi, que alegou ter um plano para os primeiros “cem dias após a queda, para o período de transição e para o estabelecimento de um governo nacional e democrático”.

MEK

O Mujahideen-e Khalq (MEK) é um grupo iraniano de origem esquerdista exilado na Albânia que era contrário ao regime do xá, mas que também se opõe à República Islâmica.

Deixou de ser um grupo armado em 2003, mas é malvisto no Irã por ter se aliado ao ex-ditador Saddam Hussein durante a guerra do Iraque contra os iranianos (1980–1988).

Figuras ligadas ao presidente americano, Donald Trump, como Mike Pompeo, Rudy Giuliani e outros altos funcionários da Casa Branca do seu primeiro mandato (2017-2021), compareceram a eventos do MEK e manifestaram apoio ao grupo.

“No final, o povo iraniano terá uma república secular, democrática e não nuclear. Rezo para que esse dia chegue logo”, disse Pompeo, secretário de Estado na primeira gestão Trump, durante uma visita à sede do grupo na Albânia em 2022.

Na ocasião, ele chegou a chamar Maryam Rajavi de “presidente eleita do Irã” – Rajavi é líder do Conselho Nacional de Resistência do Irã (CNRI), um grupo oposicionista considerado uma fachada do MEK.

Nesta quarta-feira (18), Rajavi disse a um grupo de parlamentares europeus que é necessária uma “mudança de regime” no seu país, que seja “liderada pelo povo do Irã e pela resistência organizada” e não “imposta de cima”.

“Não queremos dinheiro nem armas; o que sempre quisemos foi resistir, assim como os europeus fizeram contra o fascismo”, afirmou, segundo informações da Agência EFE.

Afshin Ellian

Afshin Ellian é um professor de direito, filósofo e poeta iraniano que mora na Holanda desde 1989 como refugiado político. Ele é pai de Ulysse Ellian, parlamentar holandês que também é crítico do regime do Irã.

“De fato, os comandantes da Guarda Revolucionária Iraniana, que foram para o inferno ontem à noite, foram os assassinos de iranianos, incluindo essas corajosas mulheres durante os protestos do movimento Mulheres, Vida, Liberdade. Sem piedade para os comandantes da Guarda Revolucionária”, escreveu Afshin no X após os primeiros ataques de Israel terem visado a cúpula militar iraniana.

“Levante-se, povo iraniano, e acabe com este sistema anti-iraniano antes que seja tarde demais”, acrescentou.

Saeed Bashirtash

Saeed Bashirtash é um dentista e ativista político iraniano exilado na Bélgica, onde milita em nome do Partido da Nação Iraniana, uma legenda de oposição declarada ilegal no Irã e que foi fundada por Dariush Forouhar, amigo de Bashirtash morto em 1998, numa onda de desaparecimentos e assassinatos de intelectuais iranianos.

“Após os ataques da noite passada, o regime está mais do que nunca à beira do colapso. Mas o golpe final para derrubar a República Islâmica deve ser dado pelo povo iraniano”, disse Bashirtash no X após os primeiros ataques de Israel.

“O regime de ocupação islâmico está mais fraco do que nunca. Chegou a hora de derrubar o regime”, afirmou.

Alguém próximo de Khamenei?

Analistas apontam que, por melhor que seja a inteligência de Israel, dificilmente esta teria conseguido sozinha tantas informações precisas sobre a localização de altos oficiais das forças do Irã – indicando que há figuras insatisfeitas dentro da teocracia do líder supremo Ali Khamenei, dispostas a derrubá-lo.

“É claro que o Mossad e o comando cibernético israelense de segurança nacional, a Unidade 8200, são muito bons no que fazem. Mas se você quiser saber o verdadeiro segredo deles, assista à série ‘Teerã’, na Apple TV+”, escreveu num artigo Thomas Friedman, colunista do The New York Times.

“Ela ficcionaliza o trabalho de uma agente israelense do Mossad em Teerã. O que você aprende com essa série, que também é verdade na vida real, é quantos oficiais iranianos estão dispostos a trabalhar para Israel por odiarem seu próprio governo. Isso claramente torna relativamente fácil para Israel recrutar agentes do governo e das forças armadas iranianas nos mais altos escalões”, argumentou.

[Fonte Original]

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