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terça-feira, julho 1, 2025

Circle e Tether enfrentarão em breve milhares de concorrentes em stablecoins? Improvável, diz Moody’s

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No início deste mês, o Senado dos Estados Unidos aprovou um projeto de lei histórico para legalizar formalmente a emissão de stablecoins no país — uma legislação que, segundo os envolvidos, assim que sancionada, vai liberar o potencial dos pagamentos instantâneos via blockchain em todos os setores da economia americana.

Líderes do setor cripto preveem que, uma vez que o governo federal dê sinal verde, centenas — ou até milhares — de stablecoins poderão inundar o mercado, desafiando o domínio das gigantes Tether (USDT) e Circle (USDC).

Mas nem todos compartilham desse otimismo. Analistas da Moody’s, uma das principais agências de classificação de risco do mundo, afirmam que o atual entusiasmo em torno das stablecoins pode estar significativamente superestimado — e que, mesmo que a legislação avance nos EUA, há inúmeros obstáculos para a adoção generalizada desses ativos.

“Não acho que veremos uma enxurrada de novos emissores”, disse Cristiano Ventricelli, analista sênior da Moody’s especializado em ativos digitais, ao site Decrypt. “Não podemos esquecer que emitir stablecoins é uma coisa, mas ter um modelo de negócios viável para elas é outra.”

O motivo da cautela? Está diretamente ligado a quem os defensores acreditam que adotará as stablecoins — e por quê. Dois setores frequentemente mencionados são o das finanças institucionais e o do varejo de grande escala. Segundo a tese, grandes bancos correriam para criar suas próprias stablecoins para realizar pagamentos transfronteiriços instantaneamente, enquanto grandes varejistas criariam seus próprios tokens atrelados ao dólar para evitar taxas elevadas de processamento de pagamento.

Ambos os casos de uso, no entanto, enfrentam grandes desafios, segundo Ventricelli.

No caso dos grandes bancos, é verdade que eles poderiam criar suas próprias stablecoins para agilizar pagamentos. Mas lançar uma nova moeda atrelada ao dólar e respaldada por reservas fiduciárias auditadas seria um processo demorado e caro — algo que poderia ser resolvido de forma mais simples com o lançamento de depósitos bancários tokenizados (como os que foram recentemente lançados pelo J.P. Morgan e cogitados pelo HSBC e Deutsche Bank).

“Você realmente precisa de uma stablecoin para isso?”, questionou Ventricelli, referindo-se aos bancos que buscam tornar as transferências de pagamento mais eficientes. “Ou existem outras soluções?”

Já no setor varejista, a situação se complica ainda mais. Embora empresas como Amazon e Walmart estejam supostamente estudando o lançamento de seus próprios tokens, Ventricelli não está certo de que esses planos de fato se concretizarão.

Se grandes varejistas acabarem lançando stablecoins para controlar suas próprias redes de pagamento, os consumidores ficariam com tokens demais em mãos — cada um provavelmente funcionando como um vale dentro de sistemas fechados, explicou o analista da Moody’s. Uma stablecoin para comprar café na Starbucks. Outra para fazer compras no Walmart. Mais uma para comprar online na Amazon.

A situação se tornaria rapidamente insustentável, disse Ventricelli — especialmente considerando que, para trocar uma stablecoin por outra, seriam necessários pools de liquidez robustos para cada possível par de tokens. Isso remete ao universo das finanças descentralizadas (DeFi), onde incentivos lucrativos ajudam a formar esses pools de liquidez entre pares de tokens cripto.

“Se você quer trocar um ativo por outro, precisa de um mercado profundo”, afirmou Ventricelli. “Podemos realmente imaginar um mercado profundo onde seja possível trocar a stablecoin da Amazon pela stablecoin do Walmart? Talvez sim, talvez não.”

Se tais pools de liquidez não surgirem, a situação se tornará ainda mais complexa.

“Eu preciso converter a stablecoin da Amazon em moeda fiduciária, e depois usar essa moeda para comprar a stablecoin do Walmart”, disse Ventricelli. “É difícil afirmar que estamos resolvendo um problema do mundo real dessa forma.”

Nas últimas semanas, provavelmente motivados pela possível aprovação iminente da legislação sobre stablecoins nos Estados Unidos, grandes players ao redor do mundo começaram a explorar a emissão de seus próprios tokens atrelados a moedas fiduciárias. Mas curiosidade e comprometimento são coisas bem diferentes.

“O fato de agora ser possível fazer algo não significa necessariamente que todos vão correr para fazer”, concluiu Ventricelli. “É isso que ouvimos da mídia, mas não é necessariamente assim que pensamos sobre o assunto.”

* Traduzido e editado com autorização do Decrypt



[Fonte Original]

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