Nanotecnologia
Com informações da Universidade de Jyvaskyla – 05/06/2025
Uma ilustração gerada por IA da emissão de prótons. Um próton é ejetado de um núcleo de ástato.
[Imagem: University of Jyväskylä]
Decaimento por emissão de prótons
Físicos descobriram um átomo superpesado decaindo por emissão de prótons – o avanço anterior na área havia sido alcançado há mais de 30 anos, em 1996.
O decaimento radioativo de núcleos atômicos tem sido um dos pilares da física nuclear desde o início desta área de pesquisas, mas aqui o que está envolvido é um núcleo pesado decaindo por emissão de prótons, em que um único próton é ejetado para fora do núcleo – isso é bem diferente dos decaimentos radioativos alfa (emissão de um núcleo de hélio, 2 prótons + 2 nêutrons) e beta (um próton se transforma em nêutron ou vice-versa, com emissão de um elétron ou pósitron).
“A emissão de prótons é uma forma rara de decaimento radioativo, na qual o núcleo emite um próton para dar um passo em direção à estabilidade,” conta a pesquisadora Henna Kokkonen, da Universidade de Jyvaskyla, na Finlândia.
O experimento envolveu o estudo do núcleo do ástato, ou astatínio, o elemento químico de número atômico 85. Mais especificamente, os pesquisadores trabalharam com o isótopo mais leve conhecido desse elemento, o 188At, composto por 85 prótons e 103 nêutrons.
Núcleos exóticos desse tipo são extremamente difíceis de estudar devido ao seu curto tempo de vida e baixas seções de choque de produção, sendo necessário a cada avanço desenvolver técnicas ainda mais precisas – a seção de choque é uma medida da probabilidade de uma determinada reação ocorrer quando partículas colidem; uma “baixa seção de choque de produção” significa que a probabilidade de criar esses núcleos exóticos em um experimento é muito pequena.
“O núcleo foi produzido em uma reação de fusão-evaporação pela irradiação de um alvo de prata natural com um feixe de íons 84Sr,” contou o professor Kalle Auranen.

O estudo faz parte da tese de doutorado de Kokkonen e é uma continuação de sua dissertação de mestrado, na qual ela descobriu um novo tipo de núcleo atômico, o 190At.
[Imagem: University of Jyväskylä]
Núcleo em forma de melancia
Além dos resultados experimentais, o estudo exigiu que a equipe expandisse o modelo teórico para interpretar os dados medidos. Por meio do modelo, o núcleo pode ser interpretado como fortemente prolato, ou seja, com uma forma parecida com uma melancia.
A mesma equipe recentemente demonstrou a existência de três formatos diferentes do núcleo atômico, sendo elas esférica, oblata (achatada nos polos, como a Terra) e prolata (forma oblonga, ou alongada como uma melancia).
“As propriedades do núcleo sugerem uma mudança de tendência na energia de ligação do próton de valência,” afirmou Kokkonen. “Isso é possivelmente explicado por uma interação sem precedentes em núcleos pesados.”
Artigo: New proton emitter 188At implies an interaction unprecedented in heavy nuclei
Autores: Henna Kokkonen, Kalle Auranen, Pooja Siwach, Paramasivan Arumugam, Andrew D. Briscoe, Sarah Eeckhaudt, Lidia S. Ferreira, Tuomas Grahn, Paul T. Greenlees, Pete Jones, Rauno Julin, Sakari Juutinen, Matti Leino, Ari-Pekka Leppänen, Enrico Maglione, Markus Nyman, Robert D. Page, Janne Pakarinen, Panu Rahkila, Jan Sarén, Catherine Scholey, Juha Sorri, Juha Uusitalo, Martin Venhart
Revista: Nature Communications
Vol.: 16, Article number: 4985
DOI: 10.1038/s41467-025-60259-6
Artigo: Properties of the new a–decaying isotope 190At
Autores: H. Kokkonen, K. Auranen, J. Uusitalo, S. Eeckhaudt, T. Grahn, P. T. Greenlees, P. Jones, R. Julin, S. Juutinen, M. Leino, A.-P. Leppänen, M. Nyman, J. Pakarinen, P. Rahkila, J. Sarén, C. Scholey, J. Sorri, M. Venhart
Revista: Physical Review C
Vol.: 107, 064312
DOI: 10.1103/PhysRevC.107.064312
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