O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é visto como “principal responsável” pelo desvio de dinheiro no INSS por aproximadamente um terço (31%) da população — índice quatro vezes maior do que o da gestão de Jair Bolsonaro (PL), que teve 8%. É o que mostra a nova rodada da pesquisa Genial/Quaest, divulgada nesta quarta-feira.
Para 14% da população, o próprio INSS é o principal responsável pelo desvio. As “entidades que fraudaram a assinatura dos aposentados” e o governo Bolsonaro atraíram 8% das respostas, cada. Já 1% afirmou que foram os “aposentados que não conferiram os descontos antes” os principais responsáveis pelo episódio. A Quaest mostra que 12% responderam que o principal responsável pelo desvio seriam “outros”. Já 26% não sabiam ou não responderam.
Segundo o estudo, 82% dos brasileiros ficaram sabendo do escândalo na autarquia vinculada ao Ministério da Previdência Social, contra 18% que não ouviram falar sobre o episódio.
Os pesquisadores também questionaram qual deveria ser a prioridade do governo Lula para lidar com a situação. Para 52% dos entrevistados, a gestão petista precisa “devolver o dinheiro desviado apenas com os recursos que forem bloqueados das entidades investigadas”. Por outro lado, 41% responderam que o Planalto deve “devolver o dinheiro desviado dos aposentados, mesmo que tenha de usar recursos públicos”. Outros 7% não sabem ou não responderam.
A Quaest entrevistou pessoalmente 2.004 pessoas entre os dias 29 de maio e 1 de junho. A margem de erro é de 2 pontos percentuais e o nível de confiança é de 95%.
Metade da população (50%) afirmou ser “importante” que o Legislativo abra uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do INSS”. Já 43% dos entrevistados disseram que a investigação da Polícia Federal é “suficiente” e a oposição “só quer desgastar o governo”. Outros 7% não sabem ou não responderam.
Como mostrou o GLOBO, sondagens feitas pelo Palácio do Planalto indicavam que a crise envolvendo os desvios nas aposentadorias interromperia a tentativa de recuperação da aprovação de Lula. Agora, a CPI deslocará parte da atenção da articulação política e do núcleo duro do governo em um momento em que o Planalto precisa acelerar o passo na aprovação de projetos — o semestre legislativo até agora mostrou pouco avanço para a agenda de Lula.
O entendimento da necessidade da abertura da CPI é 20 pontos percentual maior entre os que votaram em Bolsonaro em 2022 do que entre os que apoiaram Lula.
A Quaest também questionou se a população ficou sabendo sobre as mudanças no Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), anunciadas pelo Ministério da Fazenda no mês passado. A maioria da população (58%) respondeu que não, enquanto 39% disse ter tomado conhecimento sobre o tema. Outros 3% não sabem ou não responderam.
Para 41% da população, a decisão do governo Lula de voltar atrás com o aumento do IOF para aplicações de investimento em fundos foi acertada. Já 36% discordam, e 23% não sabem ou não responderam.
Os pesquisadores também questionaram a opinião da população sobre a decisão de manter o aumento do IOF para a compra de dólar para pessoas físicas e remessas de dinheiro para contas no exterior. Nesse caso, metade da população (50%) entende que Lula errou na escolha. Para 28%, o movimento foi acertado. Outros 22% não souberam ou não responderam.