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quarta-feira, junho 11, 2025

A quatro meses da COP 30, 71% dos brasileiros não sabem o que é o evento, mostra pesquisa

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Principal conferência sobre mudanças climáticas do mundo e pela primeira vez sediada no Brasil, a COP 30 ainda não é conhecida pela maioria dos brasileiros. Segundo a pesquisa “Protagonismo do Brasil na COP30 – Brazil Forum UK”, 71% da população não sabe o que é o evento. O levantamento, que ouviu 1.502 pessoas das cinco regiões do país, também mostra que a pauta ambiental é considerada pouco relevante na hora do voto em eleições e que o governo federal é visto como “principal vilão do meio ambiente”, na opinião dos entrevistados.

A pesquisa, realizada pelo Ideia Instituo de Pesquisa e pelo instituto LaClima, tratou de meio ambiente sob diversos pontos de vista, desde a percepção da população sobre responsabilidade individual no problema até a relação com política. Os resultados serão divulgados no evento Brazil UK Forum, na Universidade de Oxford, no próximo dia 14.

Em relação à COP 30, que será realizada em Belém (PA), em novembro, a pergunta foi feita de forma direta: “Sabe o que é COP 30?”. A resposta foi negativa para 71% dos entrevistados. Apenas 29% disseram que sim.

Para Cila Schulman, CEO do Ideia Instituto de Pesquisa, o dado revela um “distanciamento entre os grandes eventos climáticos e a população em geral.”

— A sigla, apesar de muito usada em ambientes técnicos e diplomáticos, ainda não faz parte do vocabulário cotidiano da maioria das pessoas. Ou seja, o evento é relevante, mas ainda não foi traduzido em termos acessíveis ao público — avalia Schulman, que disse que falta ambição política e comunicação estratégica para o país liderar a agenda climática. — A COP30 é uma vitrine poderosa, mas ela só fará sentido para a população se for conectada a experiências concretas. A população quer saber como isso afeta sua vida agora, não só no discurso internacional.

Curiosamente, nas perguntas seguintes, os entrevistados demonstraram conhecimento sobre a COP: 78% disse que sabia onde o evento seria realizado, e 72% respondeu que sim sobre a COP 30 ter impacto na luta contra as mudanças climáticas. Para Schulman, uma hipótese provável é que os entrevistados fizeram “associações com notícias esparsas ou campanhas” que mencionassem palavras chaves sobre a COP, ao longo da pesquisa.

— Não se trata necessariamente de lembrança verdadeira, mas de um processo de dedução a partir do contexto da entrevista. Isso reforça a necessidade de campanhas mais claras e pedagógicas, que expliquem não só o que é a COP 30 mas por que ela importa para a vida das pessoas — disse a CEO.

Já Flávia Bellaguarda, diretora-presidente do instituto LaClima, avalia ser “um bom sinal que muitas pessoas sabem que a COP será no Brasil, mesmo que parte não tenha a compreensão sobre o que isso significa”.

— O resultado mostra que os jornais, rádios, TVs estão abordando esse tema quase que diariamente e naturalmente as pessoas estão replicando. É importante a mídia sempre abordar a COP, trazendo uma breve explicação sobre o que ela significa. Uma COP com participação popular é fundamental para que agendas necessárias, como a agenda de adaptação, ganhem ainda mais relevância política — aponta Bellaguarda.

Tem consciência ambiental, mas ainda não tem urgência política

Para Cila Schulman, a pesquisa revelou, como resultado principal, que o “Brasil tem consciência ambiental, mas ainda não tem urgência política”. Isso se traduz em parte dos resultados. Para 52% dos entrevistados, a sociedade está mais consciente sobre a importância do meio ambiente em comparação há 20 anos. E para 66%, a degradação ambiental afeta a sua vida econômica. E 58% respondeu que aumenta a chance de se votar em um candidato se ele tiver o meio ambiente como pauta.

Por outro lado, o meio ambiente foi apenas o 7º tópico mais relevante para definição de voto, atrás de combate à corrupção, saúde, educação, economia, segurança, e combate à fome.

— O Brasil tem consciência ambiental, mas ainda não tem urgência política. Essa é a principal encruzilhada revelada pela pesquisa, e a principal oportunidade para lideranças que souberem ocupar esse espaço com credibilidade, linguagem acessível e visão de futuro — disse Schuman.

Para Bellaguarda, se faz necessária uma mudança de olhar e interpretação sobre a pauta meio ambiente, pois ela deve ser transversal a toda uma estrutura de sociedade:

— Parece óbvio, mas sem ar puro, água potável e solo fértil, todo o sistema colapsa. As consequências da mudança climática estão escancarando o fato de que o governo não está pronto para agir. A enchente do Rio Grande do Sul, as secas no Rio Amazonas são exemplos claros da ineficiência e da falta de ação. Desde uma agenda de adaptação à gestão de risco em situações de perdas e danos — ressalta.

A polarização política também se evidenciou na pesquisa, destaca a CEO do Ideia. O governo federal, que vem abraçando o tema ambiental como uma pauta prioritária, foi considerado o “principal vilão do meio ambiente no Brasil” (para 40% dos entrevistados), superando até mesmo o setor industrial (30% das respostas). E apenas 29% respondeu que o Brasil “está agindo para solucionar as crises climáticas no país”, contra 49% de respostas negativas. A pergunta “O governo brasileiro está comprometido com a proteção do meio ambiente?” trouxe a maior divisão: 41% disse sim e 40% disse não.

— ⁠O meio ambiente é uma pauta altamente polarizada e, por isso, difícil de traduzir em ganho político. Um exemplo claro foi a Alemanha, onde o governo enfrentou forte rejeição ao tentar proibir aquecedores a gás em favor de sistemas sustentáveis. A medida, embora alinhada à agenda climática, teve alto custo político e afetou a popularidade da coalizão governista, especialmente dos Verdes. Mesmo quando bem intencionadas, políticas ambientais precisam considerar os impactos sociais para não gerar reação negativa — ⁠explicou Cila Schulman.

Principais resultados da pesquisa

“(Sabe) Em qual país será realizada a COP 30?”

“COP 30 tem impacto na luta contra as mudanças climáticas?”

“Governo brasileiro está comprometido com a proteção do meio ambiente?”

“Brasil está agindo para solucionar as crises climáticas no país? “

“Principais vilões do meio ambiente no Brasil”

  • 40% governo federal
  • 30% setor industrial
  • 23% prefeituras
  • 22% sociedade civil
  • 20% governos estaduais

“Degradação do meio ambiente e impacto na sua vida financeira”

“Principal impacto da degradação do meio ambiente em suas finanças “

  • 38% aumenta preço dos alimentos
  • 29% aumento das tarifas de itens essenciais, como energia elétrica e água

“Países ricos e grandes empresas devem ser mais cobrados do que países pobres sobre os cuidados com o meio ambiente”

[Fonte Original]

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